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UNIVERSIDADES
Gasto reduzido, EAD e demissões, mas mensalidades a todo vapor: privadas lucram na pandemia
Fabricio Pena - estudante de sociais da UFRGS
Ana Carolina Silva

Mensalidades a todo vapor nas universidades privadas, enquanto demitem funcionários, reduzem custos e lucram. Preocupadas com seus lucros, as universidades privadas do Rio Grande do Sul impõem aulas EAD de forma muito precária, sem qualquer preocupação com aqueles que não tem condições de acessar aulas neste formato.

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Um questionário impulsionado pelo Comitê Esquerda Diário RS circulou por algumas universidades privadas do país, no qual vários estudantes relataram a realidade em suas instituições de ensino privadas. A sede de lucro dessas empresas da educação, mesmo durante a pandemia do coronavírus, faz com que imponham um sistema precário e excludente.

A realidade é que vários custos já foram reduzidos, na manutenção dos espaços em comum, por exemplo. Os lucros intocáveis destas instituições são defendidos por reacionários como Bolsonaro, que aprovou a MP 927 e 936, permitindo demissões e redução salarial em meio à pandemia do coronavírus. Fazendo, assim, com que a crise seja paga pelos trabalhadores e estudantes.

Ainda é possível responder o questionário e nos ajudar a ter uma visão ainda mais ampla do impacto do EAD nas universidades privadas. Participe e compartilhe.

As universidades citadas foram: Estácio de Sá, Imed (campus Passo Fundo), PUCRS, UCS, UniRitter, La Salle, Universidade de Passo Fundo, ULBRA (Universidade Luterana do Brasil), UNISC (Universidade de Santa Cruz do Sul).

Todas as universidades citadas seguem cobrando normalmente a mensalidade. Com o fim das aulas presenciais as universidades que não estão utilizando seus espaços para pesquisa reduzem custos. Entretanto, esta redução em nada impacta nas mensalidades.

De acordo com os relatos, o aproveitamento das aulas é baixíssimo. Muitos alunos não tem uma internet boa ou os equipamentos necessários para acessar chamadas de vídeo. Além de tudo isso, o que é pior, os casos de COVID-19 não param de subir no país, assim como o número de mortos. Como ter saúde mental para acompanhar aulas EAD com algum familiar em estado grave ou mesmo depois da perda de alguém?

Mesmo assim, terão que seguir pagando mensalidade, caso não queiram perder o semestre. Tudo isso mostra, mais uma vez, que a sede de lucro dos tubarões do ensino está acima da vida dos estudantes e trabalhadores.

Temos que considerar, aqui, uma diferença entre as universidades. A UPF, citada no questionário, entra na categoria de Universidade Comunitária, parte da sua ação hoje é voltada para a criação de protótipos de respiradores. PUC e UniRitter, por exemplo, fazem parte de grandes monopólios da educação, perto de seu poder, suas ações são insignificantes. Dentro destas universidades atuam milhares de empresas privadas de vários ramos, todas preocupadas, principalmente, com seus lucros. Ainda assim, há de ser questionado qual é o auxílio que todas essas universidades estão fazendo para aqueles alunos que não estão em condições de pagarem suas mensalidades. Esses alunos irão se endividar na tentativa de pagar suas mensalidades em dia? Ou acumularão contas que sofrerão para pagar adiante quando as coisas retornarem ao normal?

Pelo menos metade dos entrevistados alega que as instituições cobram algum tipo de presença. Ou seja, caso não preencham os requisitos da presença, estes estudantes perderão o semestre. É a realidade de muitos bolsistas que já tem uma renda menor, em meio a pandemia, tende a se agravar. Muitos outros também, dependem de auxílios dados pelas universidades que muitas vezes , atrasam o pagamento dessas concessões, fazendo com que se torne, para esses indivíduos, cada vez mais difícil viver em meio a essa pandemia.

É importante também considerar que os indivíduos têm diferentes métodos de aprendizagem e que muitos acabam com dificuldades na compreensão dos conteúdos EAD, por isso questionamos: que auxílio essas instituições dão para esses alunos? E aqueles que não conseguem compreender o funcionamento das plataformas, muitas vezes alunos que recentemente conquistaram acesso à tecnologias, alunos de idade mais avançada e alunos que moram em cidades interioranas, estão recebendo ajuda para a utilização dessas?

Com o fim das aulas presenciais, o sistema avaliativo também fica prejudicado. Os alunos que não conseguirem acessar as atividades avaliativas, conseguirão recuperar essas notas? Ou serão penalizados injustamente com a reprovação no semestre?

Além disso, o trancamento do semestre não é viável para aqueles que desejam manter a qualidade do ensino presencial pois esse implicaria em uma queda no ordenamento e um consequente prejuízo futuro na escolha de cadeiras, o que, para aqueles que trabalham ou realizam outras atividades em algum turno, é extremamente preocupante.

Veja algumas das denúncias enviadas por estudantes no questionário:

A PUCRS não reduziu em nada a mensalidade, algo que considero um ABSURDO visto que eles não estão tendo gastos com estrutura e segurança por exemplo e, visto isso, devem estar lucrando com a situação. A faculdade mandou uma nota oferecendo diálogo e possibilidades apenas a quem está com dificuldade financeira pois dizem estar com "custos extras" durante a pandemia... tudo indica que estão na verdade se aproveitando da situação enquanto nós, alunos, pagamos por aulas EAD que não tem agradado grande parte dos estudantes além do curso do direito pelo que venho conversando com a turma e alunos da PUCRS de outros cursos.

O aproveitamento está sendo baixo e a mensalidade continua o mesmo valor

Não consegui ter acesso a um software necessário para a aula pois não possuo computador

Odeio as plataformas ead. Pessoalmente, o semestre foi totalmente perdido e sei que muitas pessoas concordam. É muito difícil aprender em aulas ead, principalmente da forma como a Ulbra está fazendo.

Tudo isso é a prova de que o ensino não pode ser uma mercadoria. O potencial das pesquisas e produções nas universidades é muito importante, poderiam cumprir um papel decisivo no combate ao coronavírus. Enquanto impera a lógica do lucro acima das vidas, trabalhadores da saúde seguem na linha frente, arriscando suas vidas mesmo sem condições adequadas, milhares de terceirizados de setores não essenciais seguem com suas vidas ameaçadas. Por isso, é necessário estatizar toda a rede privadas de universidades, passando o controle para as mãos dos estudantes, professores e funcionários. Somente com o povo decidindo sobre os rumos do país será possível colocar a vida a frente do lucro, proibindo demissões, revertendo a produção para o necessário ao combate à pandemia.

 
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