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Colapso da rede hospitalar em Manaus poderia ter sido evitado com testes massivos
Mateus Castor
Cientista Social (USP), professor e estudante de História

Fora de Manaus, com 1.106 casos, não há nenhum leito de UTI, sendo que 169 casos já foram confirmados no interior do estado. Com a declaração do governador de que o 80% da população do estado será infectada, o já existente colapso da rede hospitalar, a falta de remédios, respiradores e profissionais da saúde, formam um cenário trágico que demonstra a incapacidade do Estado em proteger a saúde da população, em especial pobre e trabalhadora.

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O estado de Amazonas já se encontra numa situação drástica e anuncia a tragédia que pode se espalhar pelo Brasil. A postura negacionista de Bolsonaro que disse há pouco que o vírus já estava "indo embora”, ou o isolamento social sem testes massivos, defendido em diferentes proporções por Mandetta e governadores, não prepararam nenhuma medida para proteger a população pobre, trabalhadora e indígena do estado.

O estado é governado por Wilson Lima do PSC, partido conhecido por ser liderado por pastores-empresários próximos à Bolsonaro. Contudo, frente à situação agora considerada fora de controle, o governador tomou medidas de isolamento social, que não foram fortes o suficientes pela falta de condições de isolamento e proteção econômica (como a demora do auxílio de 600 reais), além da falta de testes massivos que foram descartados por todos governadores e também por Mandetta.

Com preocupante maior taxa de incidência do país (19,1 por 100 mil habitantes), cerca de triplo da média, foi onde colapsou o primeiro hospital público em razão da epidemia. Já foram 1.275 casos confirmados e 71 mortes, sendo que foram confirmadas a morte de 2 indígenas e uma idosa de mais de 80 anos que foi mandada para morrer em casa.

Mandetta prometeu a construção de um hospital de campanha com 200 leitos adaptáveis para tratamento semi-intensivo voltado à população indígena, que no AM possui a maior parcela de indígenas do país (170 mil pessoas de acordo com o Censo de 2010), contudo, não confirmou nenhuma data, mesmo com a urgência de tal hospital. O governo federal, também, através de sua diminuta distribuição de recursos financeiros do Ministério da Saúde (4 bilhões de reais), deixou Manaus, centro de casos no estado com a rede estadual hospital colapsada, receber menos que outras cidades e 20 respiradores supostamente chegaram no Sábado ao estado.

Fora de Manaus não há nenhum leito de UTIs, sendo que 169 casos já foram confirmados no interior do estado. Com a declaração do governador de que o 80% da população do estado será infectada, o já existente colapso da rede hospitalar, a falta de remédios, respiradores e profissionais da saúde, formam um cenário trágico que demonstra a incapacidade do Estado em proteger a saúde da população, em especial pobre e trabalhadora.

É necessário defender medidas que coloquem a vida dos trabalhadores, indígenas e pobres amazonenses em primeiro plano, começando pela realização de testes massivos no estado para controlar a pandemia e a unificação do sistema público e privado de saúde administrado pelos profissionais da saúde do SUS, somente assim que milhares de médicos, enfermeiras e todas profissões necessárias, tanto da rede privada e pública, de áreas ainda pouco infectadas poderão ajudar Manaus e o estado de conjunto, que recebe ainda um número insuficiente de trabalhadores da área de saúde. É preciso que esses profissionais recebam EPI’s para proteger-se e assim possam salvar vidas.

As indústrias automobilísticas no Brasil, agora paradas pela pandemia, precisam voltar toda sua produção para a fabricação de milhares de respiradores, o que só será possível através da gestão dos trabalhadores destas empresas que e não de capitalistas que só se interessam em lucrar. O mesmo vale para a indústria farmacêutica e têxtil para a produção de remédios, álcool em gel e máscaras.

O estado de Amazonas mostra-se como um cenário sombrio, em especial Manaus, do que pode espalhar-se para as outras regiões do país, já que a epidemia vem sendo mais protagonizada por gestão paliativa da crise do que por medidas efetivas de combate de “uma guerra”, como hipocritamente falam os governos capitalistas (a exceção do obscurantismo assassino de Bolsonaro), mas que continuam a negar testes massivos, e manter o SUS, tão atacado por anos, em especial pelo Teto de Gastos em 2016, sem a estrutura pessoal e material necessária para salvar vidas.

 
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