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CORONAVÍRUS
Tragédia: Primeira morte pela COVID-19 do Centro-Oeste ocorre em Luziânia (DF)
Pedro V
Maria Silva
Comitê Esquerda Diário DF/GO
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A COVID-19 fez sua primeira vítima no Centro-Oeste. Uma senhora, de 66 anos, que morava no Jardim Ingá - um bairro de Luziânia, cidade goiana que pertence ao Entorno do Distrito Federal. Ela se dirigiu inicialmente a um hospital privado, que não pode atendê-la. Depois foi a uma UPA, quando foi encaminhada para Goiânia, a capital de Goiás, onde fica o hospital de referência para os casos de COVID-19 no estado. Infelizmente, chegou morta ao hospital goiano, que fica a cerca de 200km de distância de onde ela estava. No entanto, havia um hospital mais próximo, a cerca de 50 km - em Brasília.

O chamado “Entorno” é a região que fica em volta do Distrito Federal. É um punhado de cidades que foi surgindo ou crescendo nas proximidades da capital federal em uma relação de dependência socioeconômica. Segundo a Pesquisa Metropolitana por Amostra de Domicílios (PMAD) 2017/18, em muitas cidades do Entorno mais da metade dos moradores trabalha no DF e usa suas cidades apenas como dormitório. A diferença entre os moradores dos dois locais, no entanto, é grande: enquanto a renda média no DF é de mais de 6 salários mínimos, na região goiana ela não passa de 3. Os serviços públicos no DF também são significativamente melhores do que os do Entorno: é nessa debilidade de serviço público, sobretudo na saúde pública, que entra a primeira morte por COVID-19 do Centro-Oeste. Não surpreende que tenha acontecido nesta região: a soma de serviços públicos precários, distância da capital goiana e a proximidade com Brasília - cidade que tem sido listada como um grande vetor da nova doença - constrói condições propícias para que a pandemia se espalhe da maneira mais arrasadora no local.

É do Entorno e das cidades satélites da periferia do DF que saem as terceirizadas, os atendentes de farmácia, os motoristas particulares, os motoboys de aplicativo, as caixas de supermercado, as babás, os cobradores e motoristas de ônibus. Uma população que pega duas, três conduções para chegar aos seus locais de trabalho. Em plena pandemia de COVID-19, trabalham sem proteção porque suas vidas de nada valem para seus patrões. E levam a doença para suas casas e famílias, para os amigos do bairro e para a igreja. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), limita-se a dizer que a população do Entorno "pare de ficar passeando em Brasília". Ibaneis Rocha, governador do DF, nada diz sobre a situação - como se não tivesse nenhuma responsabilidade sobre as pessoas que limpam, atendem, dirigem e sustentam a economia de serviços com o suor de seus rostos na capital do país.

O caso desta senhora, moradora do Entorno, parte do grupo de risco para COVID-19, enviada a uma viagem de 200km quando poderia ter atendimento adequado num deslocamento de 30 minutos é a cara do apartheid social que vive o Distrito Federal e região. Assim como a outra senhora, também anônima, empregada doméstica, que morreu na periferia do Rio de Janeiro mas contraiu a doença no Leblon: é uma tragédia anunciada. Diz-se que a moradora de Luziânia tinha visitado Brasília faz 10 dias. Diz-se que além de doenças crônicas, ela teve dengue - outra doença que nasce da negligência assassina dos governos no cuidados com o povo. Vivendo nessa terra de ninguém chamada Entorno, nem o governador do DF Ibaneis Rocha e nem o governador Ronaldo Caiado de Goiás se responsabilizam pela sua saúde e nem pela sua vida. Agora que estamos em uma pandemia o descaso apenas se torna mais evidente. Caso contrário, teriam uma proposta melhor para cuidar das vítimas do coronavírus na região. Uma proposta que não envolva percorrer 200 quilômetros, dentro de uma ambulância, tendo insuficiência respiratória.

Qualquer profissional de saúde diria que o atendimento adequado para um caso desse seria ir para o hospital mais próximo, independente de limites administrativos. Por isto o Esquerda Diário tem defendido insistentemente a necessidade dos trabalhadores de saúde estarem à frente do controle do sistema de saúde, para que vidas como essa possam ser salvas.

 
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