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Mali: O país com um só respirador
Redação

Ainda que não se tenha detectado nenhum caso de coronavírus em Mali, o país se prepara, como o resto da África, para uma pandemia que ainda se desconhece que efeitos pode ter no continente com altíssimos índices de pobreza.

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Quando ocorreu a primeira morte por coronavírus na África subsaariana, o diretor da Organização Mundial de Saúde (OMS) pediu que o continente “se prepare para o pior”. Esse caso ocorreu em Burkina Faso, que faz limite com Mali onde, apenas começou a propagar o vírus fora da China, reformaram um hospital abandonado para transformá-lo em um centro de quarentena com... sete leitos e um respirador.

O ministério da Saúde de Malí dispõe de apenas 600 litros de álcool em gel, 59 termômetros infravermelhos e 2 mil kits de teste. Porém, a opção do confinamento não pode ser uma alternativa cuja economia depende basicamente do setor informal.

Ainda que com uma propagação mais tardia, o coronavírus se expande atualmente também pela África, onde já foram detectados mais de 1.500 casos positivos em 43 países, onde já começaram os toques de recolher, os fechamentos de fronteiras e os confinamentos

O vírus que afeta primeiro aos ricos

Porém, as linhas de classe – em um primeiro momento – atuaram contra as elites africanas que por estudos, trabalhos, viagens e diplomacias se viram afetadas em distintos países europeus e regressaram a seus países para escapar do contágio, demasiado tarde. O ódio que despertam entre a população submetida as piores condições sanitárias, cotidianamente, se expressam nas redes sociais africanas onde as famílias ricas que se refugiam em quarentena na França ou Itália, são questionadas pelos seus privilégios e suas responsabilidades.

Como não tremer de ódio quando todo um grupo de turistas de um vôo procedente de Paris é colocado em quarentena no aeroporto da capital da Costa do Marfim, enquanto os atletas e executivos que viajavam a trabalho puderam ir diretamente para seus domicílios sem revisão?

“Em Malí renovaram um hospital abandonado para transformá-lo em um centro de confinamento com... sete leitos e um respirador.”

Quando a experiência é o único recurso

As diferenças abismais que existem entre África e Europa em matéria de recursos, contrastam com a trágica experiência que o continente africano já tem em ações sanitárias frente a pandemias e que hoje resultam na única ferramenta disponível. As lutas continentais contra a malária, o ebola, o zika e o HIV são os únicos pontos de apoio, em meio à mais absoluta carência de recursos, para encontrar soluções diante da pandemia de coronavírus.

Porém, uma curva disparada de contágios e casos graves seria impossível de atender com a infraestrutura habitual e nas condições gerais de qualidade de vida dos trabalhadores e o povo pobre. No Togo tem 4 leitos disponíveis para atender na pandemia, Kenia possui um centro com capacidade para 120 pessoas. Aproximadamente 190 milhões de pessoas na África subsaariana não dispõe de acesso a água potável. No Zimbábue ou Somália, não caiu uma gota de chuva em oito meses e as secas já tem provocado grandes ondas de fome. A falta de acesso a água potável está entre as causas principais da propagação dadiarréiasas hemorrágicas, a cólera e a febre tifoide.

Se o coronavírus se expande na África como aconteceu na China e Europa, provavelmente vamos assistir a catastróficas cifras de mortes entre a população mais jovem. Porque o sistema imunológico de mais de 26 milhões de pessoas com o HIV ou os mais de 58 milhões de meninas e meninos com desnutrição crônica se encontram debilitados e propensos a produzir quadros de alto risco.

“O ministério de Saúde de Mali dispõe de apenas 600 litros de álcool em gel, 59 termômetros infravermelhos e 2 mil kits de testes.”

O vírus e o imperialismo

Enquanto isso, os Estados imperialistas da França e Alemanha proibiram as empresas de esportar material sanitário, enquanto todos os governos europeus sem excessão anunciam planos de resgate aos grandes capitalistas, com créditos e isenções fiscais.

Tedros Adhanom Ghebreyesus, o diretor da OMS, adverte que a África deve se preparar para o pior. Porém nada indica que os imperialismos europeus e norteamericanos já prepararam ao continente, pelo contrário. Séculos de exploração imperialista semearam a miséria, as guerras fratricidas, as catástrofes “naturais” e as pandemias que assolam a uma população para quem a luta pela sobrevivência é parte do cotidiano.

Diante disso, como apontam Josefina Martinez e Giacomo Turci no Esquerda Diário Estado Espanhol: “a única saída progressiva para a crise do coronavírus pode vir da ação da classe operária não só em escala nacional, mas também internacional. E para apostar nisso, é que necessitamos desde agora levantar um programa de emergência que permita aos explorados e oprimidos não sair derrotados, dispersos e empobrecidos dessa crise, mas com uma força ativa, mais organizada e consciente de seu próprio potencial.

Artigo originalmente escrito para o La Izquerda Diario da Argentina.

 
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