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CORONAVÍRUS
A reação desses senhores desprezíveis é cruel, assassina e escancara ganância capitalista
Guilherme Costa
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Luciano Hang, Roberto Justus, Junior Durski, Alexandre Guerra… esses são alguns nomes que representam os novos empreendedores brasileiros. Suas declarações assustadoras ganharam repulsa extraordinária nas redes sociais. A preocupação desses senhores desprezíveis é menos com a vida da população do que com o “custo corona”. Leia-se “custo corona”, na verdade, como seus próprios lucros. A ideologia "empreendedora" cobra seu custo sobre as costas dos trabalhadores. Como verdadeiros parasitas da maioria da população, esses empresários dão um baile de horror que promete consequências fatais e escancaram a verdadeira face da ganância capitalista.

Junior Durski, dono da hamburgueria Madero, acha que seus hamburgueres valem mais do que a nossa vida. Esse ser vil disse que “o Brasil não pode parar, as consequências que vamos economicamente no futuro vão ser muito maiores do que as pessoas que vão morrer agora com o coronavírus (…) eu sei que nós vamos ter que chorar e vamos chorar cada uma das pessoas que vão morrer com coronavírus, mas nós não podemos por conta de 5 mil pessoas ou 7 mil pessoas que vão morrer, eu sei que é um problema, mas muito mais grave é o que já acontece no Brasil”. Lágrimas de crocodilo. Há uma regra entre os versados na língua portuguesa de que tudo o que vem antes da conjunção adversativa “mas” não vale nada. Nesse caso não é diferente. Seguir as orientações de Junior Durski certamente intensificaria a curva de infectados e levaria a morte de incontáveis pessoas. Sua hamburgueria foi avaliada em R$ 3 bi no ano passado, o suficiente para fabricar 40 milhões de testes (de custo a R$ 75) para identificar os portadores do vírus no Brasil, um enorme passo no combate ao vírus.

Roberto Justus, o socialite que queria ser o Trump brasileiro, desprezou a vida de milhares de pessoas mais velhas, mais vulneráveis aos efeitos do vírus, ao dizer que “dos que morrem, mesmo dos velhinhos, só 10% a 15% deles morrem (...) Esse isolamento vai custar muito mais caro”. Sua conta bancária vale a vida de dezenas de milhares de “velhinhos”? Sua declaração não apenas mostra o desprezo pelo mais velho, como denota total falta de conhecimento e informação ao achar que o vírus afeta apenas “velhinhos”. O que Justus diria para a mãe que, no dia em que escrevemos esse texto, perdeu seu filho de 26 anos no Rio de Janeiro por falta de diagnóstico?

O CEO do Giraffas, Alexandre Guerra, gravou um vídeo asqueroso afirmando que o “custo da quarentena” vai ser pior do que os efeitos do vírus. Ainda fez questão de dizer que estamos vivendo um “regime de guerra” e que o “inimigo invisível” é o “custo da quarentena”. Se é verdade que estamos em guerra, é verdade também que não temos apenas um inimigo – o coronavírus –, mas também outros mais visíveis, como a malta de empresários capitalistas preocupados com as cifras de suas contas bancárias. O Giraffas sozinho faturou R$ 500 milhões entre janeiro e setembro de 2019, o suficiente para garantir milhares de leitos hospitalares públicos em São Paulo, Rio de Janeiro e demais capitais onde o vírus se espalha.

O “véio da Havan” deu a declaração, talvez, mais hedionda: “Do jeito que estão as coisas eu posso ter que demitir meus 22 mil empregados e fechar o negócio. Eu não dependo da Havan, vou para o exterior, ou para a praia”. Claro, enquanto o bolsonarista vai para a praia, 22 mil trabalhadores ficam sem salários para poder sobreviver. E assim anda a generosidade capitalista desses “pequenos reis”. Só em 2019 a Havan apresentou faturamento de R$ 10,7 bi. Apenas esse montante seria suficiente para produzir 142 milhões de testes para a população brasileira.

Os quatro cavaleiros da morte representam uma fatia considerável do empresariado brasileiro – a aversão pelo mais pobre, a necessidade do lucro, a ignorância orgulhosa, o menosprezo pelo idoso, os requintes de crueldade, o cinismo típico de quem vê seus negócios ameaçados – todas características próprias da nossa elite escravocrata. Essas mesmas características que podem levar centenas de milhares à morte. Em momentos de crise, esses “pequenos reis” se veem encurralados por uma crise cujo sistema econômico que defendem se torna incapaz de solucioná-la. A sua saída, para eles, portanto, é a morte de milhares. Obviamente, estoura a corda do lado mais fraco. Os lucros desses quatros seres desprezíveis deveriam ser utilizados para fabricar máquinas respiratórias e testes em massa para toda a população. Ou contratar milhares de profissionais da saúde para garantir todo atendimento médico à população nos hospitais públicos. Construir leitos hospitalares públicos para todos. Deveria haver quebra do sigilo bancário desses senhores, confisco de seus bens e utilizar todo o montante arrecadado para o combate ao vírus. Ao mesmo tempo, todos os trabalhadores que estão desesperados com a ameaça de desemprego ou de redução salarial não podem ser punidos. É preciso proibir as demissões nesse momento e girar esforços da economia para combater o vírus, girando a indústria, os transportes, os hotéis, os trabalhadores informais, para o combate ao vírus, também de forma a não haver desemprego.

Em momentos de crise as coisas, em geral, ficam mais nítidas, mais cristalinas. Na crise, enxergamos melhor. É como se ela fosse uma corda repleta de nós falsos, toda entranhada, que quanto mais você estica, mais se revela. Assim é a sociedade capitalista e suas crises. Quanto mais se estende o coronavírus no capitalismo, mais suas entranhas macabras se revelam a olhos nus. E as declarações desses empresários são recheadas dessas entranhas. Se escancara a face cruel do capitalismo onde, por mais asquerosas essas pessoas possam parecer diante da crise, apenas expressam ideologicamente o destino que o capitalismo reserva para a maioria da população. Se nenhum banqueiro ainda deu declarações criminosas como as dos nossos senhores do varejo, é porque poupam sagazmente suas imagens. Mas não deixam de despejar a crise em nossas costas. Afinal, a classe trabalhadora tem memória e, saindo forte dessa crise, não vamos esquecer do nome de cada um desses capitalistas que colocaram nossas vidas em risco.

 
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