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Preço do petróleo em colapso, bolsas em queda
Redação

Arábia Saudita decide aumentar sua produção, dar desconto de 50% no preço para quebrar concorrentes. Enquanto isso a demanda cai fortemente devido a medidas recessivas tomadas em combate ao Corona-vírus. Bolsas abrem em forte queda. Impacto na economia brasileira será grande mas ainda não está totalmente claro.

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Petróleo e bolsas em queda em todo o mundo. O choque de preços promovido pelos sauditas se soma a uma economia mundial já golpeada pelo Coronavírus e as quarentenas sobre milhões de pessoas que agora além de paralisar regiões da China afetam todo o norte da Itália. Linhas de produção e turismo no mundo todo estão golpeados.

Ainda é muito cedo para mensurar o certeiro impacto na economia brasileira que já vem arrastando um crescimento pífio, e um imenso desemprego e crescente trabalho precário e informal. Colunistas de economia em alguns estados, especialmente no Rio de Janeiro, como Miram Leitão da Globo, alertam para o colapso nas arrecadações de royalties e risco de quebradeira de indústrias de etanol, além de dificuldades da Petrobras com suas dívidas em dólar. Rodrigo Maia aproveita o colapso para propor uma ofensiva de reformas contra os trabalhadores e o povo. Postura similar pode-se prever para Guedes e Bolsonaro.

Situação do petróleo e das bolsas pelo mundo

Domingo a noite começaram os alertas nas bolsas de futuros em todo o mundo. O preço do petróleo despencou como não acontecia desde 1991. No momento de publicação deste artigo, às 05h de Brasília, o Brent estava em US$ 33,30 (queda de 26,81%) e o West Texas Intermediate em US$ 29,85 (queda 28,19%). A negociação futura do SP500 americano, o índice bursátil que concentra as maiores empresas, parou de ser negociado pois já tinha alcançado o teto de queda de 5%.
As Bolsas que estavam abertas e operando estavam todas em forte queda. O índice Nikkei de Tóquio caia 5,07%, a bolsa de Hong Kong caia 4,42%, Shanghai exibia queda de 3,42%, e Seul na Coreia do Sul mais que que 5%. Na Europa, o FTSE100 quebrava em -8,77%, o francês CAC40 em -4,14% e o alemão DAX caia fortemente 7,52%.

As previsões para a brasileira Bovespa, com forte peso da Petrobras em sua cotação é de forte queda. Não é de se estranhar se o dólar alcançar R$5 no dia de hoje. Até sexta-feira já havia uma forte e recorde saída de capitais imperialistas do país, essa tendência deve se acelerar nessa segunda-feira.

As commodities todas entram em forte espiral, com quedas nas cotações do milho, da soja, do ferro e do cobre. O comportamento das moedas também oscila violentamente, sinal dessa instabilidade e corrida a moedas mais fortes, também afetadas pelas políticas de cortes de juros em diversos países, foi a valorização do iene japonês em relação ao dólar como não se via em vários anos. Está prevista hoje forte desvalorização da bolsa e do real brasileiro.

O choque saudita

A Arábia Saudita determinou o aumento de sua produção e redução de 50% no preço do petróleo para quebrar a concorrência. Esse país tem o menor custo de produção do mundo, devido a ter imensas reservas, em terra, e a profundidas mínimas, em alguns lugares a menos de 20metros de profundida. O país está vendendo petróleo de alta qualidade a 8 dólares o barril, procurando quebrar todos concorrentes que não tem condição de fazer o mesmo. Estima-se que o shale gas americano é inviável abaixo de US$20 o barril. O custo de produção do pre-sal, por exemplo é de cerca de US$4 o barril, não tornando-o inviável mas muitíssimo menos rentável.

A decisão saudita, que se soma a proibição do Hajji, a peregrinação anual de muçulmanos a Meca, significa um forte choque recessivo em sua economia. Porém a reacionária e autoritária monarquia aposta em gastar seus acúmulos e nas pontas do fuzis para segurar a insatisfação social, margem de manobra que ela aposta que seus concorrentes não terão. Uma medida que tem seu lado econômico, de quebrar concorrentes na indústria de petróleo, mas também contornos geopolíticos com alvos claros, entre eles seu inimigo regional, o Irã. O país persa sofre não somente uma forte queda econômica oriunda das sanções ianques como um nível de crise com o Coronavirus que só rivaliza com o chinês e italiano. A medida saudita foi tomada depois que as negociações da OPEP com a Rússia não evoluíram e não foi possível fecharem um acordo de cotas de produção para cada país.

A decisão saudita promete forte impacto em toda a indústria de petróleo no mundo. A Petrobras e outras empresas com elevada dívida em dólar terão dificuldades, com uma administração decidida em seu entreguismo, isso pode ser a deixa para avançar mais violentamente em privatizações a preço de banana para juntar trocados e abater da dívida como primeira oportunidade.

Estados e cidades dependentes de royalties terão rápido impacto em suas receitas se esta queda persistir, com luzes de alerta ascendendo em todos municípios cariocas e capixabas mais fortemente dependentes do ouro negro. O mesmo vale para países inteiros mais dependentes do petróleo como é o caso da Venezuela, da Líbia, Argélia entre outros países. Porém não somente a indústria de petróleo será impactada pela medida, o setor de etanol, terá maior dificuldade de concorrer com uma gasolina mais barata.

As respostas ao Coronavirus afetam ainda mais a economia

No domingo o governo italiano decidiu colocar em quarentena mais de 16milhões de pessoas, ninguém entra ou sai da capital econômica da Itália, Milão entre outras centenas de cidades. Voos suspensos e todas atividades paralisadas.

A decisão italiana promete novos choques a cadeias de produção no mundo todo que já estão fortemente impactadas pela interrupção chinesa do fornecimento de peças. Diversas indústrias no mundo todo, incluindo o Brasil, estão colocando trabalhadores em férias coletivas devido a falta de componentes chineses. A queda no comércio mundial também ainda precisa ser precificada.

Ainda está para se ver quais grandes empresas quebrarão como resultado das medidas tomadas em vários países, e se outros países seguirão a Itália com quarentenas. Qual escala dessa quebra e como isso pode gerar uma recessão mundial ainda é algo a ser medido.

Para se aprofundar nos impactos econômicos do Coronavirus e das medidas adotadas em seu combate leia “O coronavirus será o gatilho para uma nova recessão mundial?

Para a burguesia cada crise é uma oportunidade para ataques

Ainda é muito cedo para traçar os cenários concretos dos impactos no Brasil mas algo já pode ficar muito claro e marcado. Não há crise que a burguesia não procure explorar para aumentar os nichos para sua acumulação de capital, aumentar as possibilidades de reduzir salários e aumentar lucros.

Rodrigo Maia, presidente da Câmara, e condutor da reforma da Previdência já anunciou no seu twitter que coloca-se para articular as “reformas necessárias”.

O que seriam as reformas necessárias nessa visão? Retirar violentamente direitos dos servidores públicos com a “reforma administrativa”, atacar ainda mais os direitos trabalhistas com “carteira verde-amarela”, proposta cara a Bolsonaro, seria avançar em privatizações.

Com a força das mulheres organizar um contundente dia 18

Em meio a esta crise na economia Bolsonaro está convocando um ato reacionário dia 15. Dia 18 estão agendadas mobilizações contra o autoritarismo de Bolsonaro. É fundamental inspirar-se na imparável força que mostra o movimento de mulheres internacional, com as milhões de mulheres tomando as ruas de Santiago do Chile, Cidade do México, Paris para paralisar escolas, universidades e locais de trabalho e expressar com toda a força nas ruas uma oposição a Bolsonaro e seu autoritarismo mas também a todas reformas, conduzidas não somente pelos ultrarreacionários Bolsonaro e Guedes, mas também por Rodrigo Maia e outros golpistas que se diferenciam do presidente em diversos temas mas nunca no foco em atacar fortemente os trabalhadores e promover maior entrega do país ao imperialismo.

 
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