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8M: unir a UFMG com as educadoras em greve, contra Bolsonaro, Zema e Kalil, pelo direito ao aborto
Flavia Valle
Professora, Minas Gerais
Maré
Professora designada na rede estadual de MG

No próximo domingo, 8 de Março, temos um encontro marcado em Belo Horizonte, na Praça Raul Soares, às 8:30h. Estaremos nas ruas, para lutar contra Bolsonaro, Zema, Kalil e as reformas, ao lado das educadoras em greve e das milhares de mulheres que em todo mundo estão lutando contra o machismo, o patriarcado e o capitalismo.

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As estudantes da UFMG estiveram na linha de frente da luta contra os ataques de Bolsonaro ano passado, construímos fortíssimas paralisações e grandes atos em defesa da educação e contra cada medida autoritária desse governo. Nesse 8 de março podemos nos unificar com as educadoras em greve, com as trabalhadoras da saúde em greve e construir uma grande manifestação para lutar contra Bolsonaro, Zema, Kalil e as reformas que atacam nossos direitos.

A repressão da polícia e de Zema contra os blocos de carnaval foi uma expressão de como os capitalistas temem que nós mulheres tenhamos maior controle e liberdade sob nossos corpos e sexualidade, eles sabem que em nossa luta contra essa moral imposta pelas tradições conservadoras e reacionárias que eles defendem, podemos também questionar esse sistema apodrecido.

Estamos diante de uma nova geração de jovens mulheres, que em sua luta contra o machismo e o patriarcado também vão questionando esse sistema capitalista, no qual o 1% mais ricos são todos homens, brancos e heterossexuais, enquanto 70% da população pobre é composta por mulheres e meninas, em sua maioria negras, entre outros dados absurdos de exclusão para as mulheres, que são mais da metade da humanidade.

Vão questionando essa classe dominante, seus interesses gananciosos, e os políticos que estão a seu serviço, que querem controlar os nossos corpos e nossa sexualidade, como é a absurda campanha pela abstinência sexual proposta pela ministra Damares Alves, enquanto milhares de mulheres , sobretudo as negras, morrem todos os anos, vítimas do aborto clandestino.

Questionam esse padrão heteronormativo que impõe um limite em nossa sexualidade e em nossos corpos. Nos relacionamos com quem queremos, levantamos nossos blacks, soltamos nossos cabelos, colorimos ele da cor que queremos ou simplesmente cortamos ele bem curto.

Sabemos que a responsabilidade pela violência contra a mulher não está na roupa que vestimos ou em como nos comportamos, e lutamos contra o feminicídio e a violência contra as mulheres, que em Minas Gerais atinge patamares alarmantes.

Por isso, nesse 8 de março, estaremos nas ruas, lutando pelo direito ao aborto legal, seguro e gratuito, para que nenhuma mulher morra por aborto clandestino, contra a reacionária campanha de abstinência da Damares e Bolsonaro, defendendo educação sexual nas escolas, contra o escola sem partido nefastamente aprovado em BH e pela distribuição gratuita preservativos e métodos anticoncepcionais. Contra a violência machista que todos os anos mata milhares de mulheres.

Também será um grito em defesa da educação. Para aquelas jovens que furaram o filtro social do vestibular e conquistaram a tão sonhada vaga na universidade, nos deparamos com a precarização, a falta de permanência estudantil, os efeitos dos cortes de verbas e as consequências da política de Weintraub seguindo a risca a lógica de “precarizar para privatizar”.

Para as adolescentes que ainda estão nas escolas, as dificuldades na matrícula foi apenas um dos problemas que enfrentamos diariamente, com a falta de infraestrutura básica para o funcionamento de muitas escolas públicas em todo estado, além das tentativas de controle ideológico do conteúdo que é ensinado e aprendido, com as ações da hipócrita e reacionária extrema direita contra a inexistente "ideologia de gênero" e o "marxismo cultural". Nossa luta também é em defesa da educação pública, pela liberdade do conhecimento crítico, contra os projetos reacionários e a censura da extrema direita.

Com a força da juventude, das mulheres e negros, não esquecemos que estamos a dois anos sem resposta, queremos justiça para Marielle, e por isso desde o Centro Acadêmico de Filosofia da UFMG (CAFCA), juntamente com diversas entidades estudantis pelo país estamos impulsionando a campanha #JustiçaParaMarielle, que também será um das nossas bandeiras nesse dia.

Marcharemos juntas com as educadoras da rede municipal de BH, que saem à luta pelo direito ao piso salarial e contra as fake news de Kalil (PSD), que como a extrema direita censura o ensino e aprendizado nas escolas e ainda, não destina os 60% mínimos do Fundeb para o que é obrigatório por lei: equiparação do piso e melhorias nas condições de trabalho.

Estaremos também ao lado das educadoras em greve no Estado, uma das categorias mais femininas em todo mundo, e não por acaso uma das mais precarizadas. Enquanto isso, Zema (NOVO) dá bilhões de reais em isenções fiscais para os grandes empresários, como a Vale assassina, e se reúne com Dória buscando dicas para implementação de uma reforma da previdência tão dura quando a aprovada essa semana em São Paulo, sob bombas e muita repressão contra as professoras e os demais servidores e se reúne com Bolsonaro, buscando acelerar o processo de Regime de Recuperação Fiscal no Estado, com o objetivo de descarregar a crise nas costas dos trabalhadores, sobretudo das mulheres.

Por isso, também sairemos às ruas contra a reforma da previdência que irá nos fazer trabalhar até morrer, em condições cada vez mais precárias. Nós mulheres recebemos cerca de 28% a menos que os homens e quando analisamos a diferença entre as mulheres negras, esse dado pode chegar a 60%. Ocupamos os postos mais precários, seja nas escolas com a precarização do trabalho em todas as áreas da educação, seja nos outros cargos, sofremos com os altos índices de desemprego. A luta das professoras é uma expressão da luta de todas nós mulheres, e devemos cercá-las de solidariedade.

A crise capitalista fez emergir um potente movimento internacional de mulheres, tendo na sua linha de frente as meninas e adolescentes que não suportam mais viver em mundo marcado pela opressão patriarcal, que busca a todo momento controlar nossos corpos, nossa sexualidade e nossas vidas. Das jovens secundaristas chilenas que se enfrentam com o regime ultra neoliberal de Piñera e as heranças da ditadura de Pinochet, passando pela maré verde que levou a uma verdadeira “revolução das filhas” na Argentina pelo direito ao aborto legal, seguro e gratuito, até as valentes ferroviárias francesas na luta contra a reforma da previdência de Macron, nós mulheres estamos na linha de frente do novo ciclo internacional da luta de classes mundial. São também as mulheres, a linha de frente da luta contra o autoritarismo de Bolsonaro e a implementação das reformas neoliberais no Brasil.

Se os capitalistas e seus políticos reacionários, como Bolsonaro , Zema e Kalil, querem nos impor uma vida de miséria, para fazer com que sejamos nós mulheres aquelas que juntamente com o conjunto da classe trabalhadora e da juventude paguemos por essa crise, avançando autoritariamente contra nossos direitos conquistados, aprovando reformas neoliberais, precarizando nossas vidas e controlando nossos corpos e sexualidade, retomemos a tradição de luta dessa data histórica, para sermos milhares nas ruas, nos dias 8, 14 e 18 de março. Vem com o feminismo socialista do Pão e Rosas!

 
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