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DIREITO AO ABORTO
19F: Milhares de lenços verdes em apoio à legalização do aborto na Argentina
Sol Bajar

Com um enorme “pañuelazo” federal, que teve expressão em todo o país, milhares de pessoas, ativistas, organizações sociais, políticas, de mulheres e correntes, exigiram a aprovação do projeto elaborado já apresentado 8 vezes pela Campanha Nacional pelo Direito ao Aborto.

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Há dois anos, com mais incerteza do que certezas, mais de 3.000 jovens fundamentalmente secundaristas se reuniram na Plaza de los Congresos, na cidade de Buenos Aires, e improvisaram o primeiro “pañuelazo” [NdT: referente à manifestação dos lenços verdes pela legalização do aborto] do país.

A cor verde, que simboliza a luta pela legalização do aborto, invadia então as telas de TV e escandalizava a liderança clerical, grupos anti-direitos e governadores, forçando Mauricio Macri a habilitar o debate, depois de 13 anos anos de que o projeto fora engavetado por acordos do atual oficialismo, das diferentes variantes do PJ, como a atual oposição majoritária, da UCR e do PRO.

Ontem, dois anos depois daquele dia, que marcou um novo passo nessa luta, desafiando a derrota imposta pelo Senado Nacional, com dinossauros desses mesmos partidos votando contra e impedindo que o aborto seja lei, milhares de mulheres e correntes se encontraram novamente.

"Hoje começa um novo período de luta", disse Myriam Bregman, desde o ato, e alertou que "está sendo discutido que o projeto seja debatido no Congresso Nacional". É que, além da iniciativa apresentada em maio pela Campanha Nacional, Alberto Fernández anunciou que enviaria à Câmara dos Deputados um projeto próprio, alternativo ao que a enorme maré verde conquistou nas ruas em 2018 e perdeu nas mãos dos setores mais reacionários que habitam o parlamento.

"Estamos aqui para exigir que se trate do projeto que construímos coletivamente, contemplando todas os direitos das pessoas gestantes", agrego a deputada do PTS na Frente de Esquerda. Como enfatizou, o que é necessário não é um novo projeto, senão a imediata aprovação, sem mais atrasos nem manobras, de quem construiu nesses 15 anos o movimento que fundaram referências históricas do feminismo, como Dora Coledesky.

Como alerta Bregman, "do outro lado, a hierarquia da Igreja está organizando uma contra-marcha para rejeitar nosso direito", e não é admissível que os setores cuja história é atormentada pela morte, proclamem sem mais "a defesa da vida", quando continuam morrendo as mulheres jovens, trabalhadoras e pobres produto da clandestinidade.

Como aconteceu em outros eventos promovidos pela organização, deputados e deputadas que assinam o projeteto, representando quase todos os blocos, tanto na legislatura de Buenos Aires quanto no Congresso Nacional, participam do “pañuelazo” e retornaram para apoiar a campanha. Os votos de cada um desses partidos, sejam eles que defenderam incondicionalmente ou não ao projeto elaborado pelo movimento de mulheres, ainda são uma incógnita, embora já exista o precedente nada desejável - a excessão da Frente de Esquerda -, que todos eles contribuíram para que o projeto não se tornasse lei, como exigido pelas cúpulas das igrejas.

Com um documento que leram do palco, os membros da Campanha afirmaram que "o projeto está nas ruas", e enfatizaram que garante o direito à saúde integral de mulheres, meninas, adolescentes, dissidentes, caso contrário, a discriminação territorial será perpetuada pela condição de classe, etnia e identidade de gênero para mais da metade da população ". "Com o lenço levantado e as mãos juntas, somos milhões exigindo a aprovação deste projeto", disseram eles.

Que "o projeto está nas ruas", como aponta a Campanha, é um fato. E o dia de quarta-feira, que teve expressões em Jujuy, Mendoza, Córdoba, Salta, San Luis, Tucumán, Neuquén, Rio Negro, La Plata e centenas de outros locais, prova isso.
No entanto, é fato que a organização não se referiu, em seu discurso, à reabertura do debate que anunciou, com suas declarações da Europa, o presidente argentino, como também foi ausente qualquer referência à convocação do Conferência Episcopal, no próximo dia 8 de março, o que pode ser considerado uma verdadeira provocação às reivindicações das mulheres e das correntes.

A manifestação do 19F, sem dúvida, mostrou que a força para arrancar esse direito está na organização e na mobilização das ruas, na confiança na própria força, sem vínculos de qualquer tipo, com apontou Guadalupe Oliverio, conselheira estudantilda Faculdade de Filosofia e Letras da UBA, durante a rádio aberta promovida pelos ativistas.

Para tornar a antecipação de uma mobilização ainda mais contundente, para arrancar nosso dia de luta das garras dos clérigos, conquistar a legalização do aborto sem concessões ao obscurantismo clerical, grupos anti-direitos, senadores, funcionários e governadores que querem impedir que nosso projeto seja lei, o desafio está do nosso lado.

A demanda para que as comissões sindicais peçam uma greve efetiva na segunda-feira 9, para a Terra tremer por nossos direitos, e a demanda por uma mobilização massiva em 8 de março, em nosso dia de luta, deve ser uma mensagem que chega em todos os lugares: aos bairros, aos locais de estudo, aos locais de trabalho, aos vizinhos, amigos, familiares, aos nossos companheiros de luta, a todos aqueles que nesses anos abraçaram nossa causa. Aí está a nossa força para que seja verdadeiramente lei.

 
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