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ELEIÇÕES BOLÍVIA
MAS perde importantes zonas políticas enquanto se consolida o regime "plurinacional"
Javo Ferreira, La Paz

Nas eleições bolivianas para prefeito e governador, o MAS de Evo Morales sofre importantes derrotas nas principais cidades.

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No último 12 de outubro Evo Morales garantia seu terceiro mandato com 60%. Contudo, hoje os resultados obtidos pelo partido do governo contrastam com esse número. O MAS de Evo Morales tem perdido em importantes cidades e governos enquanto que, em outras cidades, aguardam-se os resultados finais em um segundo turno.

Uma derrota simbólica importante é o estratégico governo do Departamento de La Paz, onde o candidato de SOL.BO (partido municipal de centro, cujos militantes estiveram em aliança com o MAS em 2009), Felix Patzi, detém 51,9% dos votos, seguido da candidata Felipa Huanca do MAS que obtém 29,5%. Em terceiro lugar se encontra o partido de centro direita, Unidade Nacional (UN), com quase 9%. A este importante retrocesso do MAS é necessário acrescentar o empate virtual no governo de Chuquisaca com uma diferença entre o MAS e Chuquisaca Somos Todos (CST) de 0,3%, o que significa que haverá segundo turno com um previsível resultado de derrota do governo por parte do MAS.

Por outro lado, no Departamento do Beni, ao perder a personalidade eleitoral (ver nota LID), a Unidade Democrata (UD), partido da direita regional e autônoma, permitiu que o MAS obtivesse a primeira minoria para o governo. Esta situação conduz a um segundo turno, com um resultado previsível de vitória da direita regional.

Outro grande retrocesso foi na cidade de Tarija, onde o MAS perdeu não só a prefeitura, mas também o governo. Como se sabe, durante todo o processo constituinte, a Bolívia viveu fortes enfrentamentos e motins direitistas em Chuquisaca, Pando, Tarija, Cochabamba e Santa Cruz. Após os acordos da Assembléia Constituinte, a direita tradicional sofreu uma diminuição com a incorporação de vários de seus membros nas fileiras do MAS e o deslocamento de seus setores mais radicalizados. No entanto, hoje, essa direita se refortalece como parte do novo regime político "plurinacional".

Mas a derrota mais importante está dada na prefeitura da importante cidade El Alto, onde a candidata de centro direita, Soledad Chapetón, da UN, obtém 55,1% dos votos, seguido do ex prefeito do MAS e ex dirigente da Central Regional de Trabalhadores, Edgar Patana, com 28%; mais atrás se encontra SOL.BO com 9%.

A perda em El Alto, cidade que protagonizou uma década atrás a insurreição de outubro de 2003 e que expulsou o então presidente Gonzalo Sánchez de Lozada, é uma derrota importante, já que é considerada a cidade que sustentou com sua mobilização as mudanças institucionais e políticas que promoveu Evo Morales durantes esses anos. Sabendo apenas os primeiros resultados, o empresário e dirigente do partido UN, Samuel Doria Medina, em um discurso animado e triunfante, se referiu de forma irônica à recusa de García Linera e Morales de trabalharem com a oposição, afirmando que a cidade de El Alto e a cidade Aymara tinham "perdido o medo" e ninguém poderia dizer que não trabalha com semelhantes resultados eleitorais. É evidente um ressurgir da velha direita neoliberal na mesma cidade que a expulsou do poder, como expressou o ex dirigente indianista Felipe Quispe e protagonista claro daqueles dias: "a burguesia está voltando desde El Alto", e acrescentamos nós "graças ao MAS".

Desta forma, o MAS perde a estratégica cidade de Cochabamba em que o militante direitista José María Leyes, assassino de indígenas nos levantes de 2007, conseguiu 55% dos votos.

Frente ao retrocesso parcial do MAS na zonas políticas estratégicas, como a cidade El Alto e La Paz entre outras, como afirmou Álvaro García Linera - em seu discurso assim que soube dos resultados elitorais-, o MAS continuaria sendo a única força política nacional. García Linera ressaltou e saudou a "festa da democracia" que se viveu na Bolívia graças a sua diversidade de formas de votação (democracia representativa e democracia segundo usos e costumes dos povos indígenas) e sua pluriculturalidade, sendo por isso, um dos países "mais democráticos do mundo". Em um discurso de caráter defensivo que buscava separar o presidente e o gabinete das derrotas sofridas por alguns de seus candidatos, como Edgar Patana na cidade de El Alto, na qual fechou sua campanha, ressaltou o caráter fragmentado da oposição e a fortaleza do regime político que Evo comanda.

Neste marco, o que se consolida na Bolívia é o regime político a serviço da classe dominante, que foi posto em marcha com a nova constituição de 2008 e que hoje se fortalece ao encaminhar mecanismos de alternância entre o MAS, ator central na construção do novo regime de domínio burguês e a velha direita no comando das instituições estatais.

 
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