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Veja como foi a participação do Nossa Classe no XXI Congresso da Apeoesp
Nossa Classe - Educação
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Terminou nesse domingo o XXVI Congresso Estadual da Apeoesp “Marielle Franco”. Um congresso que em si carrega grande importância, já que se trata de uma das maiores categorias de trabalhadores do país, que vem enfrentado uma larga restruturação da rede, com ataques a educação e ao magistério, feitos por João Doria, que tenta se cacifar para ser o novo presidente do país em 2022, e Rossieli Soares, secretario de educação do estado. O Inova, Novotec, as escolas de tempo integral sem a mínima estrutura e a promessa de uma “nova carreira” para os professores, são exemplos dessas medidas autoritárias, que são impostas dos gabinetes de governo ao chão das escolas sem o menor debate.

Nas intervenções do Movimento Nossa Classe Educação defendemos que a importância desse congresso é bastante aumentada por ocorrer em meio a grande greve nacional dos petroleiros contra as mais de mil demissões de trabalhadores efetivos e terceirizados da Petrobras no Paraná e contra a privatização imposta por Bolsonaro e Paulo Guedes. Uma greve que se acaba vitoriosa pode ser combustível para trabalhadoras e trabalhadores de outras categorias, para que também se levantarem contra todas as medidas que precarizam vida. Com os professores que recorrentemente tomam a frente no enfrentamento contra o reacionário governo Bolsonaro não seria diferente. A vitória dos petroleiros pode ser uma grande injeção de animo e impulso para essa categoria de grande hegemonia social, seguindo o exemplo dos trabalhadores dos transportes franceses, que transformaram sua greve contra a reforma da previdência em uma grande trincheira da classe de conjunto.

É por isso que a delegação do Movimento Nossa Classe Educação não deixou de destacar em todas as intervenções que fez a importância que tem a greve dos petroleiros e a necessidade de cobrir de solidariedade ativa esses lutadores, que além de enfrentar a patronal e o governo, também enfrentam o cerco da mídia que busca esconder a greve e o autoritarismo do judiciário, o mesmo que pela via da Lava Jato e do STF interferiram drasticamente nos rumos do país nos últimos anos aplicando o golpe institucional de 2016. Uma solidariedade que não seja somente uma entre tantas resoluções que fiquem apenas no papel, mas que a Apeoesp, um dos maiores sindicatos do país, chame os demais sindicatos e centrais sindicais para colocar toda sua estrutura e seu peso em função de quebrar o cerco da mídia e ganhar a população para a causa dos petroleiros, mostrando que ela também é nossa, e assim ajudar os petroleiros a vencer.

Em relação as condições da educação e de trabalho dos professores em SP ficou claro não só nas falas dos professores do Nossa Classe, mas de tantos professores que participaram do congresso, a situação calamitosa das escolas e da educação, um absurdo que já não é mais segredo para ninguém. Com os novos projetos de Doria (Novotec, Inova, Escola de Tempo Integral, etc.), que como dissemos acima vem sem nenhum tipo de acordo com a categoria e os estudantes, Doria tenta ser o implementador da nova BNCC e da Reforma do Ensino Médio em SP, visando ser o candidato para cumprir esse papel nacionalmente em 2022. A mídia e o governo tentam pintar essa situação de rosa nas propagandas de TV, por isso propusemos uma campanha pública em TV, rádios, internet e milhares de cartazes pela cidade, sobre a restruturação da rede de ensino para mostrar a comunidade escolar a realidade e disputar a narrativa com o governo Doria.

Há um grande avanço das privatizações dentro das escolas, já vemos a limpeza e cozinhas inteiras sendo assumidas por empresas – inclusive deixando centenas de escola sem merenda para oferecer aos alunos durante meses. A ideia de Doria é avançar nesse projeto privatista e de terceirização da educação. Bem longe de ter como objetivo realmente formar os jovens para um mundo cada vez mais tecnológico e valorizar os professores. O que vemos na realidade é a qualidade do ensino sendo cada vez mais atacada, professores adoecendo por excesso de trabalho e com salários congelados, escolas literalmente caindo aos pedações e nossos jovens se chocando com a triste realidade do trabalho uberizado (Uber, Rappi, Ifood) para ajudar no sustento de suas famílias. Não podemos dar espaço para a privatização crescente na rede estadual de ensino. Por isso lutamos por uma educação 100% pública e gratuita.

Não há nenhum debate sobre um currículo plural e integral para os alunos, seja do ensino regular como do ensino técnico, onde aliás vemos uma grande separação. Enquanto os jovens de classes mais altas se preparam para o vestibular, nas escolas públicas vemos a propaganda de um ensino técnico que nem é realmente garantindo aos alunos. A consequência disso é a barreira que se cria com os vestibulares, que são verdadeiros filtros sociais de quem pode ou não entrar nas universidades públicas. Mas também não podemos esquecer do vexatório processo de ENEM e SISU que vimos esse ano nas mãos do obscurantista ministro da educação, brincando com a vida de milhares de estudantes. Foi uma proposta levantada pelo Nossa Classe que a Apeoesp leve como uma bandeira o fim do vestibular.

Outro ponto hierarquizado pelo Nossa Classe Educação no XXVI Congresso da Apeoesp foi a criminosa divisão feita pelo governo entre professores F, S, V, O etc. Uma verdadeira sopa de letrinhas que degrada ainda mais as condições de trabalho dos professores, que são divididos para o governo entre “verdadeiros professores”, os efetivos, e os “professores quebra galho”, os contratados e temporários. Não podemos mais aceitar essa divisão e visão do governo dos nossos colegas de trabalho que todos os dias matam dezenas de leões dentro das escolas ao lado dos professores efetivos, há anos. Não podemos aceitar que milhares de colegas nossos continuem sem os mesmos direitos apesar de cumprem as mesmas funções. Por isso defendemos com todas as letras a efetivação dos professores temporários, sem a necessidade de concurso público.

Para começarmos a discutir qualquer tipo de valorização do magistério e da educação pública é preciso levantar um programa que se confronte com o estado. Por isso nós, do Nossa Classe Educação levamos como proposta que a Apeoesp organize verdadeiramente a categoria, em casa escola, junto com a comunidade escolar, para lutar por:

• Drástica redução do número de alunos por sala de aula, com o máximo de 25 alunos por turma, melhorando o acompanhamento do professor com cada aluno, abrindo mais salas e não deixando nenhum professor sem trabalho;

• Que a jornada do professor seja de 50% sala de aula e 50% tempo de preparação e atividades pedagógicas de formação;

• Para combater a evasão escolar, que vem sendo utilizada como argumento para o governo fechar milhares de salas de aulas nos últimos anos, superlotando as que ficam, defendemos bolsa auxílio para que os alunos não precisem largar a escola para trabalhar e ajudar no sustento de casa. Também defendemos passe livre irrestrito e sem limite de viagens, para que os estudantes possam ir para as escolas, cursos e atividades culturais por toda a cidade. Assim como auxílio creche para as estudantes mães poderem continuar os estudos;

As professoras delegadas eleitas pelo Nossa Classe também apontaram diversos outros temas hierárquicos para o momento e a categoria. Entre eles a urgência de se responder quem mandou matar Marielle Franco, um assassinato brutal que é a ferida ainda aberta do golpe. Não é possível confiar na investigação dos órgãos oficiais, que podem estar metidos até o talo nesse crime, por isso defenderam uma investigação independente que garanta a punição dos culpados pela morte de Marielle.

Também teve destaca nas proposta do Nossa Classe a denuncia de que o mesmo PT que dirige a CUT e é a direção majoritária da Apeoesp, nos estados em que governa vem aplicando reformas da previdência contra seus trabalhadores, chegando a casos extremos como na Bahia, que Rui Falcão ordenou a repressão aos funcionários públicos com a tropa de choque. Não podemos aceitar a demagogia do PT, que fala em nome de uma oposição a Bolsonaro, mas cotidianamente atua contendo a luta dos trabalhadores nacionalmente e aprovando ataques onde pode, como forma de garantir a estabilidade desse novo país, pós golpe institucional. Uma das propostas é que a Apeoesp incluísse em suas resoluções do congresso, junto ao rechaço as medidas do governo Bolsonaro e Doria, o repúdio aos governadores do PT, mas também PCdoB, que levam a frente as contrarreformas em seus estados.

Por último, mas não menos importante, demos espaço em nossas intervenções com bastante destaque a discussão sobre a estrutura e organização do nosso sindicato. A Apeoesp vem sendo cada vez mais vista como um sindicato adestrado pelo governo, que não se enfrenta verdadeiramente contra os ataques, deixando os quase 200 mil professores sem perspectiva de luta e cada vez mais afastados do sindicato. Isso acontece pela burocratização da direção do sindicato, que mantem uma parcela de diretores afastados das escolas por anos a fio. São sindicalistas que não pisam mais em sala de aula e, por tanto, não podem saber com exatidão as necessidades dos alunos e professores. O Nossa Classe Educação defende mais democracia dentro do sindicato e para dar exemplo contra essa burocratização do sindicato, implementa em sua cadeira de diretor estadual a rotatividade de diretores, foi com esse prisma que defendemos rotatividade de todos os diretores e o limite de 2 mandatos para diretores da executiva. Afinal estão cumprindo funções no sindicato, partimos do princípio que todos são trabalhadores, portanto é fundamental voltarem a suas bases para que não tomem o sindicato como profissão e sim os seus ofícios.

Além disso, defendemos que toda professora e professor tenha direito a voz em todas as atividades e debates dentro do sindicato, podendo propor planos de luta e fazer criticas a atuação da direção.

Esses foram os debates que as professoras e professores do Nossa Classe Educação levaram para o XXVI Congresso da Apeoesp. Infelizmente, o sindicato ainda é dirigido por uma maioria que seguem mais preocupados com seus cargos sindicais do que com a luta dos professores, e muitas dessas propostas nem ao menos foram levadas ao plenário para votação, por uma manobra burocrática de eleger tese guia, ou seja, apenas a tese da maioria é ouvida e debatida, não dando espaço para novas ideias dentro do sindicato.

Se você gostou dessas propostas ou quer aprofundar algum debate com o nosso grupo procure o Nossa Classe e venha nos conhecer.

Em breve soltaremos um texto de balanço do congresso.

 
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