Enquanto 1000 trabalhadores da Petrobrás estão na mira da demissão, no ano que já começou com lutas e greves na saúde do RJ, MG e RN, no transporte do RS, na educação de MG, e inclusive na Casa da Moeda, justamente porque as condições de salário e trabalho destes funcionários públicos não está nada digna, Paulo Guedes reviveu hoje uma pérola da direita e extrema direita brasileira: privilegiados são os trabalhadores do funcionalismo, porque têm estabilidade no emprego e “aposentadoria generosa”.
A cena, que seria cômica se não fosse trágica, aconteceu no encerramento de um seminário sobre o Pacto Federativo na Escola Brasileira de Economia e Finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV EPGE). Ao defender as reformas administrativas que Bolsonaro quer implementar, Guedes disse “o hospedeiro está morrendo, o cara virou um parasita, o dinheiro não chega no povo e ele quer ajuste automático”, mostrando seu asqueroso populismo de direita a serviço de confundir o que ele chama de “povo”, quando na verdade seus privilégios de ex-banqueiro político, assim como dos demais políticos e juízes, são mantidos intactos e livres do seu questionamento.
"Nos Estados Unidos ficam quatro, cinco anos sem dar reajuste e quando dá todo mundo fica ’oh, muito obrigado’. Aqui o cara é obrigado a dar [reajuste] porque está carimbado e ainda leva xingamento, ovo, não pode andar de avião", disse Guedes, o banqueiro milionário.
Não é à toa que o "chicago boy" tenha adotado esse discurso no mínimo tendencioso sobre os funcionários públicos. O governo Bolsonaro tem um grande problema para resolver, que é a greve nacional dos petroleiros, que segue mesmo sob repressão do TST e da diretoria da empresa. Os petroleiros estão fazendo ações de distribuição de gás de cozinha a um preço justo para a população, em repúdio a política de preços do governo que serve aos seus planos de privatizações, e consequente piora dos serviços públicos.
Guedes quer convencer a população de que os funcionários públicos em greve pelo país são inimigos, quando estes grevistas costumam ser os primeiros a reivindicar que os governos ofereçam melhores serviços. Isto se vê claramente na greve dos trabalhadores da saúde em MG, que denunciam a precarização dos hospitais e sempre se embanderam dos direitos dos usuários nas suas ações de greve.
Cerquemos a greve dos petroleiros de solidariedade, pois estes e os demais servidores públicos em greve podem levar adiante as demandas do conjunto da população, que não pode confiar em nenhuma promessa de um governo que só tem aprovado ataques contra os mais pobres, as mulheres, negros, LGBTs, trabalhadoras e trabalhadores.
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