A demissão de cem funcionários foi motivada porque parte dos trabalhadores não se dispôs a se mudar para Gavião Peixoto (a 315 quilômetros de São Paulo), cidade em que a fabricante brasileira de aviões manterá uma de suas fábricas. A maior unidade da empresa, em São José dos Campos, será transferida para a Boeing assim que for concluída a venda de 80% da divisão de aviões comerciais da Embraer para a americana.
A privatização vem mostrando sua cara ao motivar demissões em massa na empresa: de acordo com o sindicato, apenas em dezembro, houve 300 desligamentos. São 300 famílias na rua para garantir os lucros dos empresários da Boeing.
Funcionários da empresa ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo afirmam que nem todos que foram desligados tiveram oferta para se mudar para Gavião Peixoto, onde hoje está instalada a unidade de defesa da Embraer, mostrando que a justificativa apresentada pela empresa é falsa - e já seria absurda se verdadeira, forçando os trabalhadores a escolher sua cidade ou seu emprego.
A área de aviação executiva, que está dividida entre plantas nos Estados Unidos e em São José dos Campos, terá suas atividades brasileiras concentradas em Gavião Peixoto.
A maioria das demissões de quarta-feira foi justamente de empregados do braço executivo da Embraer. Um engenheiro disse ao jornal O Estado de S. Paulo que há preocupação com novas demissões, pois parte dos profissionais têm tido pouco trabalho nos últimos meses. É fundamental toda a solidariedade aos trabalhadores da Embraer para barrar as demissões, e seu sindicato precisa organizar uma grande campanha e exigir das centrais sindicais o seu apoio total.
A Embraer está finalizando dois grandes projetos — o do cargueiro militar C-390 Millennium (antigo KC-390) e o da família de aviões comerciais E2 —, que demandaram o trabalho de milhares de engenheiros. Hoje, segundo a companhia, são cerca de 5.000 engenheiros.
"A empresa nunca havia feito demissões como essa na véspera do recesso de fim de ano", disse um funcionário.
O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, no interior paulista, fez nesta quinta-feira (19), das 5h40 às 6h20, aproximadamente, protesto na entrada do primeiro turno da Embraer, que segundo a entidade atrasou em 40 minutos o início da produção. Contudo, será necessário muito mais parar frear a patronal. Desde já colocamos o Esquerda Diário à disposição dos trabalhadores da Embraer em sua luta.
“Na fábrica, o clima é de apreensão com a proximidade das férias coletivas, marcada pela empresa para dar início ao processo de transição para a Boeing”, diz o sindicato.
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