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Da Venezuela à Bolívia: Bolsonaro como agente regional da agenda golpista ianque
Gabriel Girão

Frente à coração do golpe na Bolívia com a autoproclamação Jeanine Añez como presidenta interina da Bolívia, Bolsonaro foi um dos primeiros a reconhecer sua legitimidade. Também foi seguido por Guaidó, golpista venezuelano que andava sumido da política internacional. Trump, grande inspiração para essas duas figuras grotescas, foi além e ameaçou Venezuela e Honduras. Nesse sentido, uma luta consequente contra Bolsonaro deve ser também uma luta anti-imperialista.

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Lambe botas. Não tem adjetivo melhor para descrever o papel que o Bolsonaro tem jogado na geopolítica latino-americana durante seu primeiro ano de governo. Com seu Ministro das “Alucinações” Exteriores Ernesto Araújo, o Itamaraty poderia trocar sua sede para a Embaixada Americana que pouca diferença seria sentida.

Desde as eleições, já eram evidentes as ligações de Bolsonaro com Trump, que inclusive tiveram suas campanhas organizadas pela mesma pessoa: Steve Bannon. Desde então o Brasil teve um alinhamento inaudito a política exterior trumpista. Já em janeiro, Bolsonaro se apressou para reconhecer o autoproclamado presidente venezuelano Juan Guaidó, na sua falida tentativa de golpe. Nas eleições argentinas se proclamou claramente em apoio ao também lambe-botas americano Macri, ainda que o peronismo não represente uma força anti imperialista, como já fica evidente nas declarações do recém eleito Alberto Fernandez. Mais recentemente se posicionou contra os protestos no Equador e Chile, acusando o Foro de São Paulo de estar por trás das manifestações de as eleições na Argentina. Ainda por cima, como fato inédito na sua história recente, o Brasil se alinhou aos EUA na votação sobre o embargo cubano na ONU, votação essa em que o embargo foi condenado por 187 a 3, com apenas Brasil, EUA e Israel votando por manter.

Apesar de que durante os governos petistas o Brasil se mostrou bem disposto a prestar serviços internacionais ao imperialismo, como por exemplo nas operações de paz no Haiti, vemos aí um salto qualitativo nesse alinhamento no governo Bolsonaro. É provável que, desde a Proclamação da República, nós nunca tenhamos visto uma política externa tão alinhada ao imperialismo como assistimos esse ano com Bolsonaro.

No caso da Bolívia para além de um simples apoio, vários fatos indicam que Bolsonaro teve um papel ativo em organizar esse golpe. Como denunciado por alguns meios de comunicação bolivianos, houve vazamento de áudios ligando Bolsonaro e igrejas evangélicas à tentativa de golpe na Bolívia. Também é importante ressaltar que o líder da extrema direita boliviana, Camacho, esteve esse ano no Brasil pedindo ajuda ao governo para evitar a reeleição de Evo.

Neste sentido, Bolsonaro se torna o principal agente e articulador da política golpista americana de Trump na América do Sul. O presidente americano, no entanto, foi além: disse que “Estamos mais perto de um hemisfério completamente democrático” e ameaçou Venezuela e Honduras. O apoio de Bolsonaro a golpes não é uma surpresa ninguém, visto inclusive que o mesmo é filho do golpe constitucional de 2016 no Brasil, que também tem dedo do imperialismo americano, nesta época sob a gestão de Obama.

Bom remarcar que esse golpe se deu num momento em que o cenário político mundial estava marcado pelo retorno da luta de classes, com seu ponto mais alto na América Latina com os levantamentos no Equador e Chile. Além disso, o cenário mundial também estava marcado por vários reveses da direita como a derrota eleitoral de Macri na Argentina, e as dificuldades que enfrentam Bolsonaro e Trump. O primeiro acaba de romper com seu próprio partido e também com derrotas como a soltura de Lula. Já o segundo enfrenta um processo de impeachment.

Neste marco de derrotas parciais, a consumação do golpe na Bolívia poderia ser uma vitória para a direita regional. Entretanto, para os planos de Trump e Bolsonaro, havia uma pedra no caminho: a luta de classes. Apesar da política de Evo e da direção do MAS (seu partido) de chamar o povo a aceitar o golpe, desde domingo começou a ocorrer focos de resistência, que terça, quarta e quinta se transformaram em mobilizações massivas protagonizadas pelos indígenas, que foram o alvo preferencial da direita racista. Uma derrota dessa investida reacionária pela via da luta de classes não apenas debilitaria ainda mais a direita regional, como também o próprio imperialismo americano, abrindo espaço inclusive para questionar toda a classe capitalista boliviana, com a qual Evo se conciliou durante todo seu período de governo. Desta forma, uma luta consequente contra Bolsonaro, os ataques da extrema direita e os golpistas precisa ter um caráter anti imperialista, que lute contra o imperialismo americano e seus agentes regionais. Nesse sentido, a bandeira contra o golpe na Bolívia é uma bandeira anti-imperialista que deve ser levantada fortemente por todos os explorados e oprimidos da América Latina!

 
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