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Façamos como os chilenos
Declaração da Faísca: a juventude brasileira precisa se inspirar no Chile contra Bolsonaro
Faísca Revolucionária
@faiscarevolucionaria

Um rastilho de pólvora percorre a América Latina: a faísca da luta de classes retorna, como vimos no Equador e agora no Chile. A juventude chilena incendeia a luta da classe operária nesse país e se levanta contra os ajustes de Piñera e um regime herdeiro da ditadura militar de Pinochet. É uma potente ameaça a Bolsonaro e seus aliados no subcontinente, que tremem de medo, e um grande exemplo à juventude brasileira. Façamos como no Chile!

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Um choque de aspirações marca o retorno da luta de classes na arena internacional. As gerações que haviam crescido sob a promessa de que gradual e progressivamente suas condições de vida melhorariam, confiando nos chamados governos pós-neoliberais que foram fruto do desvio do último levante de massas na América Latina ao final da década de 90 - como Bachelet no Chile e Correa no Equador, além do petismo e kirchnerismo - agora demonstram nas ruas sua experiência com esses anseios e aqueles que tentaram capitalizá-los à direita, em meio à crise capitalista internacional.

Honduras, Haiti, Equador e Chile, para além da luta pela auto-determinação na Catalunha, retratam uma América Latina efervescente e o retorno da luta de classes no cenário internacional. Ontem houve atos massivos no Uruguai. Demonstram a força das massas quando se levantam e os desafios de encontrar uma saída independente, a partir da classe trabalhadora, contra toda demagogia burguesa. São um potente recado a Bolsonaro, que vê seus aliados na América Latina, de Macri a Piñera, derreterem diante do levante. Mesmo o “voto castigo” contra Macri e seus ajustes na Argentina se mostra como expressão eleitoral distorcida do ânimo que se desenvolve na revolta popular aguda no Chile.

Afinal, não, não apenas a vida não está melhorando, como aqueles que diziam “responder” à crise, capitalizando à direita essa ruptura de aspirações nos marcos da crise capitalista internacional, aprofundam os ajustes e a degradação das condições de vida. É a juventude trabalhadora, precarizada, que tem de se deslocar por horas e pagar caro por direitos elementares, saúde e educação; são os aposentados; é a classe operária e a massa empobrecida quem está pagando a conta da crise. Lucram com nossas vidas, superexplorando e oprimindo.

“Roubaram de nós tanto, que nos roubaram até o medo”, dizem os jovens no Chile, onde o movimento estudantil tem vasta história de luta, deparando-se com a violência e repressão do Estado pela polícia, pelos militares na rua, a partir da “guerra declarada” de Piñera. Na linha de frente, jovens mulheres, que começaram pulando as catracas do metrô, inabaláveis contra o toque de recolher, e fazendo ecoar o “Fuera Piñera”.

O modelo que inspira Paulo Guedes, herdeiro da sangrenta ditadura de Pinochet e de seu programa ultraneoliberal dos Chicago Boys, está ruindo, transformando-se em seu pior pesadelo. Temem os analistas burgueses no Brasil, os jornais imperialistas, que aconselham Piñera a buscar toda margem de manobra para conter o levante, por isso agora oferece migalhas que nem chegam a tocar nos pilares do regime. Não à toa, a direita recuperou no Twitter o folclórico “foro de São Paulo” contra uma suposta conspiração internacional. Ela sabe o que temer. O poder da aliança de uma juventude que se coloca na dianteira e é capaz de contagiar a classe trabalhadora, os portuários, os mineiros e professores que hoje convocam uma greve geral, é uma grande lição à geração filha da crise capitalista que quer vencer todos os que se ajoelham ao imperialismo de Trump para entregar nosso futuro.

Como contra-cara a isso, ontem no Brasil foi aprovada no Senado a odiosa Reforma da Previdência, expressando um grande pacto nacional para trabalharmos até morrer. De Bolsonaro, Maia aos governadores da oposição, do PT e PCdoB, que entregam o pré-sal em troca das verbas advindas com a Reforma, e às grandes centrais sindicais e entidades estudantis (UNE), muita demagogia e um ensurdecedor silêncio diante da aprovação desse ataque no Brasil. Foi a esse serviço que buscaram descomprimir a luta da juventude e separá-la da classe trabalhadora, com dias de luta separados e dispersos neste ano, diante do início do governo da anti-operária, misógina, racista e LGBTfóbica extrema direita. Querem desmoralizar a juventude, inimiga de Bolsonaro, que se colocou em cena a partir das universidades e escolas, e fazê-la engolir desemprego, trabalho precário e ataques à educação.

Pelo contrário, o Chile deve ser uma grande fonte de inspiração e moralização. Às jovens gerações que despertam para a vida política, está colocado um grande desafio: insurgir-se e contagiar com isso o setor social capaz de atacar na origem os lucros capitalistas, a classe trabalhadora. Para isso, também no Chile se mostra o papel das burocracias, que chegaram a convocar greve geral com o discurso de “esvaziar as ruas”. Mesmo os setores da oposição ao regime chamam novas eleições e então uma Constituinte, desviando e canalizando para as urnas grandes aspirações de massas.

Nós da juventude Faísca chamamos toda a juventude a se inspirar e apoiar a luta do povo chileno para que sejam os capitalistas a pagarem pela crise. Vemos no retorno da luta de classes um grande exemplo de como de fato enfrentar Bolsonaro, diante de uma estratégia da oposição no Brasil que busca canalizar tudo às saídas eleitorais.

Temos na auto-organização a partir de cada local de trabalho e estudo, confiando na independência de classe e na entrada em cena da classe trabalhadora, um grande embrião que deve ser desenvolvido para que essa batalha consiga impor uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana, capaz de avançar contra o regime herdeiro da ditadura chilena e realizar uma grande experiência contra esse sistema que nada tem a oferecer, em putrefata decomposição.

Por isso, acompanhamos as batalhas do La Izquierda Diario Chile, que vem sendo porta-voz dessa luta, com essa estratégia e programa, e a partir do qual colocamos o Esquerda Diário no Brasil a serviço de divulgar a luta dos chilenos, e do PTR, organização-irmã do MRT, que, junto a independentes, impulsionamos a Faísca. Por isso, como chamamos o PSOL, PCB e outras organizações de esquerda, também hoje em vários estados do país estamos realizando atos em frente ao Consulado chileno e fazendo chegar nossa solidariedade internacionalista à classe trabalhadora e juventude chilenas. A Faísca também enviou uma correspondente diretamente ao Chile para acompanhar o processo e impulsionará, em várias universidades onde estamos, mesas para debater essa profunda experiência. Que esses exemplos sirvam de inspiração no Brasil: façamos como os chilenos!

 
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