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GOLPISMO
Temer assume que foi golpe ao vivo no Roda Viva: "Jamais apoiei"
Redação
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Ontem o ex-presidente golpista Michel Temer participou do programa de entrevista Roda Viva. O cinismo de Temer marcou sua participação no programa. Ele teve a cara de pau de negar sua participação no golpe, sem perceber que pela primeira vez usou o termo com todas as letras.

"Eu jamais apoiei ou fiz empenho pelo golpe. Aliás, muito recentemente, o jornal Folha detectou um telefonema onde o ex-presidente Lula me deu, onde ele pleiteava e depois esteve comigo para trazer o PMDB para impedir o impedimento. E eu tentei, mas a esta altura, eu confesso, que a movimentação popular era tão grande e tão intensa que os partidos já estavam mais ou menos vocacionados para a ideia do impedimento", disse Temer.

Temer se refere a mais recente reportagem da Folha, em parceria com o The Intercept, feita a partir das mensagens dos procuradores da Lava Jato no Telegram, que expuseram uma série de 22 ligações feitas por Lula, que os procuradores tiveram acesso e afastavam a tese de Moro que sua nomeação para o ministério da Casa Civil se dava com vistas a obter foro privilegiado.

Como Temer declarou, e aparece nas conversas, o intuito de Lula era mais uma vez conciliar com o MDB - tendo ligado também para Renan Calheiros e se disposto a conversar até com Eduardo Cunha -, e evitar o impeachment de Dilma. O que revela a ingenuidade do PT, que até as vésperas do golpe buscou incrementar sua aliança com o MDB, sem saber que, como se comprovaria a diante, a sanha golpista dos parlamentares já tinha aflorado. Aliás, as declarações de Temer, buscando se afastar da imagem de golpista, podem indicar mais uma vez a retomada dessa aliança visando já as eleições municipais de 2020.

"Eu não faço exatamente esta conexão [entre impeachment e eleição de Bolsonaro].", argumentou.

O descaramento de Temer também foi notável quando ele buscou eliminar a evidente continuidade entre o golpe e a eleição de Bolsonaro. É impossível negar a conexão entre os dois momentos, desde o golpe que vemos a intensificação da agenda de ataques contra a classe trabalhadora, tendo na reforma da previdência - derrotada com Temer e em avanço com Bolsonaro - o grande exemplo dos obscuros interesses que unificam os dois períodos. A partir do golpe, protagonizado pelo autoritarismo Judiciário, intensificou-se a degradação do regime democrático, culminando na manipulação das eleições, mais uma vez pela toga tutelada pelos militares, que desaguou na vitória do herdeiro ilegítimo do golpe Jair Bolsonaro.

"Não vejo como poderíamos, com uma imprensa livre que nós temos, com uma consciência democrática extraordinária que permeia a mentalidade de toda a classe política brasileira, e mais, que toma a conta do pensamento de todos os brasileiros, então não vejo como podemos caminhar para um sistema autoritário."

"Aproveitei a minha impopularidade.(...) Realmente, minha impopularidade me ajudou a fazer o que eu fiz".

O que nem a cara de pau de Temer consegue negar é que, a partir do golpe, seu governo, e que intensifica-se ainda mais com Bolsonaro, descarregou um conjunto de ataques desaprovado pela classe trabalhadora: reforma trabalhista, privatizações das estatais, subordinação ao imperialismo, a reforma da previdência. A evidente continuidade de Temer a Bolsonaro assinala justamente um período de disputas autoritárias entre os diversos poderes do regime para implementar essa reacionária agenda de ataques contra a população. Se a impopularidade de Temer foi útil momentaneamente a burguesia, agora ela necessita de uma face ainda mais autoritária com Bolsonaro encabeçando seus ataques.

Foto: Ronaldo Silva/Futura Press

 
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