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VIOLÊNCIA DE GÊNERO
No Brasil do transfeminicidio: ALESP vota manter secreto os dados de violência contra mulheres trans
Virgínia Guitzel
Travesti, trabalhadora da educação e estudante da UFABC

Ontem (11/09), a ALESP aprovou um projeto de lei 113/2019, uma medida de autoria da deputada Isa Penna (PSOL) que tem como objetivo a elaboração de estatísticas sobre as mulheres vítimas de violência acolhidas por políticas públicas do Estado.

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No entanto, ao se tratar de uma proposta que incluía os dados de violência contra mulheres trans, deputados do PSL como Janaína Pascoal e Douglas Garcia - que já teve uma advertência aprovada pela própria casa por transfobia contra a deputada Erica Malunguinho, a primeira deputada trans, negra e nordestina eleita no Brasil - se sentiram irritados com a ousadia de fazer com que os transfeminicidios, dos quais eles se apoiam e são responsáveis com seus discursos de ódio, sejam revelados e comprovados.

Atualmente, toda a contabilidade de assassinato de pessoas trans são realizados através da enorme dedicação da militância LGBT e transativista, com destaque para a ANTRA e Grupo Gay da Bahia. Ou diretamente por organizações internacionais.

Enquanto o Estado brasileiro perpetua todas as estruturas que impõem pelas custosas condições de vida (e de sua reprodução) baseado na negação do trabalho forma, uma longa cadeia de violências que começam desde a determinação do gênero ao nascimento e a sua negação do direito a identidade de gênero, até o apagamento dessas sexualidades e identidades nos ensinos nas escolas, a discriminação no mercado de trabalho formal, a prostituição compulsória, as violências psicológicas e verbais constantes até o último elo dessa cadeia ser o transfeminicidio.

Na sessão parlamentar de ontem, o deputado Douglas Garcia (PSL) além de votar contra à proposta do Dossiê Mulher e fortalecer o discurso transfóbico, ainda quis mencionar a violência contra o homem. Não poderia ser mais ridículo, num país onde casos escandalosos de feminicídios e estupros são noticiados todos os dias, e no caso das mulheres trans possuem uma perspectiva de vida de apenas 35 anos.

Nós do grupo de mulheres Pão e Rosas repudiamos essa extrema-direita reacionária que, a partir de seus discursos machistas e transfóbicos, propagam e incentivam a violenta realidade vivida pelas mulheres em nosso país onde as estatísticas do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostram que as taxas de feminicídios aumentaram 4% no ano de 2018, período que antecedeu a chegada de Bolsonaro a presidência, país em que a cada quatro horas uma menina com menos de 13 anos é estuprada, onde há uma denúncia de violência doméstica a cada dois minutos.

A luta pela vida das mulheres não se limita na luta contra o machismo, mas sim contra o capitalismo, que constrói, mantém e se utiliza da ideologia patriarcal para manter as mulheres reféns em suas vidas e se afastarem de qualquer luta verdadeira pela emancipação da humanidade. No próximo dia 28 de setembro, dia latino-americano e caribenho pela legalização do aborto as mulheres a luta pelo direito ao aborto legal, seguro e gratuito, de decidir sobre nossos próprios corpos pode ser um ponto de apoio para enfrentar essa extrema-direita reacionária. Chega de mulheres mortas pelo machismo e pelo capitalismo!

 
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