Com os cortes de Bolsonaro nas bolsas da Capes nesta semana – o anúncio foi de mais de 5.613 bolsas – o governo já totaliza mais de 11 mil bolsar cortadas este ano só na Capes. A consequência dos cortes são pesquisadores sem emprego, e pesquisar importantes para a população paralisada por não terem verbas.
Esse é o caso de Gabriela Pinheiro, jovem pesquisadora da UFRJ, que foi 1° lugar nas provas de doutorado, e estava desenvolvendo pesquisas na área da saúde, sobre como o zika pode ajudar nos tratamentos de tumor cerebral. Ela agora se encontra numa situação em que é impossível seguir sua pesquisa, e sem sustento de vida, pois recebia uma bolsa de R$ 2.200.
“Meu projeto no doutorado era estudar o potencial do vírus zika no tratamento do tumor glioblastoma (tipo de tumor cerebral)” disse Gabriela em entrevista para o jornal O Estado de S. Paulo. “A expectativa de vida dos pacientes diagnosticados com esse tumor é de aproximadamente 15 meses porque é um tumor extremamente resistente ao tratamento.”
Segundo ela, os documentos necessários para a bolsa da Capes foram entregues na segunda-feira, e mesmo tudo aprovado, na terça-feira ela descobriu que já não possuía mais a bolsa, impedida assim de continuar sua pesquisa.
“Agora não sei o que fazer. Sem bolsa, não dá pra continuar. E o nosso projeto é de extrema importância para a saúde pública. Está cada vez mais difícil fazer pesquisa no Brasil."
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E de fato, com os ataques de Bolsonaro à Capes, e também à CNPq, que já tem previsão de encerrar cerca de 84 mil pesquisas por falta de verba, retirando bolsas e valores de investimento em pesquisa, ficará cada vez mais difícil fazer pesquisa no Brasil, especialmente se as pesquisas não atenderem diretamente os interesses das empresas privadas que Bolsonaro e Weintraub querem nas universidades federais - através de outro ataque importante à ciência e à autonomia universitária, que é o Future-se.
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Os ataques de Bolsonaro já geraram rápida reação de setores do movimento estudantil e de comunidades universitárias de algumas federais nesta semana. São parte delas por exemplo, a UFSC, que realizou ontem uma plenária de 3 setores (com estudantes, professores e funcionários) que declarou seu repudio ao Future-se e declarou greve numa assembléia imensa.. Na Universidade Federal do Ceará os estudantes ocuparam a reitoria, abrindo conflito com o interventor escolhido por Bolsonaro. Na UFFS os estudantes também ocuparam a reitoria se colocando contra o interventor escolhido pelo presidente. Na UFRJ, uma das universidades que mais sentirá a falta dos recursos, membros da APG (Associação de Pós Graduandos) soltou uma nota de repúdio à todos os cortes.
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com informações do jornal O Estado de S. Paulo
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