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MOBILIZAÇÕES EM HONG KONG
Carrie Lam recua em medida de extradição em Hong Kong, mas movimento segue vivo
Redação

Nessa quarta (4), a chefe-executiva de Hong Kong, Carrie Lam, afirmou que cancelaria oficialmente o projeto de lei sobre a possibilidade de extradição de cidadãos honcongueses para a China Continental para serem julgados pelo sistema judiciário totalmente controlado pelo partido único vigente no território vizinho.

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No entanto, a decisão veio tarde demais. A intenção de Carrie Lam em acelerar o processo de submissão total de Hong Kong ao projeto expansionista, nacionalista e repressivo chinês tombou depois que um vigoroso movimento popular e de massas, que já dura incríveis três meses, tomou as ruas contra o avanço do autoritarismo político vigente na China e pela defesa de direitos democráticos mais elementares. Desde junho o movimento já se desenvolveu em luta de classes aberta, depois de uma greve geral de trabalhadores dos aeroportos, do transporte público e dos escritórios do mercado financeiro da cidade ocorreu no mês passado em apoio ao movimento iniciado pela juventude.

E diante desse cenário, depois do desenvolvimento desse processo intenso, Carrie Lam pensa que está no início do surgimento do problema, quando o protesto apenas contra o projeto de lei ainda não recebia os contornos mais complexos e progressivos que teria posteriormente: “O governo retirará oficialmente o projeto de lei, para apaziguar por completo as preocupações da população”, disse Carrie Lam no seu discurso oficial transmitido em rede nacional nessa quarta.

Esse discurso foi acelerado pelos acontecimentos da semana passada, em que numa gravação de áudio vazada, Carrie Lam teria dito a líderes empresariais que havia causado uma “destruição imperdoável" ao apresentar o projeto e que, se pudesse, pediria perdão à população e se demitiria, pois nesse momento o governo teria um espaço “muito limitado” para resolver a crise, porque o movimento se tornou concretamente uma questão de “segurança nacional” para a China continental, agravada com a conjuntura atual de disputa comercial com os EUA. Contudo, a chefe-executiva negou que tenha sido discutida a sua renúncia com o governo chinês.

Sobre a relação com o governo central, apesar da resistência de muitas autoridades no continente e no próprio Partido Comunista Chinês, chegou mesmo a ser aventada a possibilidade do uso das tropas do Exército de Liberação Popular, que estão estacionadas em Hong Kong e que a qualquer momento podem ser chamadas para brutalmente reprimir o movimento popular e dos trabalhadores. No entanto, isso seria um tiro no pé de Xi Jinping, chamando para si uma pressão internacional mais grave do que foi o massacre de 1989 no Praça Tianamen pelas mesmas tropas que estão hoje em Hong Kong, que em meio a disputa de hegemonia mundial com os EUA seria muito desfavorável para o projeto expansionista dos investimentos e lucros chineses.

Contudo, o impasse segue e essa medida de Carrie Lam não significa na prática que realmente a situação em Hong Kong caminhe para o “apaziguamento social”. Há muito tempo o movimento que persiste em Hong Kong deixou de ser apenas contra a suspensão completa do projeto de lei.

A juventude, trabalhadores e organizações das mais variadas cores políticas querem avançar para um regime democrático, para que uma comissão independente seja formada para investigar os abusos cometidos pela repressão policial contra os manifestantes, para que os processos judiciais contra todos os manifestantes detidos ou perseguidos sejam abolidos, para que o governo e as mídias oficiais parem de qualificar os manifestantes como “terroristas” e “agitadores”, e que se instaure em Hong Kong eleições verdadeiramente livres, com liberdade total de expressão política. Reivindicações impossíveis de serem acatadas pelo governo de Carrie Lam e pelo governo central chinês, portanto, indicando que a luta tem probabilidades concretas de seguir seu curso.

 
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