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UNB
Em Brasília, mulheres na luta contra ditadura marca lançamento do CINE Cultura & Marxismo na UNB
Letícia Parks

O documentário e debate sobre a luta das mulheres contra a ditadura militar deu lançamento ao grupo de estudos CINE Cultura & Marxismo na UnB, que ocorrerá quinzenalmente na Faculdade de Comunicação. O grupo reúne estudantes de pós graduação e graduação de diversas faculdades, atraídos pelo interesse em pensar a cultura mundial sob a perspectiva do marxismo e através de diferentes linguagens do cinema. A iniciativa é de militantes da juventude Faísca e do grupo de mulheres Pão e Rosas, como forma de apresentar o marxismo revolucionário como uma perspectiva de época que nega os desvios e erros do stalinismo e a docilidade reformista, fincando uma trincheira ideológica que prepare uma atuação política na universidade e fora dela, contra os ataques de Bolsonaro ao nosso futuro e ao lado da classe trabalhadora e em combate contra as burocracias, obstáculos fundamentais de qualquer luta.

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Foi antes mesmo de iniciar as aulas e logo após a declaração pró tortura e pró ditadura do arqueroso Jair Bolsonaro que se reuniu o que seria a prévia do grupo de estudos "CINE Cultura & Marxismo". Alimentados pela visualização do documentário Mulheres Metalúrgicas, de Renato Tapajós, estudantes e trabalhadores debateram na UnB o papel que as mulheres poderiam ter cumprido no sentido do combate à ditadura a partir de seus locais de trabalho.

O documentário foi construído em torno de depoimentos de mulheres metalúrgicas que participaram do I Congresso da Mulher Metalúrgica, convocado em 1978 pelo "sindicalismo dos autênticos", que depois se tornaria CUT e do qual Lula já era a principal referência pública. As mulheres fazem denúncias que poderiam ter sido, entretanto, gravadas em pleno 2019. Sob o barulho do maquinário pesado, uma delas explica que "queria saber porque a gente faz a mesma coisa, faz o mesmo serviço, a gente ganha menos". Outra, no cenário doméstico, explica: "a gente fazia o mesmo serviço que os homens e ganhava menos que os homens". Já em meio ao debate de porque fazerem um congresso próprio, outra trabalhadora explique que além de ir pra fábrica e fazer o mesmo serviço que os homens, recebendo o mesmo, a mulher ainda "tem que cuidar de trabalhar, de cuidar da casa, pagar aluguel com o salário que ganha".

A situação das mulheres trabalhadoras e jovens vive sob intensa ameaça também sob o governo Bolsonaro, que já se iniciou brindado pela reforma trabalhista de Temer - que permite que trabalhemos grávidas em locais insalubres - e que agora, com a reforma da previdência, fará com que a grande massa mais pobre das mulheres trabalhe até morrer. As mais jovens, universitárias e estudantes, estão também agora ameaçadas de perder por completo o direito ao ensino superior pelo Future-se, um nome cínico para um projeto de sequestro do futuro de milhões.

Além de pontuar esses problemas, o grupo avançou para refletir quais as formas de resistência e de luta que nos são oferecidas frente a essa realidade de opressão e exploração que perdura. A partir de perceber que opressão e exploração se combinam para aumentar as taxas de lucro e enriquecer uma classe que também tem suas representantes mulheres, foi possível debater a necessidade de construir uma perspectiva de feminismo socialista, que tenha uma perspectiva clara de que enquanto o gênero nos une enquanto mulheres, para algumas nos separa enquanto classe, e que portanto, as mulheres burguesas não podem ser aliadas no combate ao capitalismo e aos ataques, sendo muitas vezes elas a linha de frente de grandes nações imperialistas e seus projetos de rapina sobre países inteiros, como Merkel na Alemanha, e como foi no seu tempo a líder de guerra e até hoje com as mãos sujas de sangue iraniano, Hillary Clinton. Outras personagens não podem ser esquecidas, como Dilma Rousseff, primeira presidente mulher do Brasil, que testemunhou a morte de milhares de mulheres por abortos clandestinos sob seu governo, uma enorme decepção para muitas que tinham a ilusão de que uma mulher no poder pudesse resolver o drama de milhões.

Não podemos ser uma no poder, mas sim milhares pelas ruas. Milhares que tenham uma estratégia clara de combate contra os capitalistas e seus ataques, que vem para nos fazer pagar, e muito caro, pela crise que eles criaram. Nessa "quarta onda" do feminismo internacional, com as mulheres se demonstrando um setor decidido da luta contra os ataques ultra neoliberais em todo o mundo, é fundamental apontar um caminho de classe, em que se batalhe em cada local de trabalho e estudo para que as demandas das mulheres sejam assumidas pelo conjunto da classe trabalhadora, assim como para que as mulheres trabalhadoras sejam a linha de frente e a camada mais decidida de cada luta coletiva da classe e da juventude. Se para nós cada ataque pesa duplamente, seremos as lutadoras mais decididas para acabar, ao mesmo tempo, com o capitalismo e o patriarcado. Em tempos de crises, guerras e revoluções, é preciso dizer: a revolução brasileira será feminina e negra ou não será nada.

Os próximos passos

Em meio à recepção de estudantes ingressantes, o grupo de estudos CINE Cultura & Marxismo se reunirá mais uma vez, agora pautando a realidade política de Cuba. Algumas perguntas pertinentes devem ser lançadas para esse debate, que será também acompanhado da visualização de um pequeno documentário. Quais os rumos de Cuba dentro do quadro de uma crise econômica internacional? Quais as características concretas desse processo revolucionário, iniciado em 1959 e que pôs fim à ditadura de Fulgêncio Batista? É possível chamar de socialista um país onde reina o racismo e a opressão de gênero contra mulheres e LGBTs? Para defender o legado revolucionário de Cuba é preciso também defender os traços burocráticos e atrasados de seu regime?

A próxima sessão ocorrerá no dia 16/08, às 18h, na Faculdade de Comunicação. Fique atento para divulgações precisas sobre o local!

Para participar do grupo e conhecer a Faísca e o Pão e Rosas em Brasília, basta entrar em contato com o WhatsApp: (61) 982687278

 
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