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JUVENTUDE
Com anúncio do “Future-se” e novos cortes na educação qual a saída para juventude?
João Salles
Estudante de História da Universidade de São Paulo - USP

Nessa quarta-feira, 31/07, foram anunciados os contingenciamentos, onde a educação volta a ser o setor mais atacado com um corte de mais de 348 milhões, combinado ao nefasto projeto de privatização do “Future-se” é preciso tirar lições dos processos de luta e apontar um caminho que possa vencer.

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Uma das operações mais demagógicas do governo e da extrema direita é o discurso em relação a educação com questões como Escola sem Partido, mas agora mais especificamente em relação ao ensino superior que é alvo sistemático dos ataques do governo. Isso vem combinada a uma carga ideológica forte, como se operassem uma cruzada contra o “marxismo cultural” e a organização política dos estudantes nas universidades, atacando o movimento estudantil.

Mas é preciso entender que isso não se desvincula do conjunto de ataques no projeto que leva a frente o governo. A reforma da previdência segue sendo o ataque estratégico para que os capitalistas adquiram uma maior correlação de forças e possam inclusive avançar em ainda mais ataques. Isso se mostrou quando logo após a aprovação da reforma em primeiro turno na câmara dos deputados, os novos ataques a educação foram anunciados assim como um plano de privatizações de Guedes.

O projeto neoliberal de Bolsonaro

A privatização e a entrega do país para as mãos do imperialismo é a marca registrada do projeto do golpe institucional, que frente a incapacidade de Temer de aprovar todos os ataques e o derretimento do PSDB de Alckmin, fruto da crise de representatividade, foi obrigado a se reconciliar com seu filho indesejado da extrema-direita e retirando o direito da população eleger a quem quisesse com a prisão arbitrária de Lula. Bolsonaro agora quer colocar o Brasil ainda mais nessa linha em todos os aspectos possíveis.

Com a reforma da previdência e o aprofundamento da reforma trabalhista Bolsonaro quer criar uma massa de desempregados e desalentados que aceitem condições de trabalho cada vez mais precárias como esses aplicativos de entrega, ao mesmo tempo que convida o capital estrangeiro para investir no país e “criar empregos” garantindo melhores condições de exploração. Esse cenário catastrófico se reflete ainda mais profundamente na juventude que amarga as maiores taxas de desemprego e que está morrendo nessas “novas jornadas” dos aplicativos como é o caso de Thiago Dias, entregador da Rappi.

Com o desmonte das universidades públicas e a entrega pros conglomerados e monopólios do ensino superior privado Bolsonaro aprofunda o caráter racista e elitista do ensino. O “Future-se” garante que o investimento e incentivo das áreas de pesquisa estejam vinculados aos interesses dos capitalistas internacionais, permitindo que obtenham um orçamento particular nas universidades federais através das “organizações sociais”, isso junto a possibilidade de se especular na bolsa de valores com a verba destinada. Acabar com o investimento em ciência e tecnologia garante que o país não se desenvolva e que os avanços na economia e na técnica da produção estejam a serviço dos interesses privados. Assim o Brasil avança em ser uma grande fazenda do mundo, enquanto a Petrobrás é entregue as empresas multinacionais pretoquímicas, como o caso da Shell.

Esse cenário tende a piorar cada vez mais, o governo agora adota um discurso ainda mais autoritário, fruto desse precário fortalecimento, visando endurecer a linha contra aqueles que se opõem a esse projeto. Enquanto isso a estratégia da “oposição” é mais uma vez construir a derrota do movimento de massas.

veja mais: Bolsonaro tenta avançar no autoritarismo em conjuntura marcada pelo silêncio sindical

A estratégia da "oposição"

Os levantes da juventude nos dias 15 e 30M abalaram o governo e todo o regime político, colocando a luta de classes novamente no cenário nacional e demonstrando que ainda não há uma derrota definitiva imposta pela burguesia. Com esse potencial todo a juventude poderia ter incendiado a classe trabalhadora e colocado o governo de joelhos. Isso dependia de muito mais do que a espontaneidade, durante todo esse processo as direções do movimento estudantil e do movimento operário separaram conscientemente a luta da juventude em defesa da educação e a luta contra a reforma da previdência.

Os partidos políticos que estão na direção das principais centrais sindicais do país – O PT pela CUT e o PCdoB pela CTB – assim como na direção majoritária da UNE com suas juventudes – JPT e UJS – atuaram para conter o movimento ao máximo. Não organizaram assembleias nos locais de estudo e trabalho, garantindo rumos democráticos aos processo, e chamaram paralisações em separado quando poderiam ter unificado a greve geral do dia 14J para o dia 30 e atacado com muito mais força o governo. O ápice foi a traição do dia 14, onde muitas categorias sequer paralisaram e passou batido para grande parte dos estudantes que entravam em ritmo de férias.

Ao mesmo tempo em que os deputados desses partidos no parlamento tem uma estratégia de “obstrução” das votações para ganhar tempo, esse tempo é desperdiçando ao não organizarem um plano de lutas para derrotar esses ataques e ainda por cima contar com o apoio dos seus governadores no nordeste que agora batalham com unhas e dentes pela inclusão dos estados e municípios no texto final da reforma da previdência.

A UNE, obrigada a se movimentar pelo nível de ataques, chama agora uma nova paralisação nacional pro dia 13/08, mas onde praticamente não fala sobre a reforma e busca apenas descomprimir a força dos setores mais ativos da educação em separado do conjunto da classe. Esse é, mais uma vez, o caminho da derrota.

Veja mais: A cínica entrevista do ex-presidente do PT e a necessidade de uma estratégia baseada na luta de classes

Como construir uma estratégia para vencer

Nesse sentido nós da Juventude Faísca e do Esquerda Diário viemos fazendo um chamado a todas as forças da oposição de esquerda para que sejam construídas plenárias unificadas dos setores da oposição que possam articular uma força capaz de se contrapor a politica dessas burocracias, exigindo um plano de lutas que aponte para a vitória.

A juventude pode cumprir um papel histórico para derrotar a extrema-direita e ir por muito mais, ao se ligar profundamente a classe trabalhadora pode inclusive derrubar o capitalismo. Para nós esse é o sentido de construir uma juventude marxista e revolucionária, que tenha a aliança operário-estudantil como princípio e que seja capaz de apresentar uma resposta de fundo para os anseios da juventude que já não suporta mais o capitalismo.

Para vencer é preciso atacar aqueles que querem a nossa derrota, atacando o lucro dos capitalistas. Contra a política de submissão ao imperialismo que precariza nossas vidas com o desemprego massivo precisamos questionar o seu principal mecanismo de justificativa que é a fraude da dívida pública, um verdadeiro bolsa-banqueiro que constrange nossa economia pelos interesses do capital financeiro internacional. Apenas o não pagamento dessa dívida, combinado a redução da jornada de trabalho de 8 para 6 horas, com salário mínimo do dieese e sem perda de direitos, dividindo essas horas entre empregados e desempregados vamos acabar com essa miséria que nos reservam, fazendo com que sejam os capitalistas a pagarem pela crise.

Isso combinado a luta por uma universidade pública que seja voltada aos interesses dos trabalhadores e da população, e não aos interesses dos grandes empresários como é hoje e como Bolsonaro pretende aprofundar. A juventude e os trabalhadores devem ter o direito garantido de estudar, a luta contra o filtro social e racial que é o vestibular deve se uma das grandes demandas levantadas, junto a estatização de todas as universidades privadas sem indenização, garantindo vagas a todos e uma qualidade do ensino que se pauta pela capacidade de resolver as questões mais sensíveis a população através da ciência e tecnologia.

 
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