Com a recente aprovação da Reforma da Previdência em primeiro turno na Camara dos Deputados, houve um conjuntural fortalecimento de Bolsonaro e uma maior legitimação para desenvolver novos ataques. A educação em geral já estava na mira há algum tempo, mas as universidades em particular, são um alvo necessário, pois representam hoje o principal setor social que se levantou massivamente em oposição ao governo.
O projeto Future-se que é abertamente um viés ideológico dentro das universidades, irá cortar verbas, inclusive elevando ainda mais os cortes de universidades que correm risco de fechar, e ainda concederá o espaço das universidades gratuitamente para as OS. Tudo isso está combinado a mais cortes na pesquisa e caminhar no sentido de uma ideia que sempre foi bastante minoritária de cobrar mensalidades nas universidades públicas.
Desde a enorme manipulação nas eleições presidências, vimos uma crescente intervenção autoritária nas universidades e sua quebra de autonomia. Um caso anterior, mas que já revelava desde o golpe institucional este sentido foi a demora do Reitor da UFABC poder assumir seu cargo, após ter ganho as eleições paritárias.
Depois em meio as eleições, o movimento estudantil foi censurado em diversas universidades por se mobilizar contra a enorme manipulação que ocorriam nas eleições e a candidatura de extrema direita de Jair Bolsonaro.
Recentemente, o sobrinho de Bolsonaro foi premiado com um cargo para perseguir Reitores que, segundo o clã Bolsonaro, são comunista, recebendo nada menos do que 22 mil. E agora, Weintraub irá escolher diretamente os diretores de faculdade.
Esses caminhos conduziram até que o general Augusto Heleno, ministro chefe do GSI, nomeou uma espiã da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) com assessora da reitoria da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul. Aumentando assim o controle dos setores reacionários contra a autonomia universitária, uma vez que, entende-se esta ação como uma forma de arbitrariamente interferir no funcionamento interna desta instituição.
O movimento estudantil depende da aliança com os trabalhadores pra vencer
Este avanço do autoritarismo e da interferência nas universidades deve ser tomado com muito asco e repulsa pela juventude que quer o livre conhecimento, a defesa do pensamento cientifico contra o obscurantismo pregado pelos terraplanistas e Bolsonaristas. Todavia, este enorme ataque também desnuda questões cruciais que podem permitir um enorme avanço na consciência de milhares de jovens em todo o país de como podemos lutar e vencer nossos inimigos.
Em primeiro lugar, há um enorme desespero por parte das burocracias acadêmicas da instabilidade do futuro das universidades. Se antes parecia que os próprios Reitores e professores poderiam decidir os rumos da universidade ou manter por si só suas decisões, mais do que nunca, demonstra-se o caráter de classe da universidade e de como esta instituição está subordinada as determinados interesses de classe, que no momento, visam submeter o Brasil a um processo profundo se aumento da exploração e forte espoliação imperialista, reafirmando o lugar de "fazendo do mundo".
Se antes os interesses dos estudantes já eram antagônicos com os de suas reitorias, uma vez que nós queremos o acesso irrestrito da juventude na universidade, o ensino da história de luta e das culturas negras, indígenas, das mulheres e LGBT. Porque queremos construir uma universidade que coloque seu conhecimento à serviço da classe trabalhadora e do povo pobre, enquanto as reitorias querem manter este espaço para uma ínfima parte e garantir que tudo produzido esteja ao agrado do mercado, agora eles lutam pela miséria universidade que nos apresentaram, e nós precisamos seguir lutando contra cada retrocesso sem abrir mão do projeto de universidade que queremos.
Por isso, o 57° Congresso da UNE era tão importante. Como primeiro Congresso no governo Bolsonaro, na semana da aprovação da Reforma da Previdência e pós um levante massivo de jovens, era fundamental tirar lições para organizar nossa luta. Infelizmente, como publicamos aqui, apesar da enorme disposição de milhares de jovens, a burocracia estudantil dirigida pelas juventudes do PT e do PCdoB organizaram um Congresso sem qualquer intenção de bater seriamente os processos políticos e de mobilização que ocorreram, não puderam responder porque seus governadores apoiaram a Reforma da Previdência e não propuseram nenhum plano sério para enfrentar o Bolsonarismo, o autoritarismo judiciário e os ataques.
Por isso, reafirmamos o chamado que fizemos a Oposição de Esquerda que volte nas universidade e construa plenárias de base para debater um balanço do que foi este Congresso, e assim ouvir os estudantes e elaborar coletivamente um sério plano de lutas, que passe por exigir da ala majoritária plenárias em todo o país para fazer o dia 13 de agosto, um verdadeiro dia de luta contra o Future-se e também contra a Reforma da Previdência. Não podemos permitir que a direção da UNE junto com as centrais sindicais sigam separando as lutas e bandeiras dos estudantes dos trabalhadores.
Para enfrentar estas medidas autoritárias é preciso constituir este polo anti-burocrático para que possamos deixar a Oposição "em palavras" para se tornar algo concreto, palpável que nos permita superar as burocracias e passar por cima com a força da aliança entre estudantes e trabalhadores.
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