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Para os capitalistas, reforma da previdência não basta. Querem mais ataques aos trabalhadores
Redação

Os grandes meios de comunicação já entenderam que a reforma da previdência não é capaz de resolver os problemas da crise econômica que afeta também ao Brasil. Querem avançar em privatizações, no aprofundamento da nefasta reforma trabalhista, mais retirada de direitos, e já até falam de outra reforma da previdência daqui 6 anos.

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A Reforma da previdência foi aprovada no primeiro turno da Câmara e os próprios meios de comunicação que deram suporte para que acontecesse já estão mudando seu discurso para afirmar que ela não é suficiente. Eles o fazem pelas letras miúdas, e não nas manchetes sensacionalistas que afirmam a soberania da reforma para resolver a todos os problemas no país.

Leia mais: Manchete vs. letras miúdas: a mentira do renascimento econômico com a Reforma da Previdência

O Globo, por exemplo trás o título: Reforma da Previdência favorece retomada de investimentos e no sub-título: Para executivos, é preciso emplacar outras reformas capazes de melhorar o ambiente econômico do país. No corpo do texto, foco em empresários específicos que prosperam e uma larga ênfase a necessidade de novas reformas.

Mas por que até mesmo os mais fervorosos defensores da sacrossanta reforma da previdência, depois de aprovada, precisam admitir que sua euforia é mais propaganda do que realidade?

A resposta a essa pergunta passa, necessariamente, por uma compreensão de que os pressupostos dos argumentos que sustentam a tese de que a reforma da previdência salvaria o país da recessão e do desemprego não tem base real. Além de que, depois de aprovada em primeiro turno, não precisam mais “encantar” e agora trata-se de “cair na realidade”, ainda que ela venha de forma mascarada, nas entrelinhas dos discursos que ecoam no mainstream.

Parte de que os recursos que os capitalistas deixariam de emprestar ao governo, que se endivida para fechar as contas mês a mês, seriam “investidos”.

É um pressuposto que acredita na boa-fé dos capitalistas e não em dados concretos, assim como foi com a reforma trabalhista, que até agora só serviu para descarregar com força a crise nas costas dos trabalhadores com empregos precários e destruição de direitos mínimos, sem gerar empregos. Sem sinal de aumento do investimento, retomada da economia e mais empregos, como dita o conto de fadas neo-liberal que ronda os grandes jornais burgueses brasileiros.

A base da crença aflorada nesses jornais é que com o cortar gastos, direitos trabalhistas e sociais, os “instintos vorazes” ou “selvagens” dos capitalistas “aflorariam” e muitos investimentos “contidos” se “liberariam”.

Com a gravidade da crise econômica que o Brasil se encontra, com seus 25% de seus números oficiais 12,3% da população desempregada e um total de 25% da população subempregada (somatório dos subutilizados, desalentados e desempregados), e com uma situação internacional de estancamento de crescimento econômico, a reforma da previdência não parece ser, nem mesmo para os burgueses aquilo que pregavam.

No Boletim Focus do Banco Central [5], coletado junto aos maiores bancos e investidores do país, esses especialistas cravavam na segunda-feira passada, na véspera da aprovação da Reforma Previdência em primeiro turno, que o país terminaria o ano com investimentos estrangeiros de US$ 85 bilhões, números semelhantes que eles apostam para 2020, 2021 e 2022, mesmo com Reforma da Previdência, privatizações e todo pacote de maldades que eles estão certos que ocorrerão.

O programa neoliberal de privatizações, demissões, rebaixamento de salários, retirada de direitos trabalhistas, aumento do tempo de contribuição previdenciária, cortes de investimentos em serviços básicos e tantas outras medidas que Bolsonaro, Paulo Guedes e também o Congresso querem impor irão impactar fortemente na vida dos trabalhadores que já sofrem com empregos precários e piora das condições de vida. Querem mais ataques para que possam continuar pagar a dívida pública beasileira, uma dívida que anualmente suga R$ 1 trilhão dos recursos nacionais, direto para o bolso de empresários e banqueiros nacionais e imperialistas.
Essa dívida mantém a eterna subordinação do Brasil, mantém nosso orçamento estrangulado e é o motivo pelo qual o imperialismo tem tanto interesse em modificar o regime político brasileiro, para que seja ainda mais serviçal.

Leia mais: Entenda por que não pagar a dívida pública em 8 pontos

É preciso uma estratégia para barrar a reforma da previdência e impor o não pagamento da dívida pública

Apesar de toda a potencialidade que os estudantes demonstraram ter no dia 15 de maio, 30 de maio e também no dia 14 de junho, as direções da UNE, da CUT e da CTB, cumpriram o papel de separar a pauta da juventude (cortes na educação) da dos trabalhadores (reforma da previdência). Trataram como se não tivessem nada a ver e não fizessem parte de um mesmo projeto imperialista que quer descarregar a crise nas nossas costas. Levaram toda a força que se expressou nas ruas para a atuação parlamentar, apostando em “vias institucionais”. Não para barrar a reforma, mas para aprova-la de forma desidratada.

As centrais sindicais negociaram nosso futuro para obter a continuidade do imposto sindical, em troca da medida provisória (MP) 873, que caducou.

A juventude e a classe trabalhadora devem tirar lições sobre a política e a atuação dessas direções do movimento de massas, que já demonstraram ao longo de muito tempo que não têm o objetivo de conduzir a classe à vitória, mas sim perspectivas meramente eleitorais. Não organizaram uma luta séria contra o golpe institucional, contra a reforma trabalhista de Temer, e agora estão dando de bandeja nosso futuro com a aprovação da reforma da previdência, sem nunca ter questionado esse mecanismo de subordinação que é a dívida pública.

 
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