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CONUNE 2019
"A atualidade do trotskismo no Brasil de Bolsonaro", confira como foi a mesa impulsionada pela Faísca no CONUNE
Redação

A discussão contou com a presença de Thiago Rodrigues, editor do Esquerda Diário e um dos autores do livro Brasil: Ponto de Mutação, e Odete Cristina, estudante de Ciências Sociais da USP e delegada da juventude Faísca no congresso, que também assina um dos artigos da obra lançada recentemente discutindo a ascensão de Bolsonaro.

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Na última quina-feira (11), a Juventude Faísca e o Esquerda Diário reuniram dezenas de estudantes no 57o CONUNE em Brasília com mesa de debate "A atualidade do trotskismo no Brasil de Bolsonaro". A discussão contou com a presença de Thiago Rodrigues, editor do Esquerda Diário e um dos autores do livro Brasil: Ponto de Mutação, e Odete Cristina, estudante de Ciências Sociais da USP e delegada da juventude Faísca no congresso, que também assina um dos artigos da obra lançada recentemente discutindo a ascensão de Bolsonaro.

Thiago partiu de discutir que há alguns anos atrás no Brasil, no início do governo Lula, poderia existir a percepção de que a democracia avançava, e que as conquistas de direitos sociais e econômicos seguiriam avançando juntos no país. Porém, a crise econômica e o golpe institucional, que ocorreu com o objetivo aprofundar e acelerar ataques que o PT já vinha fazendo para satisfazer as necessidades da administração do capitalismo em crise, mostrou o contrário. A crise, o golpe e toda a decadência do regime democrático vêm deixando evidente que o "velho Brasil", controlado por uma elite autoritária, escravocrata e absolutamente submissa aos interesses do imperialismo, segue sendo o Brasil dos nossos dias.

Odete Cristina, estudante da USP e delegada da Faísca no COUNE 219

Enfatizou ainda os impactos da crise econômica no país. Segundo ele, a crise econômica iniciada em 2008, trouxe contradições profundas e estruturais para o capitalismo internacionalmente. Para o Brasil, isso significou uma ruptura com o ciclo econômico anterior, do período lulista, impondo uma mudança de época marcada por uma poderosa crise orgânica, que junto aos temas econômicos arrastou atrás de si uma forte crise das instituições da democracia burguesa.

Retomando o legado de Trotsky, Thiago remarcou como os trotskistas da primeira metade do século XX desenvolveram ideias fundamentais para a compreensão da realidade brasileira. Tais ideias foram apropriadas, ainda que parcialmente, por importantes intelectuais como Caio Prado Júnior e outros reformistas. Foi a partir da teoria do desenvolvimento desigual e combinado que estes trotskistas explicaram como se produzem na realidade brasileira as relações de trabalho mais atrasadas, como o trabalho escravo, controladas pelo capital imperialista mais concentrado dos países centrais, ou seja, como todos os elementos de uma realidade nacional atrasada são atravessados pelas relações capitalistas mais modernas a partir a interdependência da economia nacional e internacional e da burguesia nacional em relação ao imperialismo.

Thiago Rodrigues, um dos autores do livro Brasil em Ponto de Mutação

Retomando discussões presentes no livro Brasil: Ponto de Mutação, Thiago ressaltou como a classe dominante no país reafirma seu caráter antidemocrático e anti popular com a ascensão de Bolsonaro, levando ao poder os setores mais reacionários, conservadores, obscurantistas e fundamentalistas desta elite. Não à toa este governo de extrema direita é herdeiro político do golpe institucional e da manipulação das eleições em 2018, onde o judiciário cumpriu um papel chave, contando com o apoio de empresários, latifundários, igrejas evangélicas e outros setores ligados à classe dos capitalistas. Com o governo Bolsonaro chegam ao poder os representantes mais retrógrados dessa elite para levarem à frente a efetivação de uma escalada de ataques brutais ao conjunto da classe trabalhadores, às mulheres, à população negra e LGBTs. Tudo isso para descarregar violentamente a crise capitalista contra o povo, chegando ao absurdo de defender o trabalho infantil, o trabalho escravo, a legalização do genocídio da população negra como prevê o pacote de Moro e inúmeras outras posições escandalosas já expressas por membros do governo.

Partindo deste panorâma da situação nacional, Thiago destacou como globalmente a crise econômica capitalista, com a decadência do neoliberalismo, as maiores disputas entre as potências mundiais e recolocando a luta de classes no cenário internacional desde 2008, reatualiza as premissas objetivas para a revolução proletária. Dessa forma, reatualiza também a estratégia revolucionária e as idéias do trotskismo como ferramentas para refletir e intervir nesta realidade com uma perspectiva não somente de resistir aos ataques contra os trabalhadores e o povo, mas de vencer.

Thiago destacou que pela primeira vez na história a classe trabalhadora assalariada se constitui como maioria da população mundial. Concretamente este fato aumenta a força objetiva da classe operária. Ao mesmo tempo, a classe trabalhadora também nunca esteve tão fragmentada. Anos de neoliberalismo promoveram uma profunda divisão das fileiras proletárias no mundo inteiro: terceirização, que no caso do Brasil é irrestrita, todas as formas de precarização do trabalho como Uber, Rappi, PJs e outros subempregos aos quais recorrem os trabalhadores frente à crise. As crises imigratórias e a xenofobia fomentada pelos capitalistas dividem os trabalhadores entre nativos e imigrantes, o machismo, o racismo a LGBTfobia dividem homens e mulheres, brancos e negros, héteros e LGBTs. Os movimentos sociais que em geral surgem frente à necessidade de organizar estes setores mais oprimidos da sociedade e reivindicar direitos , quando cooptados pelo sistema capitalista, terminam servindo como ferramentas para aprofundar estas divisões impostas e fomentadas pelos capitalistas no seio da classe trabalhadora. Ao mesmo tempo é evidente que nunca antes a classe operária foi tão feminina e tão negra quanto é hoje, o que coloca como uma tarefa chave dos revolucionários a atuação nestes movimentos.

Nesse sentido, Thiago afirma que do ponto de vista objetivo, as condições para a revolução proletária e para a derrubada do sistema capitalista estão mais favoráveis do que nunca. Entretanto tais condições objetivas se contradizem com as condições subjetivas da classe trabalhadora internacionalmente. Para que essa força material da classe operária possa triunfar é imprescindível a construção de um partido revolucionário, que batalhe pela unificação de todos os setores desta que é a única classe capaz de revolucionar a sociedade desde a raíz, e pela aliança estratégica desta classe com a juventude, o povo negro, LGBT, imigrantes e todos os oprimidos do mundo. Isso é condição para que a força objetiva da classe operária possa pesar na realidade de maneira a fazer triunfar os processos revolucionários.

Após a discussão colocada por Thiago, ocorreram intervenções do público e um encerramento feito por Odete, que convocou a juventude que estava presente a tomar para si essas ideias presentes no livro como parte de uma enorme batalha. Esta batalha precisa ser travada no próprio CONUNE mas também em cada local de estudo, contra a burocracia estudantil da UJS e do PT, que atualmente na direção da UNE freia o movimento estudantil e atua para dividir os estudantes da classe trabalhadora. Seu chamado aos estudantes presentes foi no sentido de batalhar pela construção de um movimento estudantil auto organizando desde as bases, que se coloque à altura dos desafios que se apresentam com a realidade expressa no livro e no debate.

 
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