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DOSSIÊ: HISTÓRIA DA UNE
Reflexões sobre a história da UNE para pensar os desafios dos novos tempos
Redação

A principal entidade estudantil do país acumula décadas de história e uma grande tradição de enfrentamento aos regimes autoritários. Aprender a partir das lições do passado é uma condição indispensável para preparar as lutas do presente e do futuro. Diante da ascensão ao poder de uma figura de extrema-direita como Jair Bolsonaro, que representa a continuidade com os porões da ditadura militar-civil-empresarial, todo a tradição de luta do movimento estudantil contra a ditadura é um grande patrimônio do qual devemos nos apropriar criticamente.

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Apresentamos a seguir dois textos elaborados por jovens estudantes da USP e da Unicamp, militantes da Faísca, que dão um pontapé inicial nessa apropriação crítica das experiências do passado. Os textos, escritos no calor das lutas políticas contra o governo Bolsonaro e da construção do Conune, buscam dar conta de dois momentos cruciais da história da União Nacional dos Estudantes (UNE) e do movimento estudantil. Abrangem a resistência ao golpe militar no período que vai de 1964 até o fatídico Congresso de Ibiúna e a promulgação de AI-5, ambos em fins de 1968, bem como o processo de refundação da UNE durante a retomada das lutas do movimento estudantil a partir da segunda metade da década de 1970 e, com mais intensidade, quando a eclosão das greves do ABC, a partir de 1978, colocaram em xeque a ditadura militar e o processo de abertura lenta e gradual iniciado pelo governo Geisel.

Os textos buscam iniciar um debate de estratégias mais do que recompor cronologicamente os acontecimentos amplamente conhecidos dos referidos períodos históricos. São contribuições iniciais, mas que colocam ênfase em algumas conclusões que, certamente, ajudam nas lutas da atualidade. Nos dois períodos analisados, foi aplicada por parte das direções então majoritárias do movimento estudantil a estratégia de frente democrática com setores da burguesia tidos como democráticos para enfrentar a ditadura. No imediato pós 64, peloPCB – o velho “partidão” que logo sofreu várias rupturas – e a partir de 1977 pelo PCdoB, que mantém sua posição majoritária até os dias de hoje. Em ambos os períodos históricos, essas estratégias mostraram sua impotência. Ao fim da ditadura militar, tal política de conciliação de classes fez com que direções majoritárias da UNE se apartassem das lutas operárias, entendidas por essas direções como ações que poderiam barrar o processo de abertura protagonizado pelos próprios militares. Nesse mesmo período, a principal corrente de oposição, a Libelu, apontava a necessidade da confluência com as lutas operárias, mas não colocava no centro da sua política para a UNE a necessidade de o movimento estudantil confluir com o movimento operário que se levantava, com vistas àderrubada da ditadura militar por meio de métodos revolucionários. Denunciavam a abertura promovida pelos militares e a política das direções majoritárias da UNE, mas, ao não colocar essa possibilidade no centro de sua política, também se mostraramimpotentes no sentido dedesmascarar a política de Lula e das direções “autênticas” dos sindicatos, as quais buscavam evitar que o ascenso operário adquirisse uma dinâmica revolucionária capaz de, ao questionar frontalmente a ditadura, abrir caminho a um processo revolucionário que colocasse na ordem do dia o questionamento ao próprio Estado burguês.

Sintetizando algumas das lições estratégicas, dizemos que não podemos enfrentar o autoritarismo de Bolsonaro nos aliando com setores burgueses como o PSDB, entre outros, que fazem pose de democráticos, mas compartilham, na prática, dos ataques, como fica evidente no caso da Reforma da Previdência. Nossa aliança deve ser entre os explorados e os oprimidos, combinada à luta democrática e econômica defensiva, com medidas programáticas que preparem a ofensiva contra o governo Bolsonaro e as forças burguesas que o apoiam. Um segundo elemento fundamental é a necessidade da auto-organização pela via das assembleias de base, a melhor maneira de organizar a unidade dos de baixo para se defenderem dos ataques atuais e que preparam as formas organizativas da futura ofensiva operária e popular, além de serem os embriões do tipo de democracia direta que queremos colocar no lugar do Estado burguês.

O movimento estudantil até 1968: um debate de estratégias para enfrentar os desafios de hoje

A refundação da UNE e o movimento estudantil frente à decadência do regime militar

 
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