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14J
Centrais sindicais não convocam ato em Brasília no 14J e isolam metroviários em greve
Letícia Parks
Julio C

Já se completa um mês da greve dos trabalhadores metroviários do Distrito Federal, que exige a manutenção do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), que se anulado, retiraria dos trabalhadores direitos como auxílio creche, auxílio alimentação, indenização de transporte e plano de saúde. A greve foi considerada legal pelo TRT, mas por falta de acordo com a empresa, a greve continua. A resposta do governador é o aumento dos decibéis das ameaças de privatização de vários serviços básicos do Distrito. Nada disso explica porque Brasília não terá ato no dia 14.

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No Distrito Federal, vários são os serviços estratégicos e fundamentais para o abastecimento da vida da população que agora estão sob risco da privataria que viciou a maior parte da agenda política brasileira nos últimos anos. O transporte metroviário, a Companhia Energética de Brasília (CEB) e a Companhia de Saneamento Ambiental (Caesb) encabeçam a lista dos serviços a serem transferidos para o setor privado e, consequentemente, oferecidos para a população como mera mercadoria para quem pode pagar e não como atendimento de necessidade básica. A privatização do metrô, inclusive, foi anunciada enfática e cinicamente pelo governador no dia seguinte ao início da greve de trabalhadoras e trabalhadores metroviários.

A solução neoliberal é obviamente decidida nas alturas, sendo colocada de cima pra baixo e sem consulta pública, até porque o objetivo não é resolver os problemas que os setores enfrentam, mas sim satisfazer a vontade de lucros dos empresários mais próximos ao governador. Se fosse para lidar com os problemas enfrentados no cotidiano dos trabalhadores e usuários desse serviço, a medida emergencial jamais poderia ser a privatização, que comprovadamente piora as condições de trabalho e encarece o serviço para a população, além de no caso dos transportes, oferecer enormes riscos. A “economia” feita com contratações por empresas terceirizadas está por trás de muitos dos piores acidentes já vistos no país, o mais recente deles, o massacre cometido pela Vale na cidade mineira de Brumadinho. Se levado ao âmbito do transporte, basta ver que o fato de ser privado faz com que as linhas de ônibus do DF, além de caras, sejam palco de precariedade das condições de quem trabalha e do serviço prestado, com diversos casos de pessoas empregadas em função dupla de motorista e cobrador.

O projeto de reafirmação do Brasil como país subdesenvolvido e entregue ao capital imperialista se reafirma nesse âmbito. Na capital federal esse curso leva atualmente a assinatura de Ibaneis Rocha, advogado de carreira altamente disputado para defender assassinos endinheirados e que hoje ocupa o cargo de governador. Ibaneis acompanha a tendência ao crescente autoritarismo que vem guiando o país e cada vez mais açoita as demandas populares com uma agenda neoliberal dos espaços e serviços públicos em benefício do capital privado. As explicações do governador para essas medidas privatistas foram dadas em uma celebração que atualiza a formação dos policiais militares do DF em sintonia com o pacote anticrime de Sérgio Moro. A intenção é vender os serviços de atendimento público para o capital privado em todas as áreas possíveis e “mantendo a presença do governo para fazer as ações que são verdadeiramente de Estado”, disse Ibaneis rodeado por militares que ilustram muito bem a função básica do Estado e as intenções de sua atual regência.

A solução apresentada por Ibaneis vai contra as exigências e manifestações de funcionários das respectivas instituições e da população e fazem coro com a “mãe de todas as reformas” que é a reforma da previdência, que quer chegar ao cúmulo de vender nossas aposentadorias para os bancos e instituições privadas do capital financeiro. Ambos ataques mostram a potencialidade que a greve de metroviários tem, na proximidade da greve geral de 14 de junho, de carregar atrás de si todas as categorias afetadas e o conjunto dos trabalhadores do país que sentem o peso da ameaça de trabalhar até morrer, essa última uma pauta que deve ser levada adiante por todas as categorias do país, impondo a Bolsonaro a mesma derrota que Temer sofreu com a greve geral de 28 de abril e impedindo definitivamente a aprovação da reforma da previdência.

Infelizmente, levada pelos seus interesses particulares de controlar e desviar a luta desse 14J, as burocracias das centrais sindicais se isentaram de qualquer tipo de convocação de ato centralizado em Brasília, uma forma de usar nossa luta para provar ao governo que controlam suficientemente o movimento de massas e assim conseguir negociar anulação da PL que, na prática, impediria a contribuição sindical. Com essa medida, somada a existência da greve de metroviários e ao anúncio de uma paralisação total dos rodoviários, as centrais causam um enorme isolamento desses trabalhadores, que podem ser duramente ameaçados de repressão sem contar com a unidade na rua de outras categorias, condição que se existente poderia criar a correlação de forças necessária tanto para uma vitória dos metroviários quanto para fortalecer nacionalmente a luta contra a reforma da previdência, já que Brasília é um local chave para nossa mobilização, centro da política nacional.

 
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