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MASSACRE
Boa parte dos presos assassinados em Manaus nem tinham sido julgada. Retrato brasileiro
Redação

O massacre no presídio em Manaus evidenciou todo o racismo e a injustiça do sistema prisional brasileiro. Cerca de 34,4% da população carcerária não teve anda julgamento e em sua grande maioria são negros.

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A Defensoria Pública do Amazonas divulgou nota informando que ao menos 11 dos 55 presos assassinados nos últimos dias no estado amazônico sequer tinham sido condenada – oficialmente – pela justiça. Estavam presos sem sequer direito a julgamento. Já estavam condenados de antemão pelo racismo do Estado brasileiro. As facas e mãos que lhes tiraram a vida em meio a uma guerra às drogas, feita para justificar mais repressão, só completaram a obra racista das polícias, governantes e judiciário brasileiro. Sua situação e sua morte são um vivo retrato do Brasil.

Um levantamento recente feito pelo G1 informa que 34,4% dos presos no país nunca foi julgada. Ou seja 258 mil pessoas estão trancafiadas, colocadas em situações subhumanas sem nunca ter sido condenada. Bastou uma acusação policial e uma autorização da justiça e pronto, anos trancafiados. Frequentemente as “prisões provisórias” devem-se a acusação de tráfico de drogas, não importa se forjadas ou se através de supostas quantidades reais – porém - pífias apreendidas. Essa situação que acomete sobretudo os pobres e negros no país escancara como o Estado brasileiro estrutura seu racismo para tirar vidas. O ocorrido nas detenções no Amazonas foi só um aceleramento deste processo cego, surdo e imenso em curso em todo o país.

Governantes fazem campanha em prol de prisões em massa – e sem julgamento – como frequentemente faz o tucano Doria em São Paulo, ou simplesmente advogam pelo direito dos policiais assassinarem impunemente, como quer Witzel do Rio de Janeiro, Bolsonaro e Sérgio Moro com sua lei anti-crime que garante um “excludente de ilicitude” para as forças assassinas.

A proporção racial dos assassinatos policiais e das detenções no país – ainda mais nas detenções provisórias e sem julgamento – escancara esse racismo explicito. A maioria esmagadora dos presos são negros, a maioria esmagadora dos presos sem julgamento são negros. Basta a acusação policial, basta o martelo de um juiz, e pronto, preso sem julgamento. A cor da pele, os traços, a vestimenta, forma de falar, e as condições de classe já condenaram.

Bolsonaro tenta alegar que “quase não há racismo no Brasil”. Mas em cada boeiro da classe dominante ele reaparece purulento. Em cada estatística social, em cada bárbarie os negros são as maiores vítimas.

Eis um retrato do Brasil. E no massacre do Amazonas não podia ser diferente.
Eis a política de Estado para amedrontar uma parcela majoritária da população e assim tentar inibir que os trabalhadores lutem por seus direitos, como contra a reforma da previdência, e que se oponham aos diários assassinatos policiais, aos diários encobertamentos de assassinos. Safar os policiais que alegam “auto de resistência” em cada chacina que promovem é uma realidade cotidiana, como fez o Superior Tribunal Militar, libertando os militares que fuzilaram o músico Evaldo com mais de 80 tiros, um tribunal que ignorou que uma de suas ministras alegou que todas evidências da defesa (ou seja do Exército brasileiro) tinha se apoiado em provas adulteradas!

Querem com assassinatos, prisões sem julgamento, e a repressão cotidiana aos pobres e negros amedrontar a população, como também tentaram fazer com o assassinato de Marielle Franco, tentando calar a voz da esquerda e dos negros. Mas não conseguiram nem conseguirão.

Diante do racismo escancarado de 258 mil pessoas presas sem julgamento é preciso levantar uma forte campanha anti racismo, que questione essas prisões e também a violência policial. Conquistas civilizatórias pré-Revolução Francesa precisam ser impostas contra o racismo do Estado brasileiro, garantindo imediata liberdade a todos aqueles que estão detidos sem julgamento, bem como que todos julgamentos sejam feitos perante um juri de iguais, ou seja, que retratem a população brasileira de maioria negra. É preciso unir essa demandas com a luta pela legalização das drogas e uma perspectiva que unifique o combate ao racismo, tão vivo em cada poro do que a burguesia nacional toca, com o sistema que ele alimenta, o capitalismo. A resposta a barbaridade de presos sem julgamento passa por unir a luta contra o racismo com o sujeito (de maioria negra) que pode lhe dar resposta, a classe trabalhadora.

 
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