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PARALISAÇÃO NACIONAL
"As centrais sindicais precisam antecipar a greve geral unificando no dia 30 de maio com a juventude", diz Flavia Valle
Redação
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Depois das marchas do 15M que levaram às ruas do país inteiro mais de 1 milhão de pessoas contra os cortes à educação promovidos pelos governo Bolsonaro, uma nova jornada de mobilização foi convocada pela União Nacional dos Estudantes (UNE) para o dia 30/5. As centrais sindicais, que tinham convocado uma jornada de paralisação nacional contra a reforma da previdência para o longínquo 14/6, não se pronunciaram sobre a data, e mantém inalterado seu "calendário" a despeito da necessidade evidente de unificar as lutas.

Sobre este tema, Flávia Valle, professora da rede estadual de Minas Gerais e dirigente do MRT disse que, "Ao menos 208 cidades do Brasil tiveram manifestações neste 15M contra os cortes de recursos para a educação anunciados por Bolsonaro e Weintraub, levando mais de 1 milhão de pessoas às ruas. O reacionário governo Bolsonaro tem a narrativa da chantagem: ’se quiserem a revogação dos cortes na educação, aceitem a reforma da previdência’, mostrando que despreza duplamente todos os níveis do ensino, do básico ao superior, já que além dos cortes de verba em si a reforma da previdência deprimirá as condições de trabalho e de vida de milhões de professores de todos os níveis, além da classe trabalhadora de conjunto. Para além das divergência táticas, nesse ponto existe um acordo estratégico entre o governo, o Congresso Nacional (com Rodrigo Maia e David Alcolumbre à cabeça), com o autoritarismo judiciário do STF e da Lava Jato, com os militares e os fatores reais de poder econômico: aplicar profundos ajustes neoliberais contra os trabalhadores, para seguir o pagamento da fraudulenta dívida pública aos especuladores financeiros internacionais. Milhões de trabalhadores e jovens - que dos 18 aos 24 anos tem uma taxa de desemprego altíssima, de 27,3% segundo o IBGE - não estão dispostos a negociar seu futuro, e por isso a resposta no 15M foi contundente, e seu seguimento precisa ter um horizonte claro: unificar a luta contra os cortes na educação com a batalha para derrubar a reforma da previdência"

"Para isso, em primeiro lugar é evidente que a paralisação nacional convocada pelas centrais sindicais para 14/6 precisa ser antecipada para 30/5: precisamos de uma paralisação nacional unificada contra os cortes e contra a reforma da previdência. Inclusive a mídia, que cobriu os atos do 15M, fez todo o possível para esconder o problema da reforma da previdência. A unificação das pautas numa paralisação nacional comum é um passo necessário para fortelecer o seguimento do combate aos ataques neoliberais do governo, unir estudantes e trabalhadores e tornar indissociável a luta contra os ataques à educação à batalha contra a reforma da previdência".

Sobre os motivos da atual separação das jornadas, Flávia disse que "As centrais sindicais, inclusive a CUT e a CTB, dirigidas pelo PT e PCdoB, não fazem qualquer menção de unificar estas lutas e antecipar a paralisação nacional de junho para 30/5. A UNE, encabeçada pelos mesmos PT e PCdoB, se finge de morta e não fala nada, sem qualquer chamado às centrais. Por quê? Porque até agora essas direções burocráticas nos movimentos operário e estudantil atuaram, até agora, como agentes da separação entre trabalhadores e estudantes, de um lado, e da separação das pautas relativas aos cortes e à reforma da previdência, por outro. Isso é assim porque não querem organizar um plano de luta sério contra a política central do governo Bolsonaro, que quer nos fazer trabalhar até morrer. A UGT já havia dado seu apoio à reforma de Bolsonaro, e quer usar os trabalhadores rodoviários como bucha de canhão para essa política; Paulinho, da Força Sindical, teve a pachorra de defender a reforma da previdência em pleno ato do 1 de Maio! Tanto a CUT quanto a CTB estavam presentes, ao lado do Paulinho, e não levantaram uma crítica sequer. O motivo? É que para além dos discursos das figuras parlamentares do PT contra a reforma, os governadores do PT são favoráveis à reforma da previdência (todos os 4: Rui Costa da BA, Fátima Bezerra do RN, Camilo Santana do CE, Wellington Dias do PI). Quanto ao PCdoB, é aliado de Rodrigo Maia, o principal articulador da reforma da previdência no Congresso. Isso explica o silêncio da UNE sobre a necessidade de antecipar a paralisação nacional marcada para junho. Tábata Amaral, do PDT do Ciro Gomes, finge ter uma ’nova política’ mas defende também a reforma da previdência que atacará a vida de todos os professores que diz representar".

"Não podemos deixar nosso futuro ser negociado por esses direções burocráticas. Nós do MRT, que impulsiona a Juventude Faísca e o Movimento Nossa Classe em vários estados do país, atuamos no 15M pela unidade das fileiras dos trabalhadores e dos estudantes na luta de classes, e para que não se pare a batalha contra a reforma da previdência da luta contra os cortes. Por isso exigimos da CUT e da CTB que antecipem a jornada de paralisação nacional para o dia 30/5. Em todos os locais de trabalho e estudo, precisamos dizer às centrais sindicais e à UNE que nossa luta é uma só: contra a reforma da previdência e os cortes na educação, e exigir que a paralisação nacional de junho seja antecipada para 30 de maio. O PSOL, que até agora, mesmo onde atua, não se posicionou criticamente diante das manobras dessas burocracias nos sindicatos e nas entidades estudantis, precisa utilizar seus postos parlamentares para fazer a exigência da antecipação da paralisação nacional para 30/5. A CSP-Conlutas, dirigida pelo PSTU, ao invés de ficar cantarolando sobre a ’unidade de todos’ os aparatos burocráticos das centrais que hoje dividem nossa luta, devia batalhar pela unidade real das bases operárias e estudantis por objetivos práticos de ação na luta de classes. É com essa política que podemos enfrentar de fato as medidas de Bolsonaro, incrementar a força do 15M e não apenas reverter os cortes do MEC mas derrubar a reforma da previdência. É importante que organismos de auto-organização de massas surjam, como um comando nacional de mobilização com delegados eleitos pela base em cada universidade em luta, para que os estudantes controlem e decidam cada passo da mobilização".

Flávia concluiu dizendo que "A força de uma política como essa pode colocar em questão toda a estrutura educativa: queremos uma universidade verdadeiramente pública, gratuita e para todos os trabalhadores, e para isso é necessário avançar para o fim do vestibular e a estatização das universidades privadas e monopólios da educação, única maneira de impedir que esse tubarões do ensino, como a Kroton-Anhanguera, lucrem com um direito básico. A reforma da previdência, se aprovada, será um ataque gigantesco à educação, de proporções ainda mais profundas que os atuais cortes do MEC. Para incrementar as verbas da educação não precisamos da reforma da previdência (que os bancos e empresas paguem os R$450 bilhões que devem à Previdência Social), e sim da abolição do pagamento da dívida pública, que constrange anualmente o orçamento federal às necessidades dos banqueiros estrangeiros, num verdadeiro mecanismo de subordinação estrutural que impede que as riquezas nacionais sejam utilizadas para melhorar os serviços públicos. Só assim podemos fazer com que os capitalistas paguem pela crise".

 
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