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UFMG
Retomar o DAEBA para as mãos dos estudantes: contra um processo antidemocrático na entidade!
Pão e Rosas - UFMG
Faísca - UFMG

Na última quarta-feira (10) uma nova gestão tomou posse do Diretório Acadêmico da EBA-UFMG, mas sem ter havido um processo eleitoral e uma votação que permitisse a ampla participação dos estudantes. O que vimos foi um show de manobras, se baseando na legislação, para impor a vontade de uma minoria de maneira totalmente antidemocrática.

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Foto: piscinão da EBA UFMG durante ocupação em 2016. Fonte: Ocupa Belas Artes UFMG

Na última quarta-feira (10) foi realizada na Escola de Belas Artes da UFMG uma assembleia geral de Refundação do D.A. da escola, convocada pela Junta Eleitoral da entidade. Entre as pautas presentes no edital de convocação havia “Eleição e posse da Diretoria Executiva”, sem explicitar que a gestão seria eleita ali mesmo na assembleia, sem processo eleitoral e sem participação ampla dos estudantes.

Frente a desregularização do Diretório Acadêmico da Escola de Belas Artes, a gestão anterior iniciou um processo de refundação da entidade o que, além de prolongar de maneira não oficial por mais de três meses parte da gestão, culminou na aprovação, baseada no voto de cerca de 35 estudantes presentes na assembleia durante a primeira pauta desta, de um novo diretório a partir da manobra de não explicar que ao final da mesma assembleia, já esvaziada, haveria a formação de chapas e “eleição” de uma nova gestão para os próximos 12 meses.

É preciso que as direções das entidades estudantis busquem se colar à maioria dos estudantes, pois a conjuntura requer que as usemos como instrumentos de luta, que só serão potentes com organização desde a base. Vivemos um tempo de crise econômica, política e social no país e, desde o golpe institucional iniciado em 2016, um mais rápido atropelamento de direitos democráticos elementares como o direito de votar em Lula, arrancado pelo judiciário com o objetivo de se fortalecer para atacar os direitos políticos dos estudantes e trabalhadores que se organizem em grupos de esquerda ou nos seus sindicatos e entidades estudantis. Sofremos na UFMG a censura do mesmo judiciário aos estudantes durante as eleições presidenciais no ano passado. Agora estamos com o governo de Bolsonaro se contorcendo para a Reforma da Previdência entrar nos trilhos e fazer os trabalhadores pagarem pela crise que não criaram; com trabalhadores e cidades mineiras soterrados ou na mira de serem soterrados por lama tóxica das mineradoras, como a Vale; com um carro de uma família alvejado por 80 tiros do exército no Rio de Janeiro; e mesmo na própria escola, com recente restrição da entrada da população no prédio mediante apresentação de carteira estudantil.

Por tudo isso, nós da Juventude Faísca e do Grupo de Mulheres Pão e Rosas batalhamos, em todas as universidades onde estamos, para que a máxima democracia seja garantida nos processos que envolvem decisões e que os estudantes quase sempre têm espaço negado. Essa burocracia presente nos espaços institucionais mantém os estudantes separados da política mesmo sob um governo Bolsonaro que exige máxima politização desses que foram vanguarda de lutas importantes, como as ocupações de 2016 contra a PEC do teto de gastos de Temer. Repudiamos que a diretoria da EBA negue o direito de representação estudantil nas decisões da Escola e compreendemos que muitos estudantes queiram conquistar esse espaço por vias jurídicas, atrás de uma regularização que custa caro aos cofres do D.A. Mas sabemos que a melhor resposta é a auto-organização dos estudantes desde a base, usando o D.A. EBA como instrumento.

Nesse sentido procuramos expor aos estudantes presentes o jogo que parecia se desenvolver ali na assembleia e que foi confirmado após longa discussão: a maioria dos estudantes presentes votaram ao início da mesma por um novo D.A. sem saber que isso significava, pela lei, a eleição de uma gestão na mesma noite. Com a assembleia já esvaziada, após horas de reunião, uma nova gestão foi eleita quase exclusivamente pelos próprios membros dela. Uma gestão que único comprometimento (exposto frente a uma assembleia completamente esvaziada) é levar à frente o processo de legalização do D.A. que, apesar de ser importante, sozinho, só clarifica que têm interesse em dialogar apenas com a direção da congregação burocrática da instituição e não com os estudantes.

Nós da Faísca e do Pão e Rosas combatemos até o fim essas práticas porque já conhecemos de longa data métodos assim, típicos da direita, que usam de manobras com a legislação para impor a vontade de uma minoria, sem amplo diálogo e participação da base dos estudantes, rasgando qualquer processo democrático. Mas nos surpreendemos quando as vemos levadas à frente por grupos de esquerda, dado a presença da Juventude Afronte/PSOL à frente de todo o processo e, agora, dentro da própria gestão, com um membro que também é do Diretório Central dos Estudantes da UFMG, entidade da qual exigimos explicações desde o dia do ocorrido.

A gestão anterior do D.A. EBA era composta não só pelo Afronte, mas também pelo Correnteza/UP, ambas correntes que compõem a maioria da direção do DCE. Por isso seguimos exigindo um posicionamento do DCE, que até então não se pronunciou nem tomou qualquer providência.

Portanto, frente à convocação de uma assembleia de urgência para a próxima quarta-feira (17), chamamos todos os estudantes da EBA a estarem presentes para batalhar por um processo eleitoral democrático com amplo debate de chapas e participação estudantil na votação, em que seja eleita uma gestão realmente representativa dos estudantes.

Estaremos lá batalhando por um novo movimento estudantil que subverta a burocracia construída nos espaços de representação dos estudantes, que procure desenvolver uma mobilização junto aos trabalhadores para responder à altura dos ataques que estão colocados à classe trabalhadora e à educação pelos governos de direita e extrema-direita, como de Zema e Bolsonaro, e pelo autoritarismo judiciário servis ao mercado financeiro, aos grandes empresários e a Trump. Um movimento estudantil que se comprometa a pautar as questões nacionais e a contribuir para construir as forças necessárias contra Bolsonaro.

A entidade representativa dos estudantes da EBA pode e deve ser uma ferramenta de luta e exemplo para toda a UFMG da vontade dos estudantes de se contrapor à extrema-direita e de se ligar àqueles que estão fora das universidades públicas que querem lutar contra a Reforma da Previdência, por justiça por Marielle e contra um Estado que fuzila famílias negras sob a égide de políticas como as defendidas por Moro em seu pacote anti-crime.

Neste sentido, também exigimos que o DCE se coloque à disposição de organizar um amplo debate por uma eleição democrática de delegados ao Congresso da união Nacional dos Estudantes (CONUNE) que pode vir a ser um espaço de expressão das decisões políticas que os estudantes da UFMG querem levar à frente, exigindo que a UNE organize de fato os estudantes contra os planos de ajustes capitalistas frente à crise.

 
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