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RIO DE JANEIRO
Rio de Janeiro, o retrato cruel da crise capitalista sendo paga pelos trabalhadores e pelo povo negro
Vanessa Duarte

10 mortos desde ontem vítimas das enchentes no Rio. Há um mês, outras 6 pessoas haviam sido também arrastadas e mortas pelas chuvas no verão também no Rio. A resposta que os governos e o Estado dá à situação de calamidade no Rio de Janeiro é mais repressão, como os 80 tiros de metralhadora em um pai de família na zona norte do Rio. A situação do Rio de Janeiro agoniza: enquanto cariocas e lutadores do país todo seguem lutando por justiça e punição aos envolvidos no assassinato de Marielle Franco, o Estado aumenta e fortalece o cerco para atacar os trabalhadores e a população pobre. Bolsonaro, Witzel, Crivella e o “herói” Sérgio Moro com seu “pacote anti-crime” atuam, cada um à sua maneira, para transformar a situação política a partir dos “exemplos” no Rio de Janeiro.

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O número de mortos na enchente na capital do Rio de Janeiro cresceu enquanto escrevíamos estas linhas. Um fenômeno natural tão comum e previsível quanto a chuva é ainda em 2019 um perigo à vida de milhões de pessoas quando se trata de um sistema capitalista, em especial em um país com traços de semi colônia como o Brasil. Crivella, que há pouco deu entrevistas se eximindo da responsabilidade, sabe que a história se repete, e não é a primeira vez que o Rio grita socorro nessas condições: a falta de estrutura para lidar com as chuvas em uma cidade como o Rio de Janeiro não é novidade para ninguém, e não é um “desastre natural”, mas sim uma tragédia anunciada no mínimo desde o corte, promovido por Crivella, de R$ 7,6 milhões e do contingenciamento de mais de R$ 96 milhõe, no ano passado, que seriam destinados ao controle e fiscalização dos sistemas de drenagem de rios e canais. E mais do que isso, é resultado da negligência dos últimos governos e prefeituras ao longo de anos.

Por um lado, esse descaso destrói casas e arrasta vidas de trabalhadores pobres enquanto, por outro, os governos do Rio favoreceram empreiteiras gigantescas que lucram com grandes obras para dar projeção internacional ao Brasil - como a Copa ou as Olimpíadas -, mas que em nada favorece à população, usando mão de obra semi escrava para lucrar com o suor dos trabalhadores, favorecendo a mafiosa e escravista elite carioca ligada ao que tem de mais podre no regime político. É a mesma corja de Witzel que defende abertamente mirar na cabeça da juventude negra e atirar e que “estende a bandeira”, como fizeram quebrando a placa de Marielle Franco, após seu assassinato. Em resposta à miséria e ao drama que vivem os trabalhadores cariocas, promovem maior repressão aos trabalhadores, mais morte aos negros e maior perseguição às organizações políticas dos trabalhadores e da juventude.

O pacote “anti-crime” de Sérgio Moro é a institucionalização dessa política que abre espaço para a impunidade diante dos assassinatos que ocorrem pelas mãos do aparato policial do Estado. É a “carta branca” para que mais militares ou policiais exterminem famílias negras sob quaisquer “justificativas”. Um pacote que fortalece as forças repressivas do Estado, que especialmente no caso carioca tem mil laços com “esquadrões da morte” e são parte integrante das milícias assassinas. É também a tentativa de fazer escalar ainda mais o autoritarismo judiciário transportando para dentro do Executivo, com o Ministério da Justiça, o poder de controlar a política e ditar os caminhos do regime no país, como Sérgio Moro já vem tentando fazer junto ao Poder Judiciário e aos “fatores reais de poder” desde o golpe institucional de 2016.

A resposta de mais mortes e mais repressão que Witzel e Crivella querem dar aos cariocas, junto aos planos do governo de Bolsonaro ao lado de Sérgio Moro, é justamente para tentar cercar os trabalhadores e a juventude pela força de repressão e do medo da bala. Isso tudo como parte de criar uma nova reconfiguração do regime, para que a crise econômica seja despejada com ainda mais peso sobre as costas dos trabalhadores e do povo pobre, com mais desemprego, inflação, cortes orçamentários, reforma trabalhista e o “centro de gravidade” do projeto ultraneoliberal da reforma da previdência, além de um plano de privatizações e entrega de todos os recursos nacionais aos bolsos dos capitalistas nacionais e imperialistas.

É por este projeto de cidade e estado que a prefeitura e governo do Rio mantêm essa situação de calamidade. A situação insustentável exige um plano imediato com o direcionamento de verbas para a construção de obras públicas para todos, sobre a base de impostos às grandes fortunas (mansões, latifúndios) e à expropriação sem indenização dos políticos e empresários envolvidos em escândalos de corrupção. É preciso um plano coordenado pelos próprios trabalhadores e sem-teto, criando empregos a todos os que hoje encontram-se desempregados, subaproveitados ou desalentados, com moradia e vida digna para as famílias.

Eles nos querem escravizados, mortos e submissos. Não podemos aceitar essa carnificina que tem como pano de fundo a tentativa da aplicação da reforma da previdência, que quer fazer os trabalhadores morrerem sem ter acesso à aposentadoria. É preciso enfrentar esses governos e também o autoritarismo judiciário e de Sérgio Moro, dizer basta aos assassinatos da juventude pobre e negra e basta de pagar a crise no Rio de Janeiro com mortes de dusis, enchentes e desemprego.
Bolsonaro, Witzel, Crivella, Moro e o Estado racista são responsáveis pelo disparo dos 80 tiros contra Evaldo Rosa dos Santos e são também os responsáveis pelas mortes causadas pelas enchentes.

 
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