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CONTRA REFORMA PREVIDÊNCIA
Depois de desavenças, Executivo e Legislativo se unem para golpear as massas com reforma da Previdência
Vanessa Dias
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As principais mídias do país se concentraram na última semana em acompanhar a guerra de braço entre o Executivo e o Congresso, com Bolsonaro e Maia trocando fagulhas ao decorrer de vários dias e que chegou ontem, 27, em seu ponto alto diante das ameaças de Paulo Guedes de largar o governo caso Bolsonaro não se centralizasse diante das articulações para garantir o “centro de gravidade” do governo, a reforma da previdência.

Diante a ameaça de Guedes, Moro se disciplina e entra em cena mais uma vez para tentar garantir o objetivo central de toda a burguesia neste momento, a tão esperada reforma, se reunindo com Maia na manhã desta quinta-feira, 28, sob mediação de Joice Hasselman (PSL), que batalha para plicar os mais duros ajustes neoliberais contra a população pobre e proteger os empresários milionários que devem mais de R$450 bilhões à Previdência e seguem impunes.

Mas, desta vez, Moro atua não para coagir os atores da “velha política” com os métodos da Lava Jato; ao contrário: cede, à vista de que, sem a “velha política”, a aprovação do projeto da reforma se torna impossível. Moro recua nas posições do Executivo ao afirmar que “o tempo e a pauta das votações é do Congresso”. O faz, por um lado, sob a garantia, por parte de Maia, da aceleração da tramitação de seu “pacote anti-crime” no Congresso, que vai escalar ainda mais o autoritarismo judiciário e, por outro lado, cede centralmente pela forte pressão dos “fatores reais de poder” econômico-militares diante de toda a casta política que foge do “centro de gravidade”.

A pressão dos “fatores reais de poder” é aquela das reuniões realizadas entre o vice general Mourão e a nata da patronal (como Paulo Skaf da Fiesp; o escravagista Flávio Rocha e o reacionário Luciano Hang das lojas Havan), que mostra que, se Bolsonaro vacila com o plano da burguesia, um setor dos militares toma a frente das negociações. É também aquela advinda da queda da Bolsa, com investidores, banqueiros, empresários, analistas de mercado e capitalistas de todo o tipo: “se o governo não aprender com isso, o mercado vai rever posições”, ameaçou um deles, o economista-chefe da Guide Investimentos. Em troca da garantia da reforma da previdência, Moro e o próprio Bolsonaro, ao contrário da imagem arquitetada de símbolo da “nova política”, se adequam à tradicional política de fisiologismos dos capitalistas, junto ao Congresso, ao Judiciário, à mídia, à alta cúpula das Forças Armadas e, claro, à burguesia imperialista.

A mudança da postura de Bolsonaro também é fruto disso, e se coloca “à disposição do Congresso” para virar a página das intrigas. Junto a esse embalo também há o PSL, que se unifica a favor da reforma da previdência. A decisão tomada hoje na sede do PSL em Brasília reorienta os deputados filiados, sob pena de punição a quem não seguir as orientações, a abafar os ruídos internos. É a “nova política” mostrando que os eixos do “velho regime” são ainda os mesmos.

Sob dois métodos distintos para a aplicação de uma mesma política - o “toma lá da cá” do Congresso, de um lado, e os métodos da República de Curitiba, de outro - descarregar a crise sobre as costas dos trabalhadores. Ambas as alas, mesmo com suas diferenças sobre a Lava Jato, seguem com o objetivo de transformar o regime no Brasil para servir ainda mais ao capital financeiro internacional.

Naturalmente esse apaziguamento não sana as desavenças, e podem eventualmente ressurgir. Entretanto, é uma sinalização de mudança no rumo que vinha tomando a crise; uma relocalização das formas do regime para conseguir atacar de maneira mais certeira os trabalhadores. E, junto a isso, a garantia de Maia sobre o pacote de Moro é também uma relocalização das alas Lava Jato para escalar o autoritarismo judiciário e transformar de vez a correlação entre as classes no país.

Enquanto os “fatores reais de poder” se digladiam e se reorientam, a classe operária segue sendo um ator de papel secundário na situação política do país, resultado da paralisia das centrais sindicais.

O PT, que dirige a CUT, maior central sindical do país, segue esperando que as frações do governo se autodestruam enquanto esperam as próximas eleições de 2022. Uma estratégia que organiza a derrota das massas, e que se explica pelo projeto de país do PT durante seus 13 anos de governo: a aliança com o agronegócio, com as igrejas evangélicas e os órgãos repressivos - base política de Bolsonaro - marcou um programa de conciliação de classes para administração do capitalismo em decadência.

O PT e as centrais sindicais que orbitam a seu redor, como a CUT e a CTB (dirigida pelo PCdoB) dão tempo para que o governo reorganize suas fileiras e volte a combinar esforços para atacar os trabalhadores. Dão governabilidade a Bolsonaro e à extrema direita, fazendo uma "oposição de redes sociais" completamente inútil. É impossível lutar seriamente contra a reforma da previdência com a política traidora do PT.

O que os trabalhadores precisam é de alternativas que se choquem com essas direções sindicais para retomar em suas mãos os sindicatos e resgatar os métodos histórico de luta dos trabalhadores, que são as paralisações, as greves, as massivas manifestações de rua: a pressão da luta de classes é a única que pode barrar a reforma da previdência e fazer recuar a direita e o reacionarismo.

A tarefa imediata para os trabalhadores é batalhar em cada local de trabalho e dentro dos sindicatos e entidades estudantis pela construção efetiva de uma luta massiva contra a reforma da previdência. É preciso, junto às bases das categorias, convocar um plano de lutas que coloque fim à essa trégua com o governo.

 
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