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MILITARIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO
Bolsonaro e sua falácia de militarização escolar para salvar a educação
Redação

Nesta segunda-feira, Eduardo Bolsonaro, levado a tiracolo pelo pai em sua visita aos EUA, gravou vídeo no qual o presidente da república desfrutou de mais uma oportunidade de mostrar o enorme abismo entre seus discursos e sua prática, além de defender um projeto autoritário e elitista para a educação.

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Nesta segunda-feira, Eduardo Bolsonaro, levado a tiracolo pelo pai em sua visita aos EUA, gravou vídeo no qual o presidente da república desfrutou de mais uma oportunidade de mostrar o enorme abismo entre seus discursos e sua prática, além de defender um projeto autoritário e elitista para a educação.

Durante os minutos do vídeo em que se refere ao tema da educação, Jair Bolsonaro agradece ao prefeito Washington Reis, de Duque de Caxias (RJ), onde em dezembro passado foi inaugurado um colégio militar, intitulado Percy Geraldo Bolsonaro, homenagem ao pai do político, e que conta com o versículo bíblico da campanha de Bolsonaro escrito em seus muros. Em um Estado laico, para os defensores do Escola Sem Partido não está nada mal utilizar verba e prédios públicos para a difusão de sua concepção religiosa, além de misturar a gestão estatal com uma continuidade da propaganda eleitoral. Da mesma forma, Bolsonaro diz explicitamente que para ele é tarefa da escola “incutir na cabeça da garotada o amor à pátria”. Como sabemos, o Escola Sem Partido é na verdade o Escola Com o Partido de Bolsonaro.

Continuando, o presidente passa a reproduzir o discurso mentiroso e já desmascarado, de que a militarização das escolas é uma solução para o problema da educação no país. Existem estudos que buscaram se debruçar sobre isso e deixam claro como as comparações feitas a partir de resultados em provas como Enem etc., não ajudam a perceber a verdadeira diferença entre a maioria das instituições públicas de ensino e os colégios militares, que possuem entre seus ocupantes, significativa parcela de filhos de militares e uma renda média considerada muito alta.

Além do fato de que os colégios militares partem de uma seleção dos estudantes que poderão frequentar as aulas ali, expulsando aqueles que não se adequam, o que em si já diferencia totalmente das escolas públicas regulares, que tem como missão atender a toda a demanda, os colégios militares também contam com uma contabilidade completamente diferente. Segundo matéria do Estadão, cada estudante de um colégio militar custa em média R$ 19 mil por ano, mais do que o triplo gasto em média para cada estudante das escolas públicas, para generalizar esse nível de investimento atendendo todos os alunos de 11 a 17 anos a verba do MEC deveria ser multiplicada por três. A diferença não para aí, os salários dos professores nos colégios militares superam os R$ 10 mil, muito distante da realidade dos professores das escolas públicas, que se desdobram pegando aulas em várias escolas, buscando complementar a renda sem chegar à metade desse salário.

Até o momento, contudo, nada foi dito pelo governo Bolsonaro a respeito de aumentar significativamente o orçamento do MEC ou os salários dos professores, muito pelo contrário, o que vemos são discussões sobre ensino à distância ganharem força. Essas propostas se complementam bastante, dentro de um projeto de escolas de excelência em seus resultados, controladas por militares e com público alvo bastante restrito, de um lado, enquanto por outro lado a completa ausência de escolas, substituídas por polos de EaD para a grande massa dos jovens da classe trabalhadora.

Esse discurso de militarização das escolas não é apenas mentiroso em seus fundamentos, mas é também explicitamente autoritário e está na contramão das experiências mais bem sucedidas mundo afora em relação ao tema da educação. Nos colégios militares os jovens tem sua individualidade esmagada, não podem se expressar esteticamente, não exercitam a reflexão e a crítica, são transformados em vasos para depósito de um conhecimento externo, numa concepção pragmática que visa resultados positivos em testes avaliativos.

Contra essas propostas é preciso que estudantes, professores e comunidade se engajem na luta em defesa das escolas, como fizeram os secundaristas em todo o país em anos recentes, mas também é preciso lutar pela valorização dos professores, com aumento salarial, redução da jornada, para que possam estar mais próximos de seus alunos, contribuindo para que esses sejam protagonistas do seu processo de aprendizagem. Uma completa transformação do sistema educacional brasileiro é necessária e somente pode ser levada adiante como parte de uma luta contra o governo Bolsonaro e que seja travada pelos trabalhadores e a juventude, com seus métodos de luta.

 
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