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DEMAGOGIA
Bolsonaro homenageia ditador paraguaio: hipócrita defensor dos ’direitos humanos’ na Venezuela
Regina Moscote

Em visita ao Paraguai, Bolsonaro fez discurso pregando a imagem do ditador responsável por mortes, desaparecimentos e torturas, Alfredo Stroessner. Reduziu ao ridículo seu discurso em defesa da “democracia e direitos humanos” para atuar como pilar do imperialismo americano no golpe contra a Venezuela.

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General Alfredo Stroessner governou o Paraguai no seu período militar de 1954 até 1989, em uma das mais longas e sangrentas ditaduras na América Latina. Durante esses 35 anos de ditadura, os paraguaios viveram o terror do Estado. Stroessner deixou o poder com 336 pessoas desaparecidas, 19.862 pessoas presas e outras 20.000 torturadas. O Governo militar enviou 3.479 paraguaios ao exílio, segundo números da Comissão da Verdade e Justiça instaurada no pós-ditadura.

O atual presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, é filho do principal secretário de Estado de Stroessner daquele período, e é considerado um herdeiro do período militar. Recebeu Bolsonaro para a nomeação das novas autoridades de Itaipu, a hidrelétrica que os dois países compartilham no rio Paraná, mas os objetivos de Bolsonaro foram outros. Pregar “visão” de Alfredo que teve durante seus anos de governo, alentando mais um potencial aliado da direita sulamericana no governo paraguaio.

Disse que “do outro lado havia um homem com visão, um estadista que sabia perfeitamente que seu país, o Paraguai, só poderia continuar progredindo se tivesse energia”. “Então, aqui está minha homenagem ao nosso general Alfredo Stroessner”, acrescentou em português. Além disso, pregou alguns de seus versículos da Bíblia pouco antes de convidar o novo presidente paraguaio ao Brasil, ele que fará uma viagem no 12 de março para promover a construção de duas novas pontes entre os dois países.

Mediante essas declarações, além dos habituais elogios que fez ao torturador da didatura militar brasileira, Brilhante Ustra, Bolsonaro não tem a quem enganar. Ele é protagonista dentre as lideranças da direita do Grupo de Lima na intentona golpista de Trump contra a Venezuela. Usou das Forças Armadas para enviar, na última sexta-feira, caminhões com a suposta “ajuda humanitária” à fronteira com a Venezuela em Roraima, em uma ação idealizada nos gabinetes do governo de Washington. Fez isso em meio ao fechamento da fronteira chamado por Maduro, numa clara proposta de provocar distúrbios para os militares venezuelanos em uma tentativa de fazê-los abandonar Maduro.

Aproveitando-se da situação catastrófica na economia venezuelana e no justo rechaço popular ao governo autoritário de Maduro, a direita regional, dirigida por Bolsonaro e Iván Duque na Colômbia - apoiada pela grande mídia, como vergonhosamente fez a Folha de São Paulo - pendurou a velha fachada de defesa dos valores humanos e da democracia para tentar impor um regime ainda mais duro e penoso contra os trabalhadores venezuelanos. Querem usar da dependência de Maduro nos militares para exercer o seu poder, inclusive perseguindo sindicatos e partidos de esquerda, para fortalecer as posições de Guaidó (de pouca expressão nas massas venezuelanas) apoiado também no autoritarismo dos militares.

Não obstante, a direita do Grupo de Lima bateu continência para cada ordem do vice-presidente americano, Mike Pence, de retaliar economicamente a Venezuela. Os EUA, à frente desse golpe, faz uso do velho discurso democrático parte da tradição de seu império, repleto de “ajudas humanitárias” desastrosas para a humanidade. Ajudas essas levadas até o Haiti, representaram verdadeiros “abalos sísmicos” ainda piores que os terremotos, com denuncias de tropas humanitárias da ONU (lideradas pelo Brasil e por generais que hoje estão nos ministérios de Bolsonaro) de terem cometido as mais graves violações humanas, que garantiram um duro ajuste do FMI contra o povo negro no Haiti.

É com esse discurso que apoio o ditador egípcio Al Sisi, hoje um dos mais sanguinários líderes do Oriente Médio. E não falar das ditaduras latino-americanas, financiadas pelos seus governos, relação essa que Bolsonaro é entusiasta em reestabelecer por via da figura de Trump, sendo fiel escudeiro e fiador da expansão da direita “trumpista” em busca da reconquista norte-americana do seu pátio traseiro na América do Sul.

Por isso mais uma vez o Esquerda Diário repudia as provocações e quaisquer retaliações econômicas do Bolsonaro à Venezuela, especialmente as que seguirem as sanções de Trump à petroleira estatal PDVSA, que aprofundam a miséria promovida por Maduro como parte dos interesses golpistas no país. Facilitaram esta cruzada repudiável da direita golpista e do imperialismo as políticas autoritárias de Maduro, que abriram caminho à ofensiva imperialista ao colocar o povo venezuelano diante de uma catástrofe econômica e social terrível.

Trata-se de uma batalha anti-imperialista e internacionalista de primeira ordem para os povos latino-americanos, pois pode significar o fortalecimento dos ajustes que Bolsonaro e a direita regional contra os trabalhadores e setores oprimidos nos seus países. Nesse sentido, chamamos as centrais sindicais brasileiras, em primeiro lugar a CUT e a CTB - dirigidas pelo PT e pelo PCdoB, que se dizem contrários à intervenção imperialista dos EUA - os partidos da esquerda como o PSOL, movimentos sociais como o MTST, para organizar um grande ato em repúdio à tentativa de um golpe de Estado na Venezuela.

 
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