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INTERNACIONAL
Declaração da Frente de Esquerda (FIT) contra a ofensiva golpista na Venezuela
Redação

Declaração do PTS, PO e Esquerda Socialista, partidos que compõem a Frente de Esquerda e dos Trabalhadores (FIT) na Argentina, frente ao avanço reacionário que ocorre na Venezuela.

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Imagem: Líder da oposição de direita na Venezuela se autoproclama presidente.

Publicamos na íntegra a nota da FIT-Argentina contra o golpe em curso na Venezuela:

1. A Frente de Esquerda repudia a tentativa de golpe na Venezuela impulsionada diretamente pela intervenção do imperialismo norte-americano e seus lacaios da Organização dos Estados Americanos (OEA). A autoproclamação de Juan Guaidó como Presidente foi abençoada por Donald Trump e seus agentes diretos na América Latina, como Bolsonaro, Macri e Piñera, no que constitui a violação direta da soberania de um país latino-americano.

2. Eles buscam ocultar esse intervencionismo invocando a defesa da “democracia” e dos “direitos humanos”. Mas os governos dos Estados Unidos desde sempre promoveram todo tipo de intervenção militar e política contra os povos de todo o mundo. As conspirações golpistas na América Latina foram historicamente orquestradas a partir de Washington. O fascista Bolsonaro também não pode falar de “democracia”, quando não apenas reivindica a ditadura brasileira como também armou um governo cercado por militares, anunciando uma caça às bruxas contra os lutadores, a esquerda e o movimento popular. Denunciamos que os governos latino-americanos que aderiram a esta cruzada intervencionista e golpista violam os direitos e as liberdades democráticas para aprovar os planos de ajustes às suas populações e de entrega do patrimônio nacional às mãos do FMI e das multinacionais.

3. Macri, por sua vez, vem aprofundando uma política repressiva, incentivando a expulsão de imigrantes, a redução da maioridade penal e a Doutrina Chocobar de fácil gatilho [para as forças repressivas]. Os Macri vêm de uma corrente política que apoiou ou participou de todos os golpes e ditaduras militares que ocorreram no país desde 1955.

Também denunciamos Massa, Pichetto, Urtubey, organizados no Alternativa Federal, que acataram a cruzada golpista contra a Venezuela. Cristina [Kirchner], pessoalmente, até hoje não comentou sobre o assunto. Seu silêncio condiz com a política de unidade do peronismo, que claramente representa a unidade com aqueles que defendem a intervenção do imperialismo ianque na Venezuela. A declaração difundida pelo bloco parlamentar do FPV [Frente para a Vitória] está localizada no terreno do “diálogo”, promovido pelos governos do México e do Uruguai, o que equivale a uma solução negociada com o imperialismo.

4. Essa condenação não significa dar nenhum aval e apoio político ao regime bolivariano. O governo e o regime cívico-militar de Nicolás Maduro são responsáveis por conduzir o povo venezuelano a uma armadilha. Desde o início, o Chavismo estabeleceu um regime de poder pessoal e de estatização das organizações populares, com a Força Armada Nacional Bolivariana como principal suporte para seu poder. Sob o impacto da crise mundial e da queda dos preços do petróleo, aprofundou-se uma política de ajustes e ataques às condições de vida.

O governo venezuelano rebaixou o salário para seis dólares e causou uma catástrofe social e milhões de refugiados. Governam compactuando com multinacionais (empresas mistas de petróleo e mineração) e a favor dos grandes empresários nacionais e da chamada “boliburguesia” militar e civil, pagando prontamente a dívida externa. Em uma clara medida anti-operária, o governo de Maduro também eliminou a vigência dos acordos coletivos de trabalho que levaram à onda de greves até o final do passado. Em 2018, cresceram as greves de trabalhadores da saúde, da educação, da indústria de cimento, petroleiros e funcionários públicos, exigindo salários dignos e comida.

5. A oposição pró-ianque se aproveita do descontentamento popular, mas os planos que pretendem aplicar só sujeitarão as pessoas a novas privações enquanto aprofundam o saque do patrimônio nacional. Os apelos à “liberdade” e à “democracia” que a oposição faz apontam para um programa econômico que propõe como “solução” um maior endividamento externo e aumento da penetração do capital imperialista, quer dizer, avançar em uma política colonial. Uma réplica do que o governo argentino vem implementando e que está em andamento no Brasil.

Advertimos que os planos de ajustes e submissão ao FMI vão agravar as dificuldades e necessidades urgentes do povo venezuelano.

6. A Frente de Esquerda encoraja que os trabalhadores venezuelanos a aparecerem em cena com sua própria fisionomia. A alternativa é a mobilização operária e popular contra os planos de ajustes, a expulsão da burocracia oficialista dos sindicatos para conquistar a independência das organizações operárias.

A Venezuela deve ser governada pelos trabalhadores e dar origem a uma profunda reorganização anticapitalista que satisfaça as necessidades prementes do povo. Com esse objetivo, partindo de nossa oposição à tentativa de golpe e a qualquer tipo de interferência imperialista, propomos um programa operário de emergência que contemple os seguintes pontos: Não ao pagamento da fraudulenta dívida externa e repatriação forçada de capital; não às empresas mistas, petróleo 100% estatal sob controle de seus trabalhadores e técnicos, confisco dos bens daqueles que saquearam o país, para dispor desses recursos para as necessidades urgentes do povo e do país; pleno respeito aos contratos coletivos e um salário igual à cesta básica indexada segundo à inflação, combinado com um verdadeiro controle dos preços exercido diretamente pelos trabalhadores e as comunidades, com delegados eleitos democraticamente pela base nos lugares de trabalho e nas comunidades, que unifiquem a produção e a distribuição sob controle verdadeiro do povo, sem burocratas do governo nem militares; reincorporação de todos os demitidos; rejeição às demissões nos setores público e privado, ocupação e produção sob controle operário – sem militares nem governo – de toda empresa que demita ou que ameace fechar; liberdade aos trabalhadores presos por lutar e anulação dos julgamentos de trabalhadores, camponeses e todos aqueles processados por protestar.

Chamamos todos os trabalhadores latino-americanos a se mobilizarem em comum em todo o continente contra a tentativa de golpe e a lutarem por uma saída política dos trabalhadores para a Venezuela e para a unidade socialista da América Latina.

Partido dos Trabalhadores Socialistas – Partido Operário – Esquerda Socialista

 
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