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[DOSSIÊ] O FEMINISMO ANTIPUNITIVISTA
[DOSSIÊ] O feminismo antipunitivista contra a violência patriarcal
Redação

No Ideas de Izquierda Argentina, que traduzimos para o português pela relevância também em nosso país desse debate, publicamos as vozes das feministas antipunitivistas e contra a violência patriarcal, debatendo qual o sentido histórico e político do surgimento de um movimento internacional de mulheres que se propõe a sacudir as vestes poeirentas do machismo e do patriarcado. Lançamos, junto às mulheres argentinas, algumas perguntas incômodas: não nos calamos mais, mas e depois? Estamos construindo novos tabus?

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ilustração: Iara Rueda
tradução: Gabriel Soares e Letícia Parks

O movimento internacional de mulheres colocou em foco, sob uma nova luz, o que antes parecia natural: a violência, coisificação, discriminação. Na Argentina, o movimento Ni Una Menos (Nenhuma a menos) em 2015, com um programa mínimo mas com uma potência enorme – parem de nos matar -, incendiou uma faísca que não se extinguiu. Continuou na maré verde pelo direito ao aborto e hoje voltou a emergir em inúmeros testemunhos que inundam as redes sociais, que puderam sair a público depois que Thelma Fardín denunciou por estupro o ator Juan Darthés, acompanhada pelo coletivo Actrices Argentinas (Atrizes Argentinas).

Esse fato fez com que voltasse ao debate a política de escracho que sustenta alguns feminismos. Junto a isso, uma discussão mais ampla contra o punitivismo como única perspectiva para a luta das mulheres contra a opressão patriarcal.

Vozes do feminismo antipunitivista
RITA SEGATO e MARÍA PÍA LÓPEZ
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“O feminismo não pode se construir como uma política do inimigo, porque se não caímos no mesmo caminho”, pondo em risco as conquistas do movimento, sustena. “Ainda que sejam os homens, com todas as injustiças que cometem contra nós mulheres, nossa política não pode ser uma política do inimigo, ou inevitavelmente nos constituiremos em um fascismo”.

Violência patriarcal, vitimização e punitivismo: o debate que a denuncia de Thelma Fardin e Actrices Argentinas abriu
ANDREA D’ATRI
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"Sobre a vitimização, Rita Segato agrega que “O vitimismo não é uma boa política para as mulheres. O mais importante nessa notícia e o que a imprensa deveria destacar e repetir sem reservas e até com exagero é que quem resgata Thelma é um grupo de mulheres, suas pares, suas colegas, suas amigas, suas irmãs no processo político que estamos vivendo na Argentina e no continente: mulher salva mulher e mostra ao mundo o que deve mudar. Não é que há um príncipe valente. Há política, que é mais lindo, mais heroico e mais verdadeiro."

Não nos calamos mais, e depois?
ILEANA ARDUINO
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"A consciência sobre abusos, subalternizações ou violência urge à ação. É horrível perceber os níveis de agressão que nós sublimamos e escondemos, o quanto nos acostumamos a tolerar e silenciar. Não explodem no vácuo, são precedidos por muitas reflexões, em muitos casos a falha total através de outros canais de reclamação, regada por cumplicidade ou indiferença. Além da intensidade de cada relato, todos interpelam coletivamente, renomeiam como práticas violentas naturalizadas pela cultura patriarcal e alteram porque apontam para a hierarquia de gênero. Tenho dúvidas se essas ações nos colocam em um lugar defensável com outras lutas, se nos colocam na lógica do linchamento que repudiamos, etc. Não me ocorreria tirar o peso das razões daqueles que, pessoalmente, afirmam ter sentido bem-estar ou reparação ao fazê-lo. E se é raiva ou fúria, o que tanto explicar? Não alcançaria com olhar ao redor? Mas as questões são impostas politicamente, além da experiência individual."

Matéria cinzenta
MARINA MARIASCH

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"A cultura na qual os abusos - sexuais, de poder – se sustentável ccom naturalidade entrou em uma crise irreversível. E neste momento de transformação às vezes é difícil de determinar, dentro da gama de comportamentos e práticas, que constituem nossos intercâmbios pessoais, o que é abuso e o que não é, e como podemos escolher ou podemos nos posicionar na frente desse evento. (...) E mais um desafio nesse caminho é encontrar a via que nos leve, revolucionando tudo, a construir também uma justiça feminista. Onde se alguém incorre em uma prática abusiva não necessariamente se converte ontologicamente em abusador. Onde ao se tratar de um par, não corre a mesma vara que quando há distintas posições de poder. Onde o que buscamos é o fim do feminismo porque não há machismo contra o qual lutar, e isso implica educação sexual e mudança cultural, não tirar a maça podre, linchamento social, matar a raiva. No pântano do patriarcado estamos todos afundados. Nos serve mais sair de mãos dadas.”

O agressor, os homens e o patriarcado
ANDREA D’ATRI

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"A despolitização das ações contra a violência patriarcal é o que a lógica punitivista impõe. (...) Para o Direito, o agente de um crime é único: é impossível assentar o patriarcado no banco dos réus. O Estado capitalista-patriarcal reconhece o direito da mulher a viver uma vida livre de violência, pune quem transgride esse direito e, nessa mesma operação, divide os indivíduos singulares que o exercem especificamente a partir do sistema social das relações de gênero. Naturaliza a subordinação do feminino. Estes indivíduos serão considerados, criminosos patológicas anormais, inivisibilizando -nesta operação- que são os agentes/emergentes de uma violência constituídos como o último (e às vezes letal) elo de uma cadeia de violência social, cultural, político, econômico "normalizadas". Deste ponto de vista, a luta contra a violência contra as mulheres se torna impotente, porque se tratar de uma (infinita) soma das punições que, embora pretendam ser exemplificadoras, está comprovado que não conseguem eliminar, nem mesmo reduzir o número de vítimas ou a sofrimentos de opressão".

Patriarcado, crime e castigo
ANDREA D’ATRI
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"A busca legítima de justiça diante de crimes de ódio, como feminicídios, paradoxalmente leva a limitar a definição de violência patriarcal à estreiteza das figuras legais estipuladas no sistema penal. O direito nos torna impotentes às limitações que a busca pela eliminação da opressão com os mesmos instrumentos com os quais é legitimada e reproduzida".

 
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