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POR COMITÊS DE BASE CONTRA OS ATAQUES DE BOLSONARO
Dando continuidade à passividade, CUT solta nota pós-eleição sem qualquer chamado à luta
Fernando Pardal

Durante todo o andamento do golpe, dos ataques de Temer e do fortalecimento de Bolsonaro até sua vitória eleitoral, CUT e CTB frearam qualquer mobilização dos trabalhadores. Agora, a CUT solta uma nota sem mencionar qualquer esboço de iniciativa para construir uma luta séria contra Bolsonaro. Precisamos construir comitês, assembleia e uma imensa luta contra Bolsonaro!

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A vitória de Bolsonaro encheu de ódio todos aqueles no país, os trabalhadores, jovens, estudantes, LGBTs, negros e mulheres que se opõem a seu discurso fascistizante e apologista da ditadura e da tortura, dos ataques aos direitos dos trabalhadores e de cerceamento às liberdades democráticas. Muitos procuram agora um caminho para se mobilizar, se opor ao ultra-direitista eleito por meio de uma eleição manipulada pelo judiciário do início ao fim. E olham, em primeiro lugar, para o PT e as entidades que dirige, como CUT e UNE, procurando uma resposta.

O PT vem apostando na estratégia meramente eleitoral, que mais uma vez se mostrou fracassada para combater a extrema direita. Nós do MRT, e como Esquerda Diário, acompanhamos os 47 milhões que votaram em Haddad como uma forma de expressar na urna seu rechaço a Bolsonaro e querendo impedir seu triunfo eleitoral. Mas a verdade é que a preparação dessa derrota também passa, em grande medida pela responsabilidade das direções petistas, que frearam a disposição de luta dos trabalhadores que ficou demonstrada com imensa força na paralisação nacional de 28 de abril de 2017. Uma força que obrigou Temer a recuar em seu plano de aprovar a reforma da previdência antes das eleições, mas que foi freada pelas centrais sindicais.

Nós nos colocamos a exigir da CUT, CTB e UNE a formação de comitês de base para mobilizar contra Bolsonaro, nos opondo à estratégia petista que era de sufocar qualquer movimento de luta e organização para colocar todas as fichas numa estratégia eleitoral que, com a eleição de ontem, mostrou sua total impotência.

Agora, de maneira escandalosa, com a vitória eleitoral de Bolsonaro consolidada por uma vantagem de 11 milhões de votos, a CUT solta uma nota que “deve ser amplamente divulgada para todos os trabalhadores e trabalhadoras da base de cada um dos sindicatos afiliados.” E, nesse comunicado, não há nem uma linha, nem uma palavra que remeta à imprescindível organização de uma luta séria contra Bolsonaro. Não se fala sobre convocação de assembleias, sobre debates nas bases, sobre formação de comitês nos locais de trabalho, sobre mobilizar, muito menos, evidentemente, sobre os erros do PT que nos trouxeram até aqui. Absolutamente nada.

Na verdade, o objetivo da nota é, mais uma vez, usar o peso que o PT tem nos sindicatos para defender a miserável estratégia eleitoral e totalmente adestrada por esse regime político absolutamente podre e corrompido. Ao invés de denunciarem o escandaloso papel que o judiciário cumpriu manipulando as eleições, não apenas com a arbitrária prisão de Lula – que eles mencionam de passagem – mas também com o sequestro de mais de 3,5 milhões de votos, com o impedimento de que Lula sequer se pronunciasse de dentro da cadeia, com o vazamento arbitrário da delação de Palloci, com o aval ao caixa 2 de Bolsonaro e dos empresário que financiou milhões de mensagens disparadas com as mais absurdas fake News (fato que eles mencionam meramente como “fraqueza” e “conivência”) e, finalmente, com a absurda intervenção policial em dezenas de universidades e sindicatos, o que a nota da CUT faz é exaltar o PT.

O PT saiu mais forte desse processo como a principal força de oposição ao governo de recorte neoliberal e neofascista. A CUT e os movimentos sociais também se fortaleceram. Lula e Haddad consolidaram-se como as grandes lideranças no campo democrático-popular”, diz a nota, demonstrando que o objetivo por trás dessa estratégia era exatamente o de incrementar o papel dos petistas como a “oposição democrática”, parlamentar e das cadeiras de negociação de câmaras setoriais, gabinetes e palácios.

Depois, como pura demagogia, dizem: “A CUT manterá a classe trabalhadora unida, preparando-a para a luta, nas ruas, nos locais de trabalho, nas fábricas e no campo contra a retirada de direitos e em defesa da democracia.” Onde? Como? Exigimos a preparação dessa luta, mas isso não se faz com palavras ao vento e uma nota exaltando o papel de “grandes lideranças” de Haddad e Lula, mas sim com a convocação de milhares de assembleia e comitês de base, onde cada trabalhador possa expressar sua revolta com a eleição de Bolsonaro e se colocar como sujeito político, como protagonista da organização de uma grande batalha de classes onde possamos derrotar os planos dos grandes setores da burguesia que estão por trás do governo de Bolsonaro.

Eles dizem que a CUT “conclama suas bases a continuarem mobilizadas”, mas a verdade é que nenhum sindicato dirigido pela CUT organizou nenhuma mobilização, nenhuma luta, que é exatamente o que precisamos nesse momento. Por que não há datas, não há planos concretos, e só abstrações, palavras que não se mostram em ação por parte de nenhum dirigente sindical da CUT?

Temos que seguir o exemplo das universidades onde já começaram a articular comitês e assembleias e transformar esses espaços em organização para uma mobilização de fato. Nossos inimigos não perdem tempo, e logo depois de votar, Mourão já disse que a prioridade é destruir nossas aposentadorias, ao que Temer prontamente respondeu, logo que confirmada a vitória de Bolsonaro, que está disposto a passar a reforma da previdência ainda nesse ano.

Não temos tempo a perder! Sindicatos e entidades estudantis: convoquem já comitês de base e assembleias pra derrotar os ataques de Bolsonaro à aposentadoria e educação!

 
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