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A ARTE CONTRA BOLSONARO
Arnaldo Antunes lança poema-manifesto contra Bolsonaro
Gabriela Farrabrás
São Paulo | @gabriela_eagle

Nessa semana o cantor e poeta Arnaldo Antunes lançou em sua página do Facebook o que chamou de “desabafo e não um poema”.

Ver online

No vídeo a letra do texto em que o autor fala do assassinato de Môa do Katendê “por conta de uma divergência política num bar”, sobre a extrema-direita agindo contra a arte, cultura, educação, liberdade de expressão, e democracia, sobre como o mercado vem apoiando Bolsonaro sem ligar para aonde caminha o Brasil. O ódio e o horror que pregam Bolsonaro reproduzindo frases do mesmo como: “eu apoio a tortura”, “eu defendo a ditadura”, “eu vou fechar o congresso”, “não servem nem pra procriar”, “não te estupro por que você não merece”, “a gente vai varrer esses vagabundos daqui”, “o erro foi torturar e não matar”, “viadinho tem que apanhar”.

Continua colocando os argumentos de quem defende o candidato: “sim mas veja a Venezuela”, “é para acabar com a corrupção”, “nós queremos segurança”, “não é bem assim”. Arnaldo questiona como explicar o que é Bolsonaro para esses que só querem matar, atirar, vingar, em nome da pátria, família, propriedade, segurança. Arnaldo cita Marielle e “sua placa rompida rasgada, desonrada, pelas mãos truculentas de brutamontes prepotentes com suas camisetas estampadas com a face do coiso”. Relembra o apoio de Bolsonaro a Ustra “aquele que além de torturar levava crianças para verem suas mães torturadas. A vitória da direita excita “em outros o desejo de exercer seu obscuro poder de milícia, polícia, esquadrão da morte”.

Arnaldo faz referência Intervenção Federal do Rio de Janeiro, cita outras frases mais recentes de Bolsonaro: “ não vai ter ONG, não vai ter ativismo, não vai ter mimimi”, e to da a campanha de Bolsonaro que se pauta em fake newse em seguidores que cravam “suásticas nazistas na pele da menina que usava Ele Não”. Arnaldo continua colocando quais serão os resultados de uma extrema-direita no poder, cita o Museu Nacional, o projeto “Escola sem Partido”, a reforma curricular, o “golpe que precisa parir outro golpe, ou autogolpe”. Tudo em nome Deus Bolsonaro é contra “os dferentes os misiráveis os favelados, os do outro lado, os que se manifestam, ou contestam, ou pensam de outra forma, ou se vestem de outro cor, ou tem outra cor. Arnaldo denuncia os que agora se declaram neutros “lavando as mãos como Pilatos”, ou aqueles que declaram os dois lados extremistas. Bolsonaro e a extrema-direita são defensores da Ditadura e conseguem respaldo no STF quando o seu presidente afirma que não foi golpe militar, foi um movimento, porém para que não tenhamos o sentimento de derrota o autor nos chama dizendo que “ainda dá para evitar, ainda é tarde de menos para conter o ódio” e termina declarando o seu voto em Haddad.

Abaixo colocamos na íntegra o vídeo e poema:

IstoNãoÉUmPoema

isto não é um poema

desabafo
que não pude não
fazer e não pude fazer
de outra forma
que não fosse
assim
fatiando as frases
no espaço
aqui
hoje
eu vi
aterrorizado
um artista assassinado
Moa do Catendê,
mestre de capoeira,
autor do Badauê —
por conta de uma divergência política num bar
da Bahia
depois corri o dedo
sobre a tela e
vi e ouvi
arrepiado
Luiz Melodia
(também negro e compositor,
também com o cabelo rastafari,
como a vítima do post anterior)
cantando
“no coração do Brasil”
e repetindo muitas vezes
esse refrão
“no coração
do Brasil”
“no coração do Brasil”
que tento sentir
pulsar ainda
entre a luz de Luiz
e a treva
desse buraco vazio
que não pulsa mais no peito
de Moa do Catendê
e “não existe amor em SP”
ou “no coração do Brasil”
fraturado
nesses dias
brutos
de coturnos
chucros
a chutar a cara
de quem
ama
arte
cultura educacão
liberdade de expressão
diversidade
cidadania
solidariedade
democracia
mas não se dá
a mínima
o que importa é se subiu
a bolsa
caiu
o dólar
se todos vão prosseguir
seguindo
docilmente para o abismo
nessa insanidade coletiva
em que o Brasil nega
qualquer Brasil
possível
cega
qualquer futuro possível
e o ódio
o horror e o
ódio
e nada que se diga faz sentido
mais
para quê
expor na cara desses caras
a palavra explícita
(gravada em vídeo e repetida, repetida, repetida)
do seu “mito”
dizendo
“eu apoio a tortura”
“eu defendo a ditadura”
“eu vou fechar o congresso”
“não servem nem para procriar”
“não te estrupro porque você não merece”
“a gente vai varrer esses vagabundos daqui”
“o erro foi torturar e não matar”
“viadinho tem que apanhar”
etc etc etc etc etc
e tudo mais
que repete incansavelmente
há anos
ante câmeras e microfones
para quê mostrar de novo
e de novo
o mesmo nojo
se é justamente
por isso
que o idolatram?
e sempre haverá
os que vêm disfarçar
dizendo:
“estamos entre dois extremos”
“sim, mas veja a Venezuela”
“é para acabar com a corrupção”
“nós queremos segurança”
ou
“não é bem assim…”
enquanto constatamos cada vez mais
que sim,
é assim
mesmo, é assim
que é
mas
como li por aí:
“como explicar a lei Rouanet para quem
ainda não assimilou a lei Áurea?”
ou: como explicar a lei da gravidade
para quem ainda crê
que a terra é plana?
e querem defender sua ignorância com dentes
e garras
querem
matar atirar vingar
a quem?
em nome de quem?
(pátria, família, propriedade, segurança?)
se nessa seara não há direitos
nem respeito
ensino ou dignidade
só horror e
ódio, ódio
e horror
as palavras perdem a clareza
os valores perdem o valor
a vida perde o valor
Marielle
remorta remorrida rematada
por sua placa
rompida rasgada desonrada
pelas mãos truculentas de
brutamontes prepotentes
com suas camisetas estampadas
com a face do coiso
que redemonstra sua monstruosidade
quando vende
em seus próprios comícios
camisetas de outro
ultra-monstro
ustra

aquele que além de torturar
levava crianças para verem
suas mães torturadas

e esses mesmos
abomináveis
que, diante de uma claque vergonhosa,
se orgulham
de terem
rasgado as placas
com o o nome Marielle Franco
estão sim
agora
eleitos
satisfeitos
mas não saciados
de todo o sangue
de inocentes
que há de correr
só por serem
diferentes
excitando em outros
o desejo de exercer
seu obscuro
poder
de milícia polícia esquadrão da morte
e o anúncio da Rocinha metralhada
como solução
a barbaridade finalmente
institucionalizada
como diversão
o Brasil finalmente
sem coração
fora da ONU
e dos acordos internacionais pelo
meio-ambiente
sem controle
de sensatez ou mentalidade
sem limite humanitário
“não vai ter ong!”
“não vai ter ativismo!”
“não vai ter mimimi!”
bradam
cheios de si e de ódio
criminosos contra o crime
opressores pela família
amorais pela moral
apesar de todos
os alertas
da imprensa internacional
de esquerda, de centro, de direita
só não vê quem não quer
a tragédia anunciada
divulgada
não como boato
mas escancarada

  •  mente enquanto empoderados pelo discurso de ódio de horror e ódio seus eleitores já saem pelas ruas dando tiros e gritos enxurradas de fakes suásticas nazistas gravadas com canivete na pele da menina que usava “ele não” estampado na blusa e a promessa de violência desmedida se concretizando antes mesmo de começar o segundo turno e nem um centímetro de terra para os índios e nem um pingo de direitos civis ou humanos e a volta da censura e o ódio, o ódio, o horror e o ódio pra encerrar de vez o sonho de uma nação que tem a chance de dar ao mundo sua contribuição original agora fadada a repetir o que de pior já houve na história sem história agora sem Museu Nacional nem cultura nem educação abolir filosofia e arte em seu lugar: moral e cívica escola militar religião geografia dos lucros e dividendos massacre das minorias horror e ódio e ódio e horror crescente permanente enquanto dure pois ninguém larga o osso assim tão fácil depois de um golpe que precisa parir outro golpe ou autogolpe alimentado por todas as fakes e facas contra as costas de artistas como Moa mas na cabeça de quem apóia tudo se justifica: o fascismo a tortura dos presos o sumário julgamento sem juri autorização dada à polícia para matar e o ódio aos pobres as blitzes ostensivas a guerra declarada dos que aceitam assassinos para combater bandidos se está tudo invertido mesmo pobre elegendo milionário, pelo avesso e ao contrário então se autoriza a sórdida barbárie dos fortes contra os fracos algo está muito doente no Brasil no descoração do Brasil que mente, se omite, agride, regride para avançar sem freios em direção ao fascismo seguindo a música hipnótica do ódio, horror e ódio pregados em igrejas em nome de Deus e de Cristo só desamor em nome de Cristo violência e brutalidade em nome de Cristo armas e tortura e preconceito em nome de Cristo de Deus e de Cristo armar a população para metralhar os adversários os diferentes os miseráveis os favelados os do outro lado os que se manifestam ou contestam ou pensam de outra forma ou se vestem de outra cor ou tem outra cor ou qualquer pretexto que se crie para espalhar o ódio, o horror e o ódio do machismo ao estupro da mentira ao linchamento do homicídio ao genocídio (“tinha que ter matado pelo menos trinta mil!”) já sem democracia palavra vazia em boca de quem compactua (e não são poucos) pensando ser possível alguma forma de neutralidade nesse momento como Pilatos lavando as mãos a chamada mídia tenta fazer média ao dizer que os dois lados são igualmente extremistas e perigosos mas então onde estavam nos últimos três mandatos e meio antes do pesadelo Temer? estavam numa ditadura comunista e não sabiam? na verdade todos sabem muito bem que o extremismo vem de um só lado, que quer se eleger para acabar com eleições e que o grande perigo é mesmo esse jogo de equivalências que, na verdade serve ao monstro pois a omissão é missão impossível neste agora impossível mascarar o sol da ameaça hostil e explícita do nazismo crescente com a peneira furada de um bom senso mediano hipócrita indiferente que sempre vai dizer: sim, mas a Venezuela… como se não tivéssemos ouvido exatamente isso em 64, quando diziam: — Sim, mas Cuba… para justificar a ditadura militar que tanto elogiam hoje em dia e que o atual presidente do nosso Supremo Tribunal Federal decidiu que agora vai chamar de “movimento” em vez de “golpe militar” para adoçar um pouco a boca amarga do sangue impregnado que não vai sumir assim mudando a nomenclatura desnomeando a já tão dita “ditadura” mas esse des-
  •  equilíbrio
    ético
    que diz
    preferir uma autocracia
    perfeita
    a uma
    defeituosa
    democracia
    esse
    erro
    que nenhum arrependimento será
    capaz de reparar
    quando for tarde
    demais
    ainda dá
    para evitar
    ainda
    é tarde
    de menos
    para
    conter
    o ódio,
    o horror e o ódio
    ainda

    dd
    a
    d
  •  
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