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MINAS GERAIS
Pão e Rosas discute com mais de uma centena de estudantes na UFMG em semana de debates
Redação

Debate organizado pelo grupo de mulheres Pão e Rosas que batalha por um feminismo socialista e anticapitalista no crescente movimento de mulheres que atravessa o país e o mundo contou com estudantes, jovens aprendizes e universitários.

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O grupo de mulheres Pão e Rosas, junto com a juventude Faísca, realizou um dos principais debates na UFMG na semana passada sobre o tema da mulher com dezenas de estudantes, perante o cenário de crescimento virtual do número de mulheres se unindo em grupos nas redes sociais contra Bolsonaro que chamaram atos em todo país para o próximo dia 29.

O debate realizado no prédio da FAFICH teve a presença de Diana Assunção, trabalhadora da USP e editora dos livros “Feminismo e Marxismo” e “Lutadoras: história de mulheres que fizeram história” e Flavia Valle, professora de sociologia da rede estadual em Contagem e mestranda na FAE-UFMG, ambas fundadoras do Pão e Rosas no Brasil e candidatas a deputadas federais em SP e MG, respectivamente, pelo MRT em filiação democrática com o PSOL.

Além deste debate, Diana também esteve na mesa sobre Feminismo, Sexualidade e a Luta pelo Socialismo no Simpósio Educação, Marxismo e Socialismo da Faculdade de Educação da UFMG, ecoando para uma centena de estudantes as ideias de um feminismo socialista, anticapitalista e com independência do PT.

Os estudantes presentes na Fafich foram muito ativos, aprofundando o debate resumido abaixo, mostrando grande interesse e questionando sobre como fortalecer e colocar na prática um combate à extrema direita e Bolsonaro, como fortalecer a luta contra o “escola sem partido” e sobre a viabilidade do plano de emergência proposto com a Assembleia Constituinte como alternativa ao pacto de conformidade do PT com os golpistas que querem reeditar um governo de conciliação de classes ao lado dos herdeiros da casa grande no Brasil.

Flavia abriu a mesa traçando um panorama da situação do país desde o golpe institucional em 2016 que caminhou para a estruturação de eleições altamente manipuladas pelo judiciário, denúncia que o MRT vem fazendo fortemente mesmo antes do processo eleitoral. Além disso, ressaltou a atuação cada vez maior do alto comando das forças armadas neste processo.

Com a proscrição da candidatura de Lula, o povo foi impedido de decidir em quem votar, visto que Lula chegou a ter 40% de intenções de voto, mantido preso arbitrariamente pelo judiciário. Estas são medidas autoritárias que evidenciam a intenção burguesa de escolher a dedo quem será o novo presidente, para conseguir legitimar a aplicação, de maneira ainda mais profunda do que o governo golpista de Temer vem fazendo, dos ataques à população trabalhadora e ao povo pobre.
Ressaltando que o MRT não dá nenhum apoio político ao PT, nem chama voto para suas candidaturas, Flavia declarou sua denúncia a este processo de escalada do golpe, que fortalece em grandes proporções a extrema-direita, que tem hoje como principal símbolo a figura de Jair Bolsonaro. Fruto indesejado da manipulação política coordenada via lava-jato, Bolsonaro expressa as ideias do que a extrema-direita pode fazer com nosso país caso siga se fortalecendo. Representa um projeto de governo que quer aprofundar a violência contra o povo negro, as mulheres, a população LGBT.

Contra esta direita reacionária, o chamado “voto-útil” ganha força para impedir Bolsonaro de ganhar. Esta narrativa encorajada pelo PT favorece o propósito deste partido de voltar com seu projeto político ao governo. Flavia elucida que, na situação que a gente vive, não existe um “mal-menor”: chegamos ao cenário atual após 13 anos do governo do PT que se aliou desde o início com grandes empresários e que, depois do golpe parlamentar de 2016, seguiu defendendo aliança com políticos empresários e golpistas. A resposta do regime golpista ao projeto de conciliação petista foi aumentar a arbitrariedade e manipulação, colocando Lula na cadeia, evidenciando como este projeto não pode dar nenhuma resposta à luta por nossos direitos.

O PT não vai se enfrentar com a direita golpista, muito menos com a extrema-direita: Pimentel (PT) afirmou recentemente que ele quer voltar a governar em Minas com os parlamentares do MDB mineiro e já assumiu que vai fazer a reforma da previdência em MG, parecida com a proposta de reforma do governo direitista de João Dória em São Paulo.

Flavia finaliza sua participação na mesa elucidando que o PT, fazendo pacto com os golpistas, e Ciro Gomes não são alternativas para derrotar os golpistas e a extrema-direita, porque ambos fazem demagogia com nossos direitos, mas irão seguir pagando a dívida pública de cerca de um trilhão de reais ao ano que vai para o bolso de grandes capitalistas nacionais e estrangeiros. Essa batalha precisa ir além das urnas, a partir de uma esquerda anticapitalista que apresente uma perspectiva revolucionária, que possa organizar os trabalhadores junto à juventude, aos negros, aos LGBTs e às mulheres.

Em seguida, Diana inicia sua fala acentuando a necessidade de analisar este cenário político para se pensar nossa estratégia de luta das mulheres, pois esta é inseparável da estratégia com a qual iremos enfrentar a situação atual. Não podemos ignorar que a figura machista, homofóbica, racista de Bolsonaro, que não cansa de destilar seu ódio aos trabalhadores, tem quase 30% de intenções de votos. E é preciso evidenciar como se chegou a este cenário: o PT governando com a direita, adotando os esquemas de corrupção, fazendo ajuste fiscal – insuficientes para o que a burguesia queria – e governando sempre para os capitalistas, abriu o caminho para esta direita, fortalecendo as ideias reacionárias.

Para seguir lutando contra a continuação deste golpe institucional, a única saída é batalhar por uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana, exigindo que os sindicatos e partidos de esquerda a defendam. Esta seria a forma mais democrática dentro da sociedade capitalista para que a maioria da população possa decidir os rumos do país, como, por exemplo, definir por acabar com o pagamento da dívida pública; pela revogação integral de todas as reformas do governo golpista de Temer como também dos governos anteriores e de todas as privatizações; pela (re)estatização das empresas sobre controle operário; pela eleição direta de juízes, sendo revogáveis e ganhando o mesmo salário que o de uma professora; por que casos de corrupção sejam julgados por júri popular, pela efetivação de todos os terceirizados sem necessidade de concurso público; por igual trabalho, igual salário; e pelo direito ao aborto legal seguro e gratuito.

Diana finalizou localizando que o MRT coloca esta saída na perspectiva de quem defende um governo de trabalhadores de ruptura com o capitalismo, defendendo uma revolução operária e socialista, porque sabemos que, no capitalismo, não existe “mal-menor” para os explorados e oprimidos; neste sistema, eventualmente, a crise retorna descarregando ataques muito mais fortes sobre as nossas costas. Ao rechaçarmos o golpismo e o fortalecimento da extrema-direita, é essencial que nos opusemos vigorosamente ao uso da luta das mulheres para fortalecer eleitoralmente a política entreguista do PT, que só serve a impedir o surgimento de uma alternativa independente e revolucionária que realmente possa colocar um caminho de esperança para todos estes objetivos que a gente coloca.

Precisamos apostar no movimento de mulheres de maneira a ligá-lo à luta anticapitalista, com independência de classe e para que os capitalistas paguem pela crise, defendendo uma política e uma estratégia que apresente uma alternativa e uma real possibilidade para outro tipo de sociedade.

 
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