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PT
Haddad: compromisso com o ajuste fiscal e a reforma da previdência
Vanessa Dias

Após a cartada final da oligarquia judicial que impediu a participação de Lula nas eleições e assim atuou diretamente no voto de milhões de pessoas, a transferência do bastão presidencial petista de Lula para Haddad trouxe algumas alterações no tom da campanha, e Haddad já acena em tom amigável aos empresários e banqueiros que não deverão se preocupar: o ajuste fiscal e a reforma da previdência serão garantidos. E isso, com a aliança com os velhos partidos da direita que apoiaram o golpe institucional, inclusive o PSDB.

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É o exato oposto do que precisamos para erradicar a herança nefasta do golpe institucional.

Nessas eleições manipuladas pelo Judiciário autoritário e tutelado pelas Forças Armadas, que impediram o direito do povo de decidir em quem votar, é preciso organizar nas ruas e em cada local de trabalho e estudo uma força de esquerda anticapitalista para derrotar a extrema-direita que vem se fortalecendo na figura do Bolsonaro.

A polarização eleitoral entre Bolsonaro e Haddad acentuada após a facada deixou em um primeiro momento a impressão de que se tornaria “semi órfã” uma parcela do mercado que depositava expectativas na candidatura de Alckmin - que agora patina, segundo o Ibope, com 7% das intenções de voto e tendência a cair. Entretanto, Haddad, que segundo agentes do mercado como Renato Ometto, da Mauá Capital, é o mais “tucano entre os petistas”, logo atuou para acalmar os ânimos e acalentar os corações dos empresários com rodadas de conversas em que reafirmaram seu compromisso com o ajuste fiscal, com a implementação da reforma da previdência e com o pagamento da dívida pública.

Em sabatina ao UOL, Haddad disse que "Essa reforma do Temer, o primeiro relatório que está na Câmara, tem coisas úteis. Os regimes próprios de Previdência deveriam ser o objeto inicial da reforma". Quando falava sobre projeto econômico, chegou a dizer que a diferença entre o que o PSDB e Bolsonaro propõem, com o que o PT propõe, é que "o plano deles leva a uma retomada mais lenta do que no nosso entendimento” (sic). Em outras palavras, haverá cortes nos gastos sociais e ajustes para pagar a ilegítima dívida pública aos banqueiros internacionais.

Agora com mais chances de ser empurrado ao segundo turno ao lado do reacionário candidato do PSL, Haddad já antecipa a moderação do discurso para atrair o mercado financeiro, que exige "mais sinais" para "afastar o temor de uma eventual gestão de políticas heterodoxas a partir de 2019", segundo reportagem do Valor Econômico.

Segundo o mesmo jornal, que lança uma isca ao petista, "mesmo uma vitória de Haddad pode significar um alívio pequeno para os ativos após a eleição", mostrando que as finanças ainda não fecharam as portas para o ex-prefeito de São Paulo, que se gaba de ter conquistado "investment grade" (grau de investimento) para a cidade e ter desenvolvido múltiplas PPPs (Parcerias Público Privadas).

Essa antecipação da moderação discursiva, à direita (para evitar o "estelionato eleitoral" de Dilma em 2014?) e os acenos a setores tradicionais do “centrão” e da direita são movimento para não apenas conseguir apoio eleitoral no segundo turno mas também já deixar assegurado que, se eleito, será mais uma vez um governo aliado aos mais distintos setores burgueses com interesses opostos aos dos trabalhadores.

Orgulhoso de ter sido notoriamente um partido “consequente” com a “responsabilidade” fiscal, Haddad se embandeira do fato de o PT ter sido o partido que mais “controlou” a dívida pública, ou seja, o que mais entregou de bandeja os recursos do país a empresários e banqueiros imperialistas e nacionais durante seus 13 anos de governo, um montante de cerca de R$ 15 trilhões (!). Argumento este perfeito para colocar-se apto a dar continuidade à agenda de ataques arquitetada pelos golpistas, “sem tabus” para discutir a reforma da previdência

Seus assessores já deixam explícito que, em caso de vitória, selecionarão os nomes “mais respeitados” pelo mercado para a Fazenda e o Banco Central, e possui uma proposta de taxação aos bancos tão "perigosa” aos lucros dos banqueiros que o próprio presidente do BC, Ilan Goldfajn, confessou que "vê a proposta com bons olhos".

É uma forma de relembrar aos eleitores qual foi justamente o caminho percorrido pelo PT em seus 13 anos de governo, repetindo a tragédia da conciliação com a direita, com os empresários e com os banqueiros, justamente o caminho que abriu passagem ao golpismo e permitiu o fortalecimento da extrema direita, e hoje com setores da alta cúpula das Forças Armadas se sentindo mais à vontade para atuar no cenário político do país.

Esses setores agora voltam-se contra o próprio PT e atuam de maneira escandalosamente autoritária e arbitrária sobre a candidatura de Lula, impedindo que 40% da população exerça seu mais elementar direito democrático de votar. Mas se hoje fazem isso, é para que amanhã tenham livre o caminho para avançar ainda mais sobre os direitos dos trabalhadores e da população pobre, arrancando nossas conquistas e nossa dignidade.

Nós do MRT que impulsionamos o Esquerda Diário, ao mesmo tempo em que denunciamos o veto bonapartista do judiciário que impediu a população de escolher votar em Lula, não apoiamos o voto no PT, nem em qualquer de suas candidaturas, e criticamos duramente sua estratégia de conciliação de classes que abriu o caminho ao golpe institucional.

Nosso apoio não deve ser à nenhuma falácia de “mal menor”. A única maneira de apontar uma saída de fundo a esta crise é fortalecendo um programa anticapitalista de trabalhadores que se enfrente com os golpistas e a direita nas lutas e nas ruas, somente com a força das mulheres, dos negros, da juventude, dos LGBTs, sem alianças ou conchavos com os capitalistas, para que sejam estes a pagar os custos da crise que eles próprios criaram.

 
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