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O FEMINISMO DELAS E O NOSSO
Reacionária Rachel Sheherazade contra Bolsonaro: o feminismo delas e o nosso
Vitória Camargo
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Após declaração do vice-candidato Mourão, que chama famílias “sem pai e avô” de “fábricas de desajustados”, até mesmo a reacionária jornalista Rachel Sheherazade aderiu à hashtag #EleNão contra Bolsonaro, chamando as mulheres que criam suas famílias sozinhas de “heroínas”. Isso vindo de alguém que ficou famosa pela campanha “adote um bandido”, a favor da redução da maioridade penal, e do golpe institucional no país, tendo já sido elogiada publicamente por Carlos Bolsonaro, deve nos fazer refletir: de qual feminismo precisamos para combater a extrema direita e o golpismo e fortalecer uma saída que de fato responda aos anseios da maioria das mulheres e da classe trabalhadora contra os capitalistas?

Nessas eleições manipuladas pelo Judiciário e tuteladas pelas Forças Armadas, a cada dia mais a rejeição a Bolsonaro nas redes sociais cresce entre as mulheres, com filtros de Facebook e hashtags com o conteúdo de “ele não” e “ele nunca”, chegando a ser número um nos trending topics do Twitter. Também o grupo “Mulheres contra Bolsonaro”, que passou de 2 milhões de membros, teve como mostra de desespero a invasão de hackers que alteraram seu conteúdo a favor do misógino candidato à presidência, o que apenas fortaleceu o rechaço das mulheres nas redes.

No dia de hoje, por sua vez, até mesmo a assumidamente de direita Rachel Sheherazade, jornalista da emissora de Sílvio Santos, aderiu à hashtag “ele não”, sendo inclusive questionada em seu Twitter por seus seguidores eleitores de Bolsonaro. Desperta, no mínimo, desconfiança que a mesma figura apoiadora do golpismo, que se coloca abertamente contra a legalização do aborto, que diz que não há racismo, já que somos todos da “raça humana”, e que, a favor da redução da maioridade penal, defendido um caso em que um jovem negro foi amarrado a um poste, agora se posicione contra Bolsonaro.

Frente a isso, se por um lado esse fato demonstra como o rechaço à candidatura de Bolsonaro atinge setores até mesmo abertamente à direita, dado o nível de “radicalidade reacionária”, mostra também que sob a égide da rejeição ao candidato do PSL e a seu vice Mourão está uma ampla gama de concepções e perspectivas, inclusive que defendem posições contrárias aos direitos das mulheres, da juventude e dos trabalhadores. Setores como essa jornalista do SBT, ao defenderem o golpe institucional e o impedimento do direito do povo decidir em quem votar, tiveram no governo golpista de Temer ataques às nossas vidas e ao conjunto dos trabalhadores ainda mais duros do que o PT já implementava, a serviço dos interesses imperialistas, do pagamento da dívida pública e da superexploração do trabalho. A isso, liga-se um discurso de ódio às mulheres, aos negros e LGBTs, com medidas que querem reprimir e censurar e escravizar os trabalhadores, atacando seus parcos direitos.

Por isso, é preciso batalhar por um feminismo socialista e de independência de classe que de fato combata a extrema direita e os golpistas em defesa das mulheres que são oprimidas e exploradas por esse sistema. Enquanto propagandas de multinacionais exaltam o empoderamento feminino individual e o próprio FMI, organismo imperialista responsável pela espoliação e miséria de milhões de mulheres ao redor do globo, publica que mulheres em cargos de chefia nos bancos obtêm resultados melhores, devemos dizer que não somos uma no poder ou à frente dos cargos de mando das principais empresas capitalistas do mundo. Mesmo quando essa estratégia assume uma cara mais democrática do que a própria Sheherazade, como foi com Dilma e o PT, devemos entender que não será no voto que vamos impedir que a crise seja descarregada sobre nossas costas, já que esse “mal menor” que hoje se postula para enfrentar essa extrema direita rifou os direitos das mulheres em acordos, não legalizou o aborto e deu início aos ajustes. O rechaço ao Bolsonaro deve se expressar nas ruas e em cada local de estudo e trabalho com a força de milhares de mulheres, que organizam atos em todo o Brasil no próximo dia 29.

É possível derrotar as ideias das quais inclusive Sheherazade é paladina, apenas a partir da organização das mulheres, com as trabalhadoras na linha de frente, tomando as ruas, as fábricas, as universidades, os hospitais e as escolas, contra Bolsonaro. À resposta de Sheherazade a seus seguidores de que sua posição não seria um apoio aos comunistas, reafirmamos que a partir da mobilização independente das mulheres, que hoje internacionalmente demonstram sua força imparável, dos setores oprimidos e dos trabalhadores, é preciso construir uma alternativa política anticapitalista, que rompa com esse sistema que precariza e se apropria do trabalho de uma classe trabalhadora com rosto de mulher e impede que tenhamos liberdade para decidir sobre nossas vidas. Apenas com essa perspectiva é possível lutar por um futuro diferente do que nos reservam e do qual Sheherazade é representante da máxima ordem.

Construa os blocos do Pão e Rosas nacionalmente no próximo dia 29.

Veja mais: Mulheres à frente contra Bolsonaro, o golpismo e para que os capitalistas paguem pela crise

 
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