A Polícia Federal anunciou investigação nesta quinta-feira para desarticular um grupo suspeito de ter causado danos bilionários à Receita Federal em benefício de grandes empresas.

O desfalque apurado foi de R$ 5,7 bilhões, mas há a suspeita de que os danos possam chegar aos R$ 19 bilhões, possibilitando que diversas empresas autuadas pelo estado tenham economizado bilhões em processos.

O grupo de empresários é suspeito de manipular os processos através do suborno de membros do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), órgão que julga os recursos administrativos das autuações promovidas pelo Fisco, obtendo assim a diminuição ou perdão das dívidas e multas das empresas com o Estado.

A Justiça emitiu 41 mandatos de busca e apreensão e anunciou que investiga mais de 70 empresas, embora não as nomeie. Os principais mandatos se concentram contra os suspeitos de colaborar em São Paulo, Ceará, e em Brasília.

As investigações, iniciadas em 2013 sob o nome de “Zelote”, descobriram que os funcionários filtravam informações privilegiadas a escritórios de assessoria, consultoria e advocacia em Brasília, São Paulo e outras cidades para que estas atraíssem empresas interessadas em receber "facilidades" nos julgamentos do CARF.

Era oferecida a manipulação dos processos, a concessão de pedidos de adiamento e a obtenção de decisões judiciais favoráveis nos autos de infrações tributários, ou seja, nos julgamentos de multas sobre dívidas das empresas.

O grupo supostamente se servia de empresas terceirizadas para dissimular suas ações e o fluxo do dinheiro, que era lavado e recuperado pelas empresas como patrimônio aparentemente lícito.

Esta grave denúncia surge em meio a enorme crise política enfrentada pelo Governo Dilma, devido as investigações da operação “Lava Jato”, que denunciam o desvio de mais de 10 bilhões de reais dos cofres públicos, cujo fim eram subornos milionários a partidos tradicionais, atingindo principalmente ao PT, mas já desgastando nomes ligados a oposição como o PSDB e a base aliada como PMDB e PP.

As previsões deste desvio de verbas da Receita, no entanto, superam os valores calculados no caso Petrobrás, o que pode aprofundar a crise política do Governo e, igualmente, expor mais fortemente o conjunto dos partidos e empresas ligadas aos esquemas de suborno e corrupção. Frente a mais um escândalo é importante que a esquerda não deixe o discurso de combate à corrupção nas mãos da direita.