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Contaminação de rio e câncer na população do Pará
Desastre: empresa norueguesa que contaminou rio no Pará recebe multa irrisória do governo
Breno Cacossi

Após serem encontrados rejeitos de chumbo, soda caustica e bauxita em rio no Pará, assassinando diversas espécies, e destruindo comunidades, a multa do governo à empresa norueguesa Hydro é quase um convite ao capital internacional: Podem distribuir câncer, contaminar rios, e lucrar à vontade no Brasil.

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Foto: Ascom/Semas

Após denúncias da população do município de Barcarena no nordeste do Pará, apesar da negativa reiteradas vezes de multinacional norueguesa Hydro de que haveriam vazamentos, e negativas de aceitar fiscalização de sua produção, foi constatado por laudo do Instituto Evandro Chagas o vazamento de rejeitos durante chuvas em fevereiro. No entanto, não se trata exatamente de um desastre ambiental ou algum tipo de acidente, mas de uma ação deliberada da empresa tendo em vista a maior obtensão possível de lucro. Além dos vazamentos relacionados às chuvas de Fevereiro, que também são responsabilidade da empresa por não terem mecanismos adequados a este tipo de situação, foram encontrados locais, como em Murucupi e Barcarema em que a empresa despejava diretamente no rio os rejeitos de metais pesados, incluindo Chumbo.

A contaminação constatada de alta concentração destes rejeitos de metais pesados no rio significa a morte de uma série de espécies aquáticas, um alto prejuízo social para populações ribeirinhas que vivem da pesca, e o alto risco de moradores da região contraírem câncer. Diante desta situação, após meses, foi assinado um TAC (Termo de ajustamento de Conduta), entre a Alunorte, a Hydro do Brasil, o Ministério Público Federal, o Ministério Público do Estado do Pará e o Governo do Estado do Pará, representado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMAS), Alunorte e governo do Estado do Pará. O principal acordo do TAC é o comprometimento de que a empresa desembolse irrisórios R$ 250 milhões em ações para redução de impacto socioambiental na região, a refinaria terá de pagar R$ 33 milhões em multas, e compromisso a aumentar a capacidade de drenagem da refinaria.

Diante do montante de lucros da empresa às custas da contaminação do rio, o assassinato de animais e plantas, e a exposição de comunidades inteiras à doenças, este acordo do governo significa quase um convite a um modelo de negócio lucrativo. Todas multinacionais do mundo podem olhar para o Brasil como lugar em que se pode lucrar bilhões sem se preocupar com meio ambiente e população, e depois apenas dar uma gorjeta que chamam de multa. Os danos ao meio ambiente e à população são irreparáveis, não há multa que recupere. Chama a atenção que estes acordos visando a responsabilidade da empresa diante de impactos socioambientais venham depois da degradação do meio ambiente e exposição das pessoas a sérias doenças, e depois que o assunto tenha aparecido na mídia com diversas denúncias e até manifestações da população, e que na hora de firmar os contratos, e em todo o período anterior o que fez o governo foi vista grossa e fiscalização frouxa.

A empresa norueguesa Hydro é proprietária de 92% da Alunorte, que é a maior refinaria de alumínio do mundo, com capacidade de produção de 6,3 milhões de toneladas por ano. Segundo dados do site brasileiro da Hydro, apenas no quarto trimestre de 2017 a empresa lucrou NOK 3,55 bilhões, no ano mais de NOK 12 bilhões, o que significa aproximadamente 1,7 bilhões de reais no quarto trimestre, e quase 6 bilhões de reais apenas no último ano.

Com 35 mil empregados em 40 países e servindo a 30 mil clientes globalmente, os principais acionistas da Hydro são o estado norueguês com 34,7 por cento e o fundo de pensão do governo norueguês com 6,5% (em 31 de dezembro de 2017). Entre outros acionistas majoritários encontram-se investidores institucionais na Noruega, Estados Unidos, Reino Unido e Hong Kong.

No capitalismo tudo está submetido à lógica do lucro. Compensa mais pagar uma pequena multa uma vez ou outra enquanto está lucrando bilhões, poluindo rios, explorando e matando pessoas. Não há qualquer coisa que seja acima do ímpeto por crescer a acumulação de capital. Diante do possível câncer de moradores da região, e uma contaminação irreparável, o lucro continua, e a empresa continuará sendo considerada de sucesso. Há quilômetros de distância, lá na Noruega um capitalista toma um vinho do valor de anos de salário de algum morador de Bucarena, é bem tratado por todos, considerado um cidadão bem sucedido. Jamais um criminoso.

O exemplo é didático sobre como funciona o capitalismo. Países como a Noruega são diversas vezes mostrados na mídia como modelos, exemplos a serem seguidos, locais onde a população vive bem, exemplos de como o capitalismo pode dar certo, e ser um capitalismo humano, como se todos os países do mundo pudessem gradativamente “evoluírem” a esta situação. Mas como é possível esta situação na Noruega, senão através deste exemplo dado pela Hydro? O que está debaixo do tapete é que a economia é internacional, e que se é que há pouquíssimos locais como a Noruega, no capitalismo eles só podem existir às custas da miséria e exploração da maior parte da população mundial. É o que significa a lógica neoliberal da maior parte dos candidatos alinhados aos interesses do capital internacional nestas eleições. Diante da crise, os grandes capitalistas manejam a política em países dependentes e subordinados, se preciso através de golpes, para bem atender a seus interesses.

 
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