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FORÇAS ARMADAS ELEIÇÕES
Politização das Forças Armadas busca dar continuidade ao golpe institucional nas eleições
Thiago Flamé
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Imagem: General Guilherme Theophilo (centro)

Com a crescente participação dos militares na política desde o golpe institucional, o número de militares e de policiais das várias forças inscritos como candidatos se ampliou. Além da chapa presidencial vinda da caserna, Bolsonaro e Mourão, mais oito generais da reserva vão concorrer nas eleições.

Uma das candidaturas mais importantes é no estado do Ceará, onde o PSDB vai lançar o general Guilherme Theophilo ao governo, com o apoio do senador Tasso Jereissati (PSDB). O general é de uma família militar tradicional, com atuação desde o império. Serviu dois anos no Comando Militar da Amazonia, ficou conhecido por aumentar as parcerias com os empresários locais e recebeu elogios da federação das industrias do Amazonas. Sua candidatura é significativa, pois está de fora do núcleo de militares que se aglutina em torno de Bolsonaro e Mourão e mostra a "cara militar" do partido de Geraldo Alckmin. Ainda assim compartilha as posições ultrareacionárias dos seus colegas de farda. Além de defender as “personalidades que lutaram para evitar o terrorismo e garantir a democracia”, o general defende propostas bizarras como colocar militares na administração das escolas públicas como medida de segurança.

No Distrito Federal, o general Paulo Chagas vai disputar as eleições pelo PRB. Parte do grupo de generais que articula com Mourão as candidaturas militares desde o inicio do ano, Chagas está em quarto lugar nas pesquisas entre os doze candidatos que concorrem. Apoiou as ameaças do comandante do Exército, Eduardo Villas Boas, para que o STF negasse o habeas corpus a Lula no dia 4 de abril, e se disse preparado para implementar "intervenção militar".

Ao todo serão oito generais da reserva concorrendo nas eleições em todo o país. O partido que mais está lançando militares é o PSL de Mourão e Bolsonaro, com 61 candidatos militares.

Além dos militares das Forças Armadas, também policiais estão se lançando em grande número. Estimativa publicada pelo jornal O Globo apontava que pelo menos 300 policiais militares iriam se candidatar. Também a policia federal se movimenta, com a candidatura de treze delegados. A Federação Nacional dos Policiais Federais, a Fenapef, lançou um site chamado “frente Lava Jato” para incentivar seus filiados a concorrerem nas eleições.

As candidaturas militares representam o que existe de mais retrogrado, atrasado e reacionário da politica brasileira. Em uma fala recente, o general Mourão mostrou a plena luz do dia o que pensa do povo brasileiro, ao acusar os índios de indolentes e os negros de malandros. O discurso comum das candidaturas de policiais e militares, para além do barbarismo escancarado dos setores aglutinados em torno de Bolsonaro e Mourão, é o da mão dura na segurança pública, militarização das escolas, a cínica defesa da luta contra a corrupção como se a ditadura militar não tivesse sido um antro de corruptos ou se como a polícia não fosse uma instituição vinculada ao tráfico, podre e carcomida. Na esteira do golpe as candidaturas militares querem avançar no autoritarismo e contra os direitos sociais e democráticos da classe trabalhadora, da juventude e das mulheres.

Mas o cinismo não para por aí. Enquanto se auto intitulam nacionalistas, rastejam perante o imperialismo norte americano. O falso nacionalismo de Bolsonaro se desmascara quando este defende sem pudor a venda da Petrobrás, a amizade com os EUA de Donald Trump, e chega ao ridículo quando se mostra feliz ao dizer que "Trump sabe que eu existo".

Em meio às candidaturas militares não deixa de chamar atenção uma aberração. No estado de Sergipe o PSOL leva como candidato ao governo do estado um cabo da polícia militar. O cabo Marcio Souza afirma que “fui o escolhido para ser o porta-voz da reorganização da esquerda em Sergipe”. Não basta promover a filiação de centenas de policiais, agora o PSOL chega ao absurdo de colocar um policial como porta voz da "reorganização da esquerda".

Em meio a enorme crise de representatividade do sistema político, a crescente intervenção judicial na política com o golpe institucional e prisão arbitraria de Lula, a participação dos militares nessas eleições é um passo a mais no sentido da politização das Forças Armadas.

Essa politização dos militares, e sua participação na política com personalidades de alta patente disputando cargos, é parte de assegurar a continuidade do golpe institucional, que tem como pilar nestas eleições impedir que a população tenha o direito de votar em quem quiser.

Nisto, as Forças Armadas estão junto ao autoritarismo judiciário e à Lava Jato, degradando ainda mais a já limitada democracia burguesa, mantendo Lula preso arbitrariamente. Parte da batalha contra o autoritarismo do regime burguês e a fraude dessas eleições é que, embora não apoiemos politicamente de nenhuma forma as candidaturas do PT, defendemos incondicionalmente a liberdade de Lula e o direito do povo decidir em quem votar.

Ao contrário da "soberania nacional" que tanto dizem defender, os militares buscam subordinar o país mais que nunca ao imperialismo norte-americano. Uma política de independência de classe e anti-imperialista passa por combater essa politização dos militares e a continuidade do golpe institucional.

 
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