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DIREITO AO ABORTO
Malafaia vocifera contra audiência do STF que debate descriminalização do aborto
Marcella Campos

O pastor Silas Malafia, bastante conhecido por suas atividades "religiosas", acusações na justiça por lavagem de dinheiro e, principalmente, por suas veementes declarações contra a esquerda, as mulheres e os LGBTs, publicou vídeo em suas redes em que chama de "farsa antidemocrática" as audiências publicas sobre a ADPF 442, que desde o dia 3 vem pautando a descriminalização do aborto no STF.

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Para o pastor evangélico a audiência do STF convidou um número elevado de especialistas favoráveis a descriminalização e a mídia também apoia o que chamou de "lixo moral". Malafaia também declarou que o aborto é "o assassinato e o massacre dos poderosos sobre os indefesos”.

A hipocrisia do pastor em destilar todos seu machismo e ódio contra as mulheres não é novidade, pois já vinha publicando outros vídeos e declarações sobre o tema do aborto. Em outro vídeo declarou que "o aborto é fruto da irresponsabilidade humana".

Silas Malafaia, que leva uma vida luxuosa de grande empresário, é o mesmo que sempre se declarou contrário a quaisquer políticas públicas de combate a homofobia e discussão de gênero e sexualidade dentro das escolas, para que alunas e alunos tenham o direito de debater, conhecer e decidir sobre seus corpos.

No Brasil uma a cada 4 mulheres de mais de 40 anos já realizaram ao menos um aborto na vida. Isso significa dizer que cerca de 25% das mulheres, até o final da sua vida fértil, irão abortar. O grande problema é que algumas poucas mulheres conseguem pagar clinicas particulares, que cobram entre R$1 mil e R$5 mil para realizar um procedimento rápido e seguro, e que se transformou num lucrativo mercado. Por isso, das mulheres que abortam 4 morrem todos os dias no próprio procedimento ou por complicações do aborto clandestino, totalizando mais de 1400 mulheres mortas por ano.

O que fica claro é que o direito ao aborto é negado as mulheres trabalhadoras, pobres, negras e de periferia, que não podem pagar para abortar em clinicas preparadas para o procedimento e acabam morrendo em salas e porões escuros, afogadas em sangue.

Sila Malafaia, que fala em assassinato, nega a morte de milhares de mulheres todos os anos por não terem o direito de decidirem sobre seus próprios corpos, em um estado que a força da bancada religiosa na Câmara e Senado consegue proibir a educação sexual nas escolas, para que as mulheres possam decidir, e o amplo fornecimento de contraceptivos gratuitos, para prevenir.

Na prática, o que Silas Malafaia e outros lideres religiosos defendem é a continuidade da triste história dos abortos clandestinos, que mata as mulheres trabalhadoras.

Também não esquecemos que Silas Malafaia foi um dos líderes procurados por Temer para que ajudassem a passar a Reforma Trabalhista, que permite que mães e mulheres grávidas trabalhem em condições insalubres e precárias, que em muitos casos pode resultar em abortos espontâneos e complicações na gravidez. O discurso pró-vida de Malafaia não chega a página 2, fica mesmo no discurso moralista vazio e de ódio.

A verdadeira farsa antidemocrática esta no fato de que no capitalismo as mulheres trabalhadoras e pobres não podem decidir pelos seus próprios corpos, por isso precisamos nos inspirar nas mulheres argentinas que levantaram uma verdadeira maré verde e lutam com força nas ruas pelo direito ao aborto legal, seguro e gratuito, e já conseguiram a aprovação na Câmara do direito ao aborto.

No próximo dia 8 de agosto as mulheres argentinas enfrentarão mais uma batalha, a votação no Senado. Nesse dia as mulheres argentinas tomarão as ruas mais uma vez, como uma grande onda verde, e aqui no Brasil precisamos nos apropriar dessa força que a maré verde amana. Atos estão sendo chamando em várias cidades do país em solidariedade a luta argentina, mas também para que se inicie uma verdadeira luta pelo direito ao aborto legal, seguro e gratuito aqui.

 
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