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EMPRESAS NA UNICAMP
A relação da privatização da Petrobras com a Unicamp
Matheus Correia

Em recente matéria feita pelo Correio Popular, o jornal destaca os saltos de investimento que aconteceram na Unicamp desde a descoberta do pré-sal, mas também mesmo com a crise econômica. A quem está servindo o conhecimento produzido na Unicamp e como está ligado com a privatização da Petrobras, que o imperialismo e os golpistas pressionam cada vez mais? Qual a relação da privatização da Petrobras com o projeto neodesenvolvimentismo do PT e Unicamp?

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Na capa do jornal campineiro do dia 14/07 apareciam três navios de extração de petróleo, que faziam referência ao potencial que a Petrobras possui. De fato, nos últimos anos o petismo trabalhou para que a Petrobras pudesse ser uma “global player”, que com o pré-sal seria a salvação brasileira para a crise econômica de 2008.

Um fato importante é que mesmo com a crise os investimentos na, cada vez menos, estatal continuam crescendo. Isso se dá pelo fato de que está colocada na ordem do dia a privatização da Petrobras pelo imperialismo internacional. Dilma e Serra assinaram juntos a entrega do pré-sal para o capital estrageiro. Ao mesmo tempo, o golpe institucional levado à frente pela Lava-jato, o judiciário e a direita que ganharam espaço nos governos do PT, tinha também como objetivo a privatização da Petrobras.

Cabe lembrar aqui a seletividade da Lava-Jato que não interferiu no setor externo da empresa, e que abriu espaço para o avanço do imperialismo para a retirada da posse da tecnologia dos navios-sonda (altamente monopolizado).

A Unicamp e a Petrobras

Em um contexto geral, o projeto neodesenvolvimentista do PT que tinha como objetivo o desenvolvimento do país a partir de empresas nacionais que pudessem ter competitividade em nível internacional necessitou das universidades de ponta como centros de desenvolvimento de pesquisa para fazer com que isso fosse possível.

Nesse sentido, é nas universidades públicas que se tentaria produzir as novas necessidades científicas do capitalismo brasileiro, com a entrada massiva das empresas dentro das Universidades, parcerias público-privado sem fim, criação e fortalecimento das empresas júniores que guiariam desde do primeiro dia de aula até a entrega do diploma todo o conhecimento produzido aqui dentro servindo para possíveis “global players” brasileiras mas também para as empresas privadas.

A Universidade Estadual de Campinas é uma das principais parceiras da Petrobras. Dos R$ 800 milhões investidos pela empresa no Estado de São Paulo, só ela concentrou um terço na última década. Grande parte para o financiamento de programas decisivos para campos de extração e refinarias.

A descoberta do Pré-sal alavanca essa parceria, num momento que tornava a empresa atrativa no mundo inteiro. A Cepetro (Centro de Estudos de Petróleo – UNICAMP) contava em 2015 com 5 mil metros quadrados de laboratórios financiados com a ajuda da estatal. Que teria por objetivo a qualificação de mão de obra e conhecimento para a geração de petróleo e gás.

Entretanto, no momento de avanço da privatização da Petrobras com os escândalos de corrupção e ofensiva imperialista, servem para reforçar um projeto, por um lado, de uma grande empresa estatal cheia de investimentos e conhecimentos prestes a ser privatizada, ao mesmo tempo que coloca como esse conhecimento servirá diretamente para empresas imperialistas como a Shell.

Em maio desse ano, foi anunciada uma parceria entre a Fapesp, Shell, Unicamp e Usp que têm como objetivo a criação de um Centro de Inovação em Novas Energias (CINE) para desenvolver tecnologias para redução de poluentes e outras tecnologias. Segundo o Inova Unicamp (agência de inovação da universidade para às empresas) o centro tem a missão de “produzir conhecimento na fronteira da pesquisa e, paralelamente, transferir tecnologia para o setor empresarial. As pesquisas poderão gerar resultados que serão usados pela Shell para gerar startups ou firmar parcerias com outras empresas. ”

Por trás de alguma falácia acerca da preocupação com o meio ambiente, a parceria da Unicamp com a Shell mostra na verdade um aprofundamento da relação de privatização da Petrobras, com a necessidade do imperialismo avançar sobre um de seus principais centros de pesquisa e com a criação de outro com o objetivo de gerar pesquisa para a Shell.

Mostra também, o que significou o projeto neodesenvolvimentista petista nas universidades que acabou transferindo o dinheiro público para financiar a pesquisas que gerarão patentes para o setor privado. Em especial na Unicamp com a agência Inova, que para além de ser um facilitador na relação da universidade com as empresas privadas, representa um caminho fértil para que as universidades brasileiras também produzam conhecimento diretamente para elas, que já vinha sendo a lógica das universidade públicas e se reforça após o golpe de 2016.

A falência do neodesenvolvimentismo e a necessidade de construir uma alternativa com independência de classe e anti-imperialista.

O projeto do petismo, neodesenvolvimentismo, serviu nesses 13 anos de governo para aprofundar cad

a vez mais a subserviência do país aos ditames do capital internacional. Longe de representar uma maior independência do país, na verdade abriu cada vez mais espaço para os agentes do golpe institucional de 2016, e que na crise atual vendem a JBS, a Petrobras, a Eletrobras para o capital internacional.

Em 13 anos de governo, o PT acreditou que seria possível criar uma forte potência nacional por dentro do capitalismo. O Brasil nunca vai ser uma potência capitalista uma vez que nossa economia semi-colonial, está à serviço dos lucros e das necessidades do capitalismo internacional. Sem romper com o capitalismo é impossível falar em romper com problemas estruturais do país.

Não queremos uma Petrobras estatal gerida por Temer, e nem por nenhum candidato que assuma as eleições de 2018, pois todos entraram para aplicar os ajustes que hoje a burguesia pressiona, como a reforma da previdência e o fiel pagamento da dívida pública, que hoje representa o maior saque imperialista no país que organiza toda nossa economia para o seu pagamento, a partir da Lei de Responsabilidade Fiscal e que se aprofunda com a PEC 55.

Defendemos uma Petrobras 100% estatal sob controle dos próprios petroleiros e da população, como a única via capaz de dar uma saída para a crise que vive a empresa, somente a luta dos trabalhadores e da população de conjunto é capaz de garantir isso.

Ao mesmo tempo, isso só pode ser possível caso o conhecimento produzido na Unicamp e demais universidades, sirva aos interesses da classe trabalhadora e da população, inclusive para manter a empresa estatizada nas mãos dos trabalhadores contra a ofensiva de empresas imperialistas como a Shell, que moveria rios e montanhas para acabar com a Petrobras.

Hoje, concretamente existe uma casta privilegiada que gere cada recurso e cada ação na Unicamp corporificada no Conselho Universitário. Nesse conselho, existem membros da FIESP (defensora das empresas privadas e agente do golpe institucional de 2016), enquanto trabalhadores e estudantes tem juntos apenas 30% de poder de voto. Esse conselho antidemocrático representa os interesses das empresas dentro da universidade e é o que faz com que ela seja gerida para servir aos interesses de outros que não à classe trabalhadora e a população.

Desde a Juventude Faísca e o grupo de mulheres Pão e Rosas estivemos juntos aos trabalhadores em sua greve, e em todas as lutas na Unicamp para fazer criar uma força que seja possível subverter a universidade da cabeça aos pés. Queremos que as decisões tomadas aqui dentro, como cada centavo que a Unicamp recebe, seja controlado pelos trabalhadores e estudantes que são a maioria na universidade. Só assim, acreditamos que é possível colocar um conhecimento que sirva aos trabalhadores, e aos interesses da população de conjunto.

 
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