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DIREITO AO ABORTO
Não será uma no poder, mas milhares pelas ruas a conquistar o direito ao aborto
Jéssica Antunes

O forte movimento de mulheres que explodiu na Argentina e contagiou o mundo com o grito de "Nenhuma a menos" denunciando a violência de gênero, agora caminha para conquistar que não haja nenhuma a menos vítima dos abortos clandestinos. Esse movimento começou ainda sob o governo de Cristina Kirchner, quando ao final de seus dois mandatos totalizando 8 anos de presidência não havia qualquer avanço dos direitos básicos das mulheres.

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Recentemente, Cristina, que se aliou ao Macrismo para barrar no Congresso o debate sobre o direito ao aborto levantado a muitos anos pelo movimento feminista, declarou que a Argentina não estava preparada para debater o aborto. As milhares de mulheres, jovens e trabalhadores tomando as ruas em diversas cidades criando um verdadeiro tsunami de panos verdes provou o contrário. Agora, pela pressão das ruas, das escolas tomadas, das manifestações em todos locais de trabalho, o projeto foi aprovado e segue para o Senado. Apenas a bancada da FIT (Frente de Esquerda e dos Trabalhadores) onde estão nossos camaradas do PTS (Partido dos Trabalhadores Socialistas) teve todos os seus parlamentares a favor dessa conquista histórica.

No Brasil, são milhares de mortas por abortos clandestinos a cada ano, essa é a quarta maior causa da morte de mulheres. No entanto, a presidente Dilma Roussef aclamada por ser a primeira mulher a governar o Brasil, em seus dois mandatos, não moveu um dedo para pautar essa demanda histórica do movimento de mulheres. Assim como Lula, em nome da governabilidade, Dilma se aliou com a bancada da bíblia, o setor mais reacionário como é o caso de Eduardo Cunha, Marco Feliciano e outros, que defendem projetos como a "Cura-Gay" que quer patologizar a homosexualidade, ou o "Estatuto do Nascituro" que proibi até mesmo o aborto em caso de estupro, além de obrigar os laços entre a mulher e o estuprador (!). Ou seja, a vida de milhões de mulheres é uma simples moeda de troca para garantir a presidência junto aqueles que vieram a aplicar o golpe institucional pra avançar ainda mais sobre os direitos de todos os setores oprimiros e explorados.

Apenas esses dois casos, entre muitos outros, são exemplos fortes de que não é com uma mulher no poder que as milhares de mulheres trabalhadoras e jovens irão conquistar o direito a educação sexual para decidir, contraceptivos de qualidade para não abortar, e aborto legal, seguro e gratuito para não morrer. É preciso votar em candidatos que defendam um projeto claro de defesa da vida das mulheres e pela legalização do aborto, mas aprender com as Argentinas a lição de que apenas se organizando e tomando as ruas é possível conquistar.

O aborto já é uma realidade, pelo menos metade da população conhece alguém que já abortou, a questão é que as ricas abortam em segurança pagando entre 5 e 10 mil reais, enquanto as trabalhadoras pobres morrem tomando Cytotec, ou usando métodos ainda piores. A legalização é uma questão de saúde pública, e os abortos devem ser feito pelo SUS, com acompanhamento psicológico e todo apoio necessário à saúde da mulher, assim como deve vir junto com o direito à maternidade digna, o que em muitos países onde o aborto é legalizado garantiu a diminuição dos números de abortos, à educação sexual e contraceptivos de qualidade.

O grupo de mulheres Pão e Rosas defende que as mulheres confiem apenas em suas próprias forças e a partir disso levantem uma luta nacional, com total independência de classe, também a partir dos sindicatos e entidades estudantis, para defender a vida das mulheres. Estamos com as Argentinas, pelo direito ao aborto legal, seguro e gratuito em todo o mundo.

 
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