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CRISE DOS COMBUSTÍVEIS
UNE tenta mascarar papel traidor do PT, que abriu espaço para direita se fortalecer frente a crise dos combustíveis
Mariana Duarte
Estudante | Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo
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Na última segunda-feira, frente ao conflito protagonizado pelos empresários dos transportes e do agronegócio que abalou o país, a União Nacional dos Estudantes (UNE) soltou uma nota de apoio ao movimento. Na nota, a entidade dirigida pela UJS, juventude do PCdoB, faz uma análise da situação política e econômica no Brasil, como se a crise que vivemos hoje fossem fruto apenas do golpe institucional e do governo golpista do Temer, e não do fato que nenhum governo até hoje, incluindo os do PT, foi capaz de romper com a enorme submissão ao imperialismo, ao mesmo tempo em que se solidariza com o conflito patronal.

A nota inicia denunciando a política de preços da Petrobrás e o projeto privatista da empresa, “em vigência desde outubro de 2016”, propositalmente “esquecendo” que uma das principais fontes de riquezas do país também foi privatizada em pleno governo Dilma, com o famoso leilão do pré-sal.

Sempre se isentando de colocar abertamente que nos governos do PT, as empresas nacionais e internacionais recebiam cerca de 70% da exploração do pré-sal, a partir do chamado, “modelo de partilha”, a nota coloca a questão da tão falada “soberania nacional”, como se até o momento do golpe pudéssemos falar de alguma soberania no país, que chegava ao seu décimo terceiro ano de governo do PT que desde o início não se propôs a se enfrentar e muito menos romper com o capital imperialista que cada vez mais adentrava o país, muito pelo contrário, apenas aprofundou a subordinação que sempre existiu na história do Brasil, ao mesmo tempo que buscava combinar a situação de excepcional crescimento econômico com o boom das commodities, para fortalecer a burguesia nacional e alimentar a ilusão de que é possível um capitalismo onde todos ganham.

A nota ainda segue com um apoio tímido ao movimento dos caminhoneiros, impulsionado pelos empresários do agronegócio e dos transportes que cada dia mais vem demonstrando seu caráter reacionário, levantando pautas como intervenção militar e fortalecendo politicamente candidaturas da direita, como a de Bolsonaro. Tendo em vista o fato de que o imobilismo da UNE e das demais entidades estudantis dirigidas por PT e PCdoB, apoiadas no freio das grandes centrais sindicais, também foi parte do que abriu espaço para que as ideias reacionárias pudessem ganhar tanta força.

O movimento, que conta com certo apoio popular, conseguiu canalizar uma revolta e repúdio ao governo golpista e colocá-la a serviço de pautas exclusivamente burguesas, que apenas favorecerão aos grandes empresários dos transportes e do agronegócio. A direita pró Bolsonaro consegue capitalizar a legítima revolta popular, graças a política de freio desempenhada pelas grandes centrais sindicais que traíram greve atrás de greve no ano passado, que não lutaram contra o golpe institucional e as arbitrariedades do judiciário, como na prisão de Lula por exemplo, espalhando a desmoralização nos trabalhadores e na juventude.

A UNE e as demais entidades estudantis dirigidas por PT e PCdoB, deveriam ter se colocado intrinsecamente ao lado dos trabalhadores nos momentos em que tinham disposição de luta mas que, traídos por suas direções, não puderam impor as devidas derrotas ao governo. Enquanto direção de centenas de milhares de jovens pelo país, poderia ter parado as universidades e disputado a consciência de cada estudante para que pudesse se colocar ao lado dos trabalhadores que hoje podem cair nas mãos da direita e dos empresários que usam de demagogia para atrair seu apoio.

Com um cinismo generalizado, a nota é finalizada justamente com o projeto de país levado por tais direções, que aponta como única saída possível para os estudantes, as eleições ao final do ano, com um apoio incondicional à Lula como se assim fosse possível retomar a “soberania nacional” por fora de qualquer tipo de análise econômica internacional que mostra claramente que não é possível nenhuma saída por fora de um enfrentamento total com o imperialismo norte americano.

A entidade estudantil deveria em primeiro lugar organizar os estudantes para apoiar a greve dos petroleiros levantando um programa que consiga atender ao necessário rompimento com o imperialismo, que nesse momento frente a crise dos combustíveis passa por defender uma Petrobrás 100% estatal, sob gestão dos trabalhadores e controle da população, levantando nenhum subsídio para os empresários do transporte e do agronegócio. Assim como o não pagamento da dívida pública, que arranca trilhões dos cofres públicos e destina às grandes multinacionais. Organizando em cada escola e universidade os estudantes para lutar por esse programa, contra a reforma trabalhista e pelo direito do povo decidir em quem votar.

 
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