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50 ANOS DO MAIO DE 1968 NA FRANÇA
A 50 anos do Maio Francês: Quando trabalhadores e estudantes desafiaram o poder
Gabriela Liszt

Nem só estudante ou só utópico. Nota que escrevi para a agência Télam, revisando o que foi verdadeiramente o Maio (maio e junho mais precisamente) Francês.

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Tradução: Jenifer Tristan

“(É preciso) acabar de uma vez por todas com o maio de 68” disse o chefe de estado Sarkozy expressando o desejo da classe burguesa e do imperialismo francês. “O maio francês foi um ascenso estudantil que fracassou porque pedia utopias”. Esta é uma frase imaginária, mas representa a visão ingênua ou derrotista do que o processo significou, não apenas o francês, mas o processo mundial que se abriu em 1968.

Em 68 de iniciou com a “ofensiva del Têt” de fevereiro, quando o processo no Vietnam se uniu com as pautas do ascenso estudantil (a primeira ocupação começou neste ano com 3 jovens negros fuzilados pela polícia) e de juventude contra a guerra no Vietnam e contra o racismo; O ascenso operário e popular contra o regime Stalinista na Tchecoslováquia (de fevereiro a outubro, terminando somente com a invasão dos tanques russos); O movimento estudantil no México que terminou com uma grande repressão: O “Massacre Tlatelolco”;O ascenso operário italiano e outros.

No ano em que a luta de classes se deu de maneira unificada nos país centrais da Europa, do Leste aos EUA, com a resistência a guerra no Vietnam no seu “pátio traseiro”. E embora tivessem várias derrotas, o que estava sendo questionado era a ordem mundial estabelecida logo após a segunda guerra mundial entre as grandes potências e o stalinismo.

Mas os vencedores do início dos anos 80, trocaram a verdadeira história por várias mentiras. Especialmente sobre o processo francês. Não foi só estudantil ou só utopia. O atual presidente chileno Piñera criticou o movimento estudantil que luta pela gratuidade da educação, fazendo uma alusão ao Maio francês. Segundo um jornal chileno, Barbara Brito (ex-vice-presidente da FECH) “Foi utilizada uma bibliografia histórica (se refere ao livro quando os trabalhadores e os estudantes desafiaram o poder, Edições IPS, 2008) para respaldar as teses onde em 1968, o movimento estudantil estava fortemente vinculado as organizações operárias e sua intenção era fundamentalmente desafiar o poder”.

Efetivamente, o maio francês começou com a repressão de uma mobilização universitária contra a guerra do Vietnam, em poucos dias os estudantes arrastaram consigo jovens operários a lutar na “A noite das barricadas” e três dias depois se construída a maior greve geral da história da França. “Trata-se em primeiro lugar de considerar a amplitude da luta: Sendo sem dúvida a maior da história da França, 7 milhões de trabalhadores mobilizados. A mesma se converte em um “acontecimento” por várias razões: Se pode ver múltiplos aspectos de radicalização dos trabalhadores, as notáveis ocupações de fábricas, sequestros e a vontade de combater as forças da ordem durante junho. Também, a luta começou a mobilizar figuras tradicionais e suas redes de influência; não só os trabalhadores homens, mas também as mulheres, os imigrantes e jovens trabalhadores. (Xavier Vigna, Ideas de Izquerda N42, mayo 2018). Claramente não foi só estudantil.

Quanto ao caráter utópico das reivindicações, a verdade é que se ridicularizou a consigna “Sejamos realistas, exijamos o impossível” que longe de ser utópica, representa a necessidade de acabar com o sistema capitalista e a V republica representada por De Gaulle para alcançar o poder nas fabricas e universidades, para liberar a cultura , a repressão sexual e questionar a retrograda sociedade de conjunto.

Para isso o movimento teria que superar suas direções tradicionais e o movimento operário com um partido comunista que dirigia a maior central sindical, a CGT, assim como tendências reformistas do movimento estudantil.

A burguesia francesa com a ajuda do PC começou a desativar o movimento operário com os acordos de Grenelle e no movimento estudantil com o adiantamento das eleições por De Gaulle, também incentivado pelo PC e pelo PS.

Essas são as causas pelas quais o movimento não avançou e hoje Macrí pode dizer que: “O 68 foi um tempo de utopias e desilusões e para dizer a verdade não temos mais utopias, temos vivido demasiada desilusões”, enquanto ele ataca as aposentadorias, as condições de trabalho, contra o movimento estudantil se uni com os EUA para bombardear a Síria. 50 anos após o Maio francês operários e estudantes demonstram que tem força e estão dispostos a enfrentar as reformas, mas é necessário tirar essas conclusões para não deixar que as velhas direções impeçam novamente a unificação do movimento, para que o impossível vire realidade.

*Texto publicado na Télam, 2/5/2018 "A 50 años del Mayo Francés: Cuando obreros y estudiantes desafiaron al poder"

*Ao mesmo tempo em que se escrevia essa coluna, saiu uma nova edição de X. Vigna – J.Kergoat-J.Thomas- D Bénard (comp. Gabriela Liszt, Gastón Gutierrez).68. 68. Cuando obreros y estudiantes desafiaron al poder.. Ediciones IPS, 2018. Se puede adquirir en la Feria del Libro Pabellón amarillo stand 2123 o Riobamba 144 CABA.

 
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