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"O AGRO É POP"
400 toneladas de batata são descartadas por produtores rurais após queda de preço
Débora Torres

As batatas estão espalhadas a poucos metros do asfalto às margens da BR-354 com a MG-235, entrada de São Gotardo, na Agrovila.

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Com a queda brusca no preço da batata, os produtores da região de São Gotardo, no Alto Paranaíba descartaram nos últimos 20 dias um montante considerável, estimado em mais de 400 toneladas, pois o preço está abaixo do custo de produção. “O mercado está ruim, a semente, adubo e mão de obra são caras", afirma o presidente da Associação dos Moradores da Agrovila, José Maria Santana. A grande oferta de batata no mercado provocou a queda nos preços o que gera prejuízos aos produtores e agricultores.

Sendo o polo de produção de batatas em Minas Gerais, o Alto Paranaíba foi responsável pela produção de mais de 670 mil toneladas só no ano passado, o que corresponde a mais da metade da produção de todo o estado.

O custo da produção da batata é de R$ 35 mil para o ciclo de 120 dias, segundo produtores, e, neste ano, a estimativa dos agrônomos da região é de que 20% da produção não chegue ao mercado.

Este fato expõe uma característica primordial do capitalismo enquanto modo de produção, a desvinculação entre a produção e a satisfação das necessidades da sociedade. No capitalismo, o único objetivo da mercadoria é realizar-se enquanto objeto de acumulação, ou seja de produção de lucro, afastando-se de seu valor original enquanto portadora de uma utilidade.

Dessa forma, no país onde milhões estão desempregados e outros milhares não tem acesso a uma alimentação minimamente de acordo com as necessidades nutricionais para uma vida saudável, o agronegócio mostra mais uma vez sua assombrosa lógica que gira em torno do lucro e da mercadoria, que visa apenas à produção de commodities para o mercado mundial.

O agronegócio é devastador: imensas áreas de florestas estão sendo ilegalmente desmatadas, nascentes e mananciais são exterminadas inescrupulosamente para que se abra espaço para monoculturas, pastos de capim, carvoarias, mineradoras, madeireiras e afins. Enquanto isso, o agronegócio ainda consegue se autopromover na grande mídia, fazendo ecoar campanhas como o “AGRO É POP”, mascarando totalmente o que está por detrás dessa aparente "fartura". Isto é o capitalismo, esse sistema estúpido em que mesmo diante de uma sociedade em que volta a se defrontar com a fome, alimentos são postos de lado à toneladas.

 
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