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DCE UNICAMP
DCE Unicamp impõe "Clube DCE" para vender a entidade dos estudantes às empresas
Vitória Camargo
Úrsula Noronha

A nova gestão do DCE da Unicamp, “Apenas Alunos”, quer impor aos estudantes um cartão "Clube DCE" que garante parcerias com empresas privadas como o McDonald’s. Somado a isso, não parecem sequer estar preocupados em organizar a indignação e o luto por Marielle, convocando uma assembleia geral que possa discutir como responder à sua execução.

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Na reunião de Conselho de Representantes de Unidade (CRU) do dia 6 de fevereiro, na Unicamp, a gestão do Diretório Central dos Estudantes (DCE) revelou a sua "geniosa" proposta de financiamento do DCE, completamente ausente de princípios de independência financeira e política da entidade dos estudantes da Unicamp. Encabeçado pelo grupo Apenas Alunos, com membros do MBL, aliados aos stalinistas dirigentes da UNE (maior entidade estudantil do país), do coletivo UJS, a nova gestão ajuda os golpistas e a rede Globo a reduzirem o caso de Marielle a um luto, desmobilizando, enquanto abre alas a empresas contra a independência financeira e política da entidade.

O "Clube DCE" propõe "parcerias" com empresas privadas de Barão Geraldo, que farão doações nada desinteressadas para a entidade. Em troca a entidade ficará responsável em vender uma carteirinha aos estudantes que lhes propiciam descontos e benefícios com essas empresas, felizes com a política de fidelidade barata.

Se olharmos o blog dessa gestão do DCE na internet, fica bem nítido o objetivo de beneficiar as empresas nas costas da entidade e dos estudantes. Lá eles dizem: "Os empresários ganham acesso à uma rede de mais de 30 mil estudantes, entre alunos de graduação e pós, podendo divulgar sua marca e aumentar seu volume de vendas e a fidelização de clientes!". O objetivo é claramente abrir espaço pras empresas na universidade, transformando a entidade de luta dos estudantes em um agente facilitador de mercado.

A empresas que se beneficiam desse financiamento são imobiliárias, livrarias, bares, veterinários, dentistas e até fast foods, como o McDonald’s. Sim, o McDonald’s que, no 8 de março, colocou apenas mulheres para trabalharem num dia marcado pela luta por direitos e emancipação da exploração. A mesma rede internacional de fast food que no mundo explora vilmente a juventude, em especial negra, com salários miseráveis e uma jornada extensa e extenuante de trabalho.

A UJS, corrente majoritária da UNE e ligada ao PCdoB, que já demonstrou simpatia pelo golpista Rodrigo Maia em um de seus congressos, agora impulsiona a pré-candidatura de Manuela D’Ávila, que já declarou disposição de aliança com o MDB (ex-PMDB) de Temer para as eleições desse ano. Não à toa propõe vender a entidade dos estudantes para as empresas de braços dados com o coletivo Apenas Alunos, que possui membros do Movimento Brasil Livre (MBL) e que votou com a reitoria para retirar o processo de eleição para representação discente no Conselho Universitário (CONSU) da mão dos estudantes no fim do ano passado, provando desde então estar a serviço de atacar a autonomia política dos estudantes. O Clube DCE é parte dessa sua política a serviço dos interesses da reitoria, contra os estudantes.

Diferente do que a atual gestão possa dizer, de onde vem o dinheiro que financia a entidade dos estudantes diz muito sobre o conteúdo da política de uma organização, partido, instituição pública ou entidade. Depender do lucro privado de empresários impede que os estudantes possam ter uma entidade que esteja a serviço de um outro projeto de universidade. Enquanto os trabalhadores são demitidos, terceirizados, bolsas estudantis vinculadas à critérios meritocráticos de progressão de curso e cortadas, a Unicamp auxilia que grandes empresas ampliem seus lucros através de pesquisas que nada dizem respeito aos interesses da população. É possível hoje pensar uma universidade ligada aos trabalhadores e à juventude de fora da universidade, como pensaram os universitários franceses de maio de 68, cujas pesquisas se voltem para as demandas mais sensíveis da população e dos trabalhadores de Campinas.

Apesar de 13 Centros Acadêmicos se colocarem contra esse financiamento da entidade através da iniciativa privada, a gestão "Apenas Alunos" impôs a proposta arbitrariamente. O argumento foi de que o processo já estava em curso e que era uma decisão da gestão, mesmo com a negativa de 13 CAs, dos 14 presentes. O que demonstra a concepção de gestão dessa chapa que se diz “independente, plural e presente”: um grupo eleito que não se preocupa com a opinião do conjunto dos estudantes e representações estudantis, a serviço de violar a independência financeira e política da entidade para se encastelarem com os recursos dos lucros capitalistas.

Enquanto estudantes, é muito importante que construamos uma entidade independente das empresas no seu financiamento, principalmente quando precisamos organizar nossa revolta contra o assassinato de Marielle Franco, o aumento do bandejão e os ataques aos trabalhadores da universidade, por parte da reitoria.

É organizando a luta por Marielle, transformando toda a revolta e indignação que sentimos em organização, que conseguiremos criar uma força real de estudantes capazes de avançar contra os ataques da reitoria e de seus aliados na gestão do DCE, assim como almejar, como os estudantes de 68, um novo projeto de universidade. Há um grande movimento, internacional inclusive, com os professores e servidores na cidade de São Paulo e os metalúrgicos da Zona Leste, por onde podemos nos apoiar para dar um salto na nossa mobilização contra essa execução que fez o país tremer, a intervenção federal e a violência policial, apesar da pouca vontade do DCE.

 
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