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8M - USP
Por um feminismo revolucionário: Pão e Rosas reúne mais de 50 estudantes em atividade na calourada da USP
Laura Scisci

Na última quarta-feira, dia 28/02, o grupo de mulheres Pão e Rosas realizou, dentro do calendário da calourada unificada do DCE Livre da USP, a oficina aberta “Quem não se movimenta não sente as correntes – por um feminismo revolucionário”.

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Na última quarta-feira, dia 28/02, o grupo de mulheres Pão e Rosas realizou, dentro do calendário da calourada unificada do DCE Livre da USP, a oficina aberta “Quem não se movimenta não sente as correntes – por um feminismo revolucionário”. A atividade ocorreu no vão da História e Geografia, na FFLCH, e contou com a presença de mais de 50 calouros, ingressantes nos cursos de Letras, História, Ciências Sociais, Pedagogia, Direito, entre outros.

No formato de uma roda de conversa, a oficina foi dividida em alguns momentos. Inicialmente, os presentes se apresentaram e dividiram sua experiência com o feminismo e a importância do mesmo em suas vidas. Em meio a vários relatos emocionantes, os calouros, em sua maioria jovens mulheres ingressantes no ambiente universitário, compartilharam experiências pessoais, situações de opressão vividas que as fizeram questionar as relações de machismo presentes dentro estruturas familiares e afetivas, e que as levaram a se apropriar da discussão da questão da mulher, sobretudo a partir do fenômeno recente que se tornou conhecido como “Primavera Feminista”, bem como determinaram seu interesse pelo movimento feminista dentro da universidade.

Nosso objetivo foi conhecer cada uma dessas experiências e introduzi-las dentro de uma reflexão maior, entendendo que o contexto de opressão à mulher não se dá de maneira isolada e individual em nossas vidas, mas compõe toda uma estrutura histórica de exploração e violência física, subjetiva e material imposta pelo sistema capitalista, que nega à mulher o direito ao próprio corpo, a condições dignas de trabalho, à sua própria subjetividade e deturpa as relações humanas pelo espectro da competitividade. Em pouco mais de 1h30 de atividade, a discussão foi ampla e participativa, e abrangeu diversos temas relacionados à questão da mulher, de maneira a construir um diálogo permeado por falas, colocações e dúvidas dos que estavam presentes.

O Pão e Rosas pôde se colocar como uma agrupação internacional de mulheres, construída em diversos países na América Latina e no mundo, com a força e moral de lutar contra as cadeias de opressão e violência à todas as mulheres dentro do capitalismo, batalhando pelo fim deste sistema que nos violenta, adoece e mata cotidianamente, e por um feminismo verdadeiramente revolucionário. Explorando as perspectivas da luta das mulheres dentro e fora da USP, o maior pólo de produção conhecimento do país, nos colocamos como uma alternativa independente dos patrões e dos governos, em aliança com a classe trabalhadora, a única que pode de fato transformar a sociedade em que vivemos.

Lutamos por um feminismo anticapitalista e revolucionário, que tenha o potencial de libertar e transformar a vida de todas as mulheres. Nesse sentido, também pudemos dividir com os calouros a necessidade de que a nossa luta enquanto mulheres não se restrinja somente às pautas do movimento estudantil e possa fazer parte da vida das inúmeras mulheres que entram todos os anos na universidade não para estudar, mas para trabalhar em condições extremamente precárias e desumanas, como se observa no processo crescente de terceirização dos bandejões universitários e serviços de limpeza nas faculdades.

Após compartilhar a experiência apaixonante das mulheres russas que, em 1917, tomaram o céu de assalto e encabeçaram o processo revolucionário, tornando acessível a todas o direito ao aborto e ao divórcio – direitos tão básicos que são negados até hoje a muitas mulheres no mundo, devido ao retrocesso trazido pelo sistema capitalista –, foi possível demonstrar a força indomável e estremecedora da luta das mulheres, que tem o potencial revolucionário de fazer ecoar nossas vozes e nos colocar como sujeitos da política nacional.

A dinâmica do sistema capitalista e a ideologia burguesa dominante quer nos dividir, silenciar e nos tornar impotentes frente a tantos ataques na conjuntura nacional do governo golpista de Temer, como é por exemplo a intervenção militar no Rio de Janeiro, que só impõe mais dor às mães e trabalhadoras negras da cidade, ou a reforma da Previdência, que, com seu caráter machista e racista, reduz ainda mais os direitos trabalhistas já precários das mulheres no Brasil. Neste cenário, é iminente a importância de nos organizarmos num plano de lutas concreto para que o grito de uma seja o de milhões, para que batalhemos para pôr um basta a esse sistema de opressão e exploração. Não pedimos, exigimos um Plano Nacional de Emergência contra a violência às mulheres!

Reforçamos o chamado a todos para que se somem ao ato do dia 8 de março às 12h, em frente ao bandejão central da USP, contra a terceirização que aprofunda o processo de desmonte da universidade, e também para que se somem ao bloco do Pão e Rosas no ato do 8M, no Dia Internacional das Mulheres. A todas as novas alunas que este ano adentram a universidade, estendemos o convite para que conheçam o Pão e Rosas e construam esta luta conosco, lutando pelo direito de todas as mulheres ao pão, mas também às rosas, ou seja, pelas condições básicas de nossa sobrevivência, mas também pelo direito à poesia, à cultura, à arte e todas as possibilidades de nos desenvolvermos plenamente enquanto mulheres.

 
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